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Adilson Roberto Gonçalves

Pesquisador científico em Campinas-SP

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Matemágica para uma impossível terceira via

"Mudar o nome da roupagem da direita não muda os fundamentos desses neoliberais supostamente descontentes com o bolsonarismo"

Simone Tebet e João Doria (Foto: ABr)
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Jornalistas de falso calibre querem manter o milagre da terceira via, tendendo mais ao resgate da religiosidade do que à lógica. Merval Pereira inovou ao propor um segundo turno com três candidatos, tudo para que um dos ungidos da imprensa pudesse figurar a fórceps na lista de pretensos escolhidos, mesmo que tenha menos votos do que brancos e nulos e, se a eleição fosse hoje, cerca de 10% dos votos dados para o primeiro colocado. E olha que o atual presidente da Academia Brasileira de Letras nem está cogitando de ser Ciro Gomes esse terceiro elemento.

Por sua vez, a iminente judicialização no PSDB para definir o respeito ou não às prévias para escolha de candidato explica a debandada no ninho tucano. Não por menos, figuras históricas abandonaram o partido, declararam voto em Lula ou se recluíram em ensurdecedor silêncio. O tradicional partido do muro está agora em um fosso do qual não sairá.

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Mas na abundância de fórmulas matemágicas, reconheço que tive o privilégio de viver para ler o ateu Hélio Schwartsman declarar sua crença no milagre da matemática que salvaria uma inexistente terceira via. Ele propõe a votação em todos os candidatos, pontuando-se cada um ao invés de apenas escolher. Depois os pontos, e não os votos, seriam somados para saber o vencedro. Meu caro jornalista e filósofo, mudar o nome da roupagem da direita não muda os fundamentos desses neoliberais supostamente descontentes com o bolsonarismo. Mas votar em mais de um candidato para a Câmara Federal e Assembleias Estaduais isso, sim, poderia dar mais representatividade para o eleitor, como acontece na eleição para o Senado. Porém, isso é outra história, já cogitada e proposta, sem chance de prosperar.

Até Eduardo Suplicy, meu sempre senador, tentou resgatar por esses dias projeto antigo seu de referendo revogatório, com o argumento de que o político deve ser julgado pelo povo. Não se relaciona, obviamente, com a inexistente terceira via, mas não deixa de ser uma alternativa à falta de instrumentos para se remover um indesejado do poder. A questão do impeachment seria levada aos eleitores de forma semelhante a um plebiscito e funcionaria no sentido de coibir a dormência no parlamento, a que levou ao engavetamento de mais de uma centena de pedidos de impeachment do atual despresidente. No entanto, entendo que o referendo revogatório é eficiente no parlamentarismo. Em nosso sistema presidencialista, o ideal seria tirar o poder de iniciar o processo de impedimento das mãos de apenas uma pessoa - o presidente da Câmara dos Deputados - transferindo a decisão para uma comissão ou colegiado dentro do parlamento. A questão será sempre política, não há dúvidas, e a parte criminosa é secundária. Um presidente comprovadamente criminoso se mantém no poder; a presidente comprovadamente inocente foi de lá retirada.

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