Mauro Cid não é qualquer delator
Com o sigilo da delação aberto, acabaram as dúvidas. O coronel Cid não entregou o capitão de bandeja
Logo após a denúncia encaminhada pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas do seu grupo de confiança, começou a guerra das narrativas, que, pelo jeito, vai seguir ao longo do ano. Dois anos de apuração de um trabalho incansável da Polícia Federal resultaram em um inquérito com muita informação para que os procuradores pudessem chegar a um entendimento sobre a gravidade do caso. Claro que, pela repercussão e desdobramentos, todos os fatos apurados devem ter passado por uma apuração rigorosa.
Os aliados do ex-presidente não se conformarem com o resultado faz parte do jogo. Num juízo de valor político, tumultuar o Congresso como estão fazendo é um tiro no pé. A credibilidade da sociedade em relação aos políticos em geral é muito baixa. Quem está tomando conta das atenções por lá é o ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino. Com legitimidade, pautou temas que o Congresso se esquiva de discutir, mas que estão em total sintonia com a opinião pública. Quem de nós não quer saber sobre as emendas parlamentares suspeitas? Flávio Dino também colocou o dedo na ferida ao apontar para as benesses existentes nos Três Poderes da República, que são indefensáveis aos olhos da população. Sem dúvida, os congressistas precisam estar mais atentos ao que fazem.
Por outro lado, as narrativas dos que protegem os envolvidos nas denúncias da PGR deixam o coronel Mauro Cid mal na foto. Se sair na rua, corre risco. Já solicitou, como contrapartida na delação premiada, segurança para si e seus familiares. A pergunta, no meio de tanta versão, é saber melhor quem, afinal, é o coronel Mauro Cid. Para quem acompanha o caso, Cid, na foto acima, é a pessoa mais próxima do ex-presidente. Os apoiadores do golpe, ao demonizá-lo, se esquecem de que o coronel Cid não é qualquer delator. O coronel é um fiel cumpridor de ordens, escolhido a dedo. Um militar, filho de general, moldado para tarefas especiais, treinado para suportar qualquer tipo de pressão.
Com o sigilo da delação aberto, acabaram as dúvidas. O coronel Cid não entregou o capitão de bandeja. As informações que ele detinha já eram do conhecimento da PF. Nem passou por grandes pressões, como agora querem nos fazer pensar. A possibilidade de a delação ser inviabilizada por ter sido obtida de forma ilícita não se sustenta. O que o coronel Cid fez foi esclarecer as reuniões, encontros, recomendações, resoluções, atas e gravações que estavam no celular e no seu computador. Nada foi inventado, tudo aconteceu. Simples assim.
Agora que o seu depoimento se tornou público, é muito difícil as narrativas sobreviverem aos fatos. Claro que, nas redes sociais, algumas pesquisas sob encomenda, influencers e políticos tentarão manter o assunto. Só que, com o tempo, a tendência é que a exposição sobre o ocorrido no governo passado vá perdendo a atenção do público. O ano de 2025 só começou, mas nos reserva fortes emoções. A princípio, o rito do processo dos envolvidos no golpe contra a DEMOCRACIA não deve sofrer interrupções. Os prazos serão observados e o amplo direito à defesa assegurado. Independentemente do resultado final, algo de positivo aconteceu: quem quiser dar golpe vai pensar duas vezes. O Brasil não é uma republiqueta.
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