CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Tereza Cruvinel avatar

Tereza Cruvinel

Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.

1003 artigos

blog

Meirelles e a canoa furada: não há espaço para o continuísmo golpista

"O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ocupou o programa de TV do PSD nesta quinta-feira para falar bem de si mesmo. Numa demonstração espantosa de miopia política e ilusionismo, ele quer ser o candidato do governo a presidente em 2018 e acha que pode ter alguma chance. É um caso de salto voluntário na canoa furada", avalia a colunista do 247 Tereza Cruvinel sobre a aventura eleitoral do ministro da Fazenda de Michel Temer; "Meirelles, rejeitado por 75% dos entrevistados pela recente pesquisa Ipsos, insistindo na candidatura sem futuro corre o risco de perder seu único trunfo, o aval do mercado como gestor da agenda do golpe", diz ela

Henrique Meirelles e Michel Temer  (Foto: Tereza Cruvinel)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

       O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ocupou o programa de TV do PSD nesta quinta-feira para falar bem de si mesmo. Numa demonstração espantosa de miopia política e ilusionismo, ele quer ser o candidato do governo a presidente em 2018 e acha que pode ter alguma chance.  É um caso de salto voluntário na canoa furada.  A vida real e as pesquisas mostram que o sinal está fechado para qualquer forma de continuísmo golpista/governista, e este sentimento prevalecerá,  ainda que o candidato favorito, o ex-presidente Lula, seja impedido de concorrer.  Evidência disso são o favoritismo de Lula, seguido de Bolsonaro, a rejeição abissal a Michel Temer e a ampla reprovação a seu governo e aos partidos que o apoiam. A opção pela mudança e a disposição para dizer não ao golpe só não serão confirmadas nas urnas se for imposta alguma variante de golpe.          

         Diferentemente de Geraldo Alckmin,  que se afastou de Temer, embora deseje o horário eleitoral do PMDB, Meirelles não falou em seu chefe no programa do PSD. Mas afirmou, em conversa com jornalistas,  que ele pode ser um bom cabo eleitoral.   Se acredita mesmo nisso,  até o mercado, que o bajula, vai assinalar que lhe falta o mínimo de tino político para aspirar à Presidência.   No programa do PSD, sem declarar-se candidato,  apresentou-se como salvador da lavoura,  capitalizando a queda da inflação e dos juros mas omitindo a profundidade que a recessão alcançou desde que se tornou ministro da Fazenda, bem como o agravamento da situação fiscal, expressa no dificit de R$ 159 bilhões previsto para este ano e para 2018.  Insistiu na ideia de uma terceira via entre Lula e Bolsonaro, ao dizer que deseja o “reencontro dos milhões de brasileiros que são maioria e que não estão nos extremos do ponto de vista político e ideológico".

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

         O problema, tanto para Meirelles como para Geraldo Alckmin, é que  matematicamente a maioria dos votos disponíveis já migraram para um polo e para o outro, como demonstra Marcos Coimbra,  diretor do Instituto Vox Populi, em recente análise na revista Carta Capital.   Ele recorda que Lula e Bolsonaro juntos, dependendo do instituto que fez a pesquisa,  já abocanharam  entre 50% e 60% dos votos. Somando-se a este contingente  pelo menos 15% de votos nulos e brancos, uma estimativa até moderada diante da rejeição popular aos políticos e da descrença no sistema,  teremos um total de 65% a 75% de votos com destino certo.   E como Lula e Bolsonaro ainda podem crescer, diz Coimbra, isso significa que serão cada vez  menores “as chances de terceiras vias”.   Faltando 10 meses para a eleição, os votos disponíveis para a pescaria já estão muito reduzidos, não perfazendo 50%.   Daí que, nas condições atuais, não existe a menor possibilidade de que um candidato governista, ligado a Temer, defensor do golpe e de suas políticas, chegue ao segundo turno.

         Por isso mesmo as forças governistas empinam balões de ensaio e procuram no caldeirão dos casuísmos alguma fórmula que favoreça o continuísmo golpista. Entre elas, esta que parece delírio mas frequenta algumas cabeças: a da candidatura do próprio Temer, para governar sob um novo sistema de governo, o semipresidencialismo, sob o argumento de que é preciso evitar o perigo dos extremos e concluir a transição para outro modelo político.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

         Hoje mesmo, na conversa de final de ano com os jornalistas, ele mais uma vez voltou a falar em semipresidencialismo ao dizer que governou informalmente sob este sistema “sem perder a autoridade”.  A falar na coisa, trata ele de colocar a palavra em circulação, de despertar interesse sobre seu significado e quem sabe conquistar apoios para uma variante golpista.

           Meirelles, rejeitado por 75%  dos entrevistados pela recente pesquisa Ipsos,  insistindo na candidatura sem futuro corre o risco de perder seu único trunfo, o aval do mercado como gestor da agenda do golpe.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO