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Jeferson Miola

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Mensagem de grupo terrorista a uruguaios que não votarem contra a Frente Ampla é enviada de celulares do Brasil

"A soberania popular uruguaia está sendo alvejada pela mesma guerra cibernética que a extrema-direita, na campanha eleitoral de Jair Bolsonaro, desfechou no Brasil em 2018 para derrotar o candidato petista Fernando Haddad", denuncia Jeferson Miola, de Montevidéu

Primeiro turno das eleições no Uruguai (Foto: REUTERS/Mariana Greif)
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De Montevidéu, Uruguai - Mensagem de grupo terrorista contendo ameaças de morte a uruguaios que não votarem no diretista Lacalle Pou, do Partido Nacional, está sendo enviada massivamente através de números de WhatsApp do Brasil.

A mensagem ameaça os destinatários e seus familiares. Começa conclamando “Todo nosso apoio a Lacalle e Manini”.

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Manini, no caso, é Guido Manini Ríos, o general que foi demitido pelo presidente Tabaré Vázquez do comando das Forças Armadas [FFAA] do Uruguai em março deste ano por ocultar torturadores e encobrir violações de direitos humanos da ditadura militar [1973/1985].

Nos 5 anos à frente das FFAA, Manini usou o cargo para construir sua carreira política. Após a demissão, imediatamente, no mesmo mês de março, ele criou o Cabildo Abierto, partido de recorte fascista que enaltece o militarismo, defende valores ultra-direitistas e é adepto do fundamentalismo religioso evangélico [aqui].

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Com o Cabildo Abierto, Manini concorreu à presidência e teve um desempenho meteórico com 11% dos votos empregando uma retórica bolsonarista, reacionária e anti-Frente Ampla. A maioria dos seus votos, não por acaso, foi obtida na fronteira com o Brasil, devido à proximidade com o bolsonarismo e igrejas evangélicas.

Assinada pelo denominado “Comando Barneix”, a mensagem – que faz uma citação bíblica –, tem o seguinte conteúdo [traduzido ao português e reproduzido com os trechos destacados em negrito na mensagem original]:

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Todo nosso apoio a Lacalle e Manini.

No domingo se define o futuro da nossa Pátria.

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Temos que votar em Lacalle como presidente com o apoio do nosso Comandante Geral do Exército Guido Manini Ríos.

Sabemos quem você é e contamos com seu voto e o da sua família para salvar a Pátria. É uma ordem.

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As ordens devem ser acatadas, e quem quem não as acata é um traidor. Sabemos como tratar os traidores.

A única opção é vencer. Antes cair de costas que de ajoelhado.

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Pelo alento de Deus perecem, e pela explosão da sua ira são consumidos.
Jó 4: 9

Seguimos em contato.

Aguarde novidades.

Começamos a voltar.”.

O Comando Barneix, que assume a autoria da mensagem, é um grupo terrorista formado depois que o general Pedro Barneix cometeu suicídio em 2015, após condenado pelo envolvimento no assassinato de um simpatizante da Frente Ampla, em 1974.

No seu comunicado de lançamento, o Comando Barneix declarou que “o suicídio do general Barneix não ficará impune, não se aceitará nenhum suicídio mais por processos injustos. Para cada suicídio, de agora em diante, mataremos 3 eleitos aleatoriamente da seguinte lista” – e apresentou uma lista com 13 nomes que incluía ministros de Estado, juízes e ativistas de direitos humanos.

Pelo menos 3 números de telefones celulares do Brasil que emitiram a mensagem foram identificados até o momento dessa reportagem: o 098-8766.4377, cujo código de área indica a região de São Luís, no Maranhão; o 085-8830.1258, área de Fortaleza, no Ceará; e o 024-98867.7753, que abarca as cidades de Angra dos Reis, Areal, Barra do Pira e Barra Mansa, no estado do Rio de Janeiro.

A soberania popular uruguaia está sendo alvejada pela mesma guerra cibernética que a extrema-direita, na campanha eleitoral de Jair Bolsonaro, desfechou no Brasil em 2018 para derrotar o candidato petista Fernando Haddad.

O Uruguai pode estar no centro de uma espécie de “Operação Condor digital”. A eleição pode não estar transcorrendo dentro das regras democráticas, porque uma brutal fraude, operada no subterrâneo das redes sociais e das mídias digitais, tal como aconteceu no Brasil, pode estar sendo processada para interferir na eleição e no exercício autônomo e independente do voto popular.

Faz-se imperiosa, em razão disso, a ação enérgica das autoridades uruguaias, em associação com organismos internacionais como a CIDH [Comissão Interamericana de Direitos Humanos] e as Nações Unidas, para identificar os autores desse atentado e para interromper a interferência, no que ainda for possível, deste grupo terrorista no processo eleitoral do país.

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