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Pedro Simonard

Antropólogo, documentarista, professor universitário e pesquisador

92 artigos

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Mercado da morte

O governo Bolsonaro e seus apoiadores continuam a gastar o erário público de maneira irresponsável e a surpreender negativamente o Brasil

(Foto: Reprodução)
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O governo Bolsonaro e seus apoiadores continuam a gastar o erário público de maneira irresponsável e a surpreender negativamente o Brasil. Notícias recentes dão conta de que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) esteve em Washington em janeiro para, segundo especulações, participar de reunião da extrema-direita que organizou a invasão do Capitólio pelos apoiadores de Donald Trump. O serviço secreto dos EUA já trabalha com esta informação. O deputado bravateiro pode sofrer sanções sérias da justiça estadunidense por participar de trama terrorista contra as instituições dos EUA.

Em visita a Uberlândia, Jair Bolsonaro, o genocida que já está começando a ser tratado como risco, quiçá como criminoso mundial declarou em uma aglomeração de apoiadores, todos sem máscara, que “idiotas” querem que ele compre vacina e ele respondeu que só se fosse  na casa da tua mãe” porque não tem vacina para vender no mundo. Ainda tem. Pode não ter em grandes quantidades, mas tem. Não tem no Brasil porque ele não quis comprar. Essa declaração serviu para desviar as atenções das tramoias de seu filho, senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), o Willy Wonka tropical, metido em mais um negócio duvidoso: a compra de uma mansão por 6 milhões de reais, embora não tenha nem renda nem patrimônio para adquirir a casa à vista, nem para justificar um financiamento habitacional desta monta. A nova negociata do senador gerou mal-estar mesmo entre bolsonaristas mais ferrenhos. A declaração de Bolsonaro em Uberlândia caiu como uma bomba no dia em que o país batia mais um triste recorde de mortes por Covid-19. A pandemia sem controle e o presidente mais preocupado em proteger sua famiglia.

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Para piorar a semana de Bolsonaro, pesquisa sobre potencial de votos realizada pelo instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC) revela que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria eleito presidente no primeiro turno, se as eleições fossem hoje.

A semana ainda nos apresentaria mais uma farra com dinheiro público. Comitiva liderada pelo ministro das relações exteriores, Ernesto Araújo, da qual Eduardo Bolsonaro fez parte, viajou para Israel para tentar comprar um spray que seria “eficaz” contra a Covid-19. O detalhe é que o tal remédio só foi testado em 30 pessoas até agora. Isso por si só já deveria ser o suficiente para evitar a viagem e a farra com dinheiro público. Mas tinha mais: o spray israelense foi desenvolvido para tratar câncer de ovário e está sendo testado para Covid-19!  Não há eficácia cientificamente comprovada, mas, mesmo assim, Bolsonaro quer desperdiçar dinheiro público na sua aquisição. Novo escândalo cloroquina. 

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A USP está desenvolvendo um spray contra o coronavírus, apesar de todo negacionismo e corte de verbas para apoio à ciência. O Instituto Vital Brazil e o Instituto Butantan estão desenvolvendo soro para combater a doença, apesar de todo o negacionismo e corte de verbas para apoio à ciência. Mas o governo do tosco prefere mandar dinheiro para fora do Brasil para adquirir medicamentos sem comprovação de eficácia, dinheiro que Paulo Guedes diz que não há.

Bolsonaro se mantém no governo e ainda consegue contar com o apoio de cerca de 1/3 dos eleitores devido a dois fatores. O primeiro, porque segue à risca o método de desinformação difundido por Steve Bannon segundo o qual é preciso dar declarações polêmicas diárias, mesmo que absurdas, contraditórias e mentirosas para ocupar espaço no noticiário. É a versão moderna do velho falem mal, mas falem de mim.  A intenção é criar fatos que desviem a atenção e deixem menos espaço para a crítica ao governo e às ações que impactarão negativamente a vida dos trabalhadores. Quanto mais absurdas forem essas declarações, melhor elas cumprirão seus objetivos. Ele utiliza este método para manter sua base social motivada e pronta para apoiá-lo.

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O segundo fator que sustenta Jair Bolsonaro é o apoio do mercado, abalado desde a demissão de Roberto Castello Branco da presidência da Petrobras. Castello Branco agradava ao mercado com sua gestão contra os interesses do povo, mas favorável aos acionistas.

CEOs de bancos e corretoras de investimentos não se preocupam com a situação econômica da classe trabalhadora, muito menos com as mortes causadas pela pandemia, desde que os lucros continuem aumentando. Quando o Brasil atingiu a marca de 7 mil mortos, a XP Investimentos elogiou a atuação do governo Bolsonaro no combate à Covid-19 e declarou que o pico da pandemia havia passado. 

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Ficaram preocupados quando o auxílio emergencial de 600 reais começou a ser pago e festejaram quando deixou de ser.

Recentemente, a XP Investimento divulgou um relatório demonstrando preocupação com a aprovação da PEC Emergencial no qual defende a manutenção do teto de gastos. O dinheiro do mercado seria “desviado” para salvar vidas e isso seria mal visto pelos “investidores”. 

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O mercado negocia cadáveres em troca de lucros que serão acumulados pelos 1% mais ricos.

No momento, a lua de mel entre o mercado e Bolsonaro está passando por uma fase de “dr”. Os interesses de ambos estão conflitantes. Bolsonaro sabe que só conseguirá se reeleger se conseguir liberar algum dinheiro para os trabalhadores mais pobres. O mercado quer esse dinheiro para o jogo especulativo. Por isso insiste que, se não puder ser evitado, o auxílio emergencial não ultrapasse 200 reais. 

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Empresas grandes e pequenas estão quebrando. O mercado financeiro comemora lucros na casa dos bilhões. 

O mercado negocia e transaciona com a morte. As margens de lucro devem prevalecer e serem preservadas. Bolsonaro ainda consegue assegurar a lucratividade para os especuladores que o toleram por causa de Paulo Guedes. Resta saber até quando esta relação estremecida poderá ser sustentada. Seu fim significaria o fim de Bolsonaro, cuja base popular de apoio vem se esfacelando diariamente. 

P.S.: Precisamos defender uma reforma constitucional que substitua o impeachment, instrumento utilizado pelas oligarquias que compõem a burguesia neocolonial para retomar o controle do poder, pelo recall, instrumento que coloca nas mãos do povo a destituição daqueles que ele mesmo elegeu.

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