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Washington Araújo

Jornalista, escritor, professor da UnB, tem 17 livros sobre mídia e direitos humanos. Autor do blog de jornalismo e cultura Cidadaodomundo.org

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Meu álbum de figurinhas da Copa

No meu álbum não vejo apenas figurinhas. Não. O que tenho diante de meus olhos é mais que suficiente para ne aguçar a mente: vejo em toda a sua grandeza um sensacional encontro de civilizações

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Meu álbum da Copa segue por cima de pau e de pedra, falta de tempo, muitas repetidas, corridas a bancas de jornais, mas faço isso de forma diligente, com gosto de gás e um certo sentimento de missão.

É um paciente e prazeroso trabalho esse de me apresentar a cada figurinha que me olha com um misto de curiosidade e um certo respeito reverencial por virem, dentro de algumas semanas, disputar no Brasil o campeonato mundial de um esporte em que o anfitrião é simplesmente pentacampeão. Que me perdoe Pelé, mas não é ele o sempre autoincensado rei do futebol. O Brasil sim é que é o Rei Absoluto do Futebol.

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A cada foto que colo no álbum uma nova amizade e a lembrança que o Brasil será anfitrião da cada um deles. Não apenas de seus corpos quase sempre atléticos e disciplinados. O Brasil será anfitrião da histórias de seus países, da vivacidade de suas crenças, da força de suas ideias, dos valores civilizatórios que seus antepassados ergueram ao longo de séculos e milênios.

No meu álbum não vejo apenas figurinhas. Não. O que tenho diante de meus olhos é mais que suficiente para ne aguçar a mente: vejo em toda a sua grandeza um sensacional encontro de civilizações. Desde a dos iranianos, um país que desrespeita cruelmente o direito à liberdade de crença, mas que tem uma história de vários milênios, berço de poetas notáveis como Rumí, Ferdowsí e Hafîz e de gênios absolutos como Avicena... até à Nigéria, país que sofre com o sequestro de suas crianças, mas integra um continente luminoso, berço de campeões na luta como o racismo, como Maulana Karenga, Steve Biko e Nelson Mandela e de onde surgiram luminares dessa ancestralidade como Rosa Parks e Martin Luther King Jr.

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No meu álbum promovo um encontro de culturas aparentemente díspares como aquela do consumismo desenfreado dos Estados Unidos com aquela dos excessos da polícia do Reino Unido que matou Jean Charles, mas também a formidável cultura de uma nação que sedia todos os anos a Assembleia-Geral das Naçōes Unidas em New York, com os representantes da mais longeva realeza europeia, a dos britânicos, uma nação em que a sua rainha Vitória recebeu ainda no século XIX a piderosa mensagem divina trazida pelo Prisioneiro de Akká, na antiga Palestina.

No meu álbum celebro diferentes - e nem por isso indiferentes - visões de mundo: desde os gregos que trazem em sua seleção jogadores exímios como Sócrates, Platão, Epícuro e Heráclito de Éfeso... até os alemães que escalam nada nenos que Hegel, Kant, Marx e Nietszche. Jogo duro. Certamente, mas tudo no campo das ideias e na eterna luta do homem para encontrar um sentido para a vida e respostas convincentes às velhas - e ainda muito atuais - questões de todo o sempre: Quem sou? De onde venho? Para onde vou?

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No meu álbum da Copa todos os jogadores parecem bem nutridos e todos me pareceram à primeira vista, muito bons de garfo. Também pudera! Eles se deliciam desde a mais remota infância de suas jovens vidas de iguarias singulares, sabores únicos, receitas que passam de geração a geração num infindável procissão de aromas e sabores. É um universo gastronômico que cekebra a beleza da diversidade na culnária humana.

No meu álbum tudo se encontra nos ditames do paladar: acos, tortillas e guacamoles com totopos dos mexicanos; sushi e o sashimi dos japoneses; empanadas e ceviche peruano; sopa de ervilhas holandesa (Erwtensoep); Betchu Kimchi dos coreanos; espaguetes putanesca e o carbonara dos italianos; estrogonofe dos russos; enchilladas colombianas; moussaka grego; dolmêh e o roresht badenjun dos iranianos; paella valenciana e gazpacho dos espanhóis; fricassê de frango e quiche lorraine dos franceses (ulalá!); bacalhau e costeletas de porco à moda do Minho de nossos ancestrais portuguêses; o suflê e o fondue de queijo dos suiços; as empanadas chilenas e suas cazuelas; o carneiro assado com molho de menta e vinagre dos australianos; os 1500 tipos diferentes de wurst (salsicha) alemães. E tudo isso para se reunir nos sabores brasileiros da feijoada carioca, o cozido nordestino, o arroz carretero com o tutu de feijão mineiro e, para fechar a temporada dis anfitriães, o tacacá manauara com um quentíssimo acarajé da Bahia de Todos os Santos. Ah, e não podia faltar o churrasco de nossos hermanos argentinos.

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Este é o meu álbum de figurinhas da Copa Brasil 2014.

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