“Meu amigo Haddad”
“Nós amamos você”.
“Não vamos deixar que você deixe de filmar no Brasil”.
Eu estava na cadeira 35 da letra M do Auditório Ibirapuera, ontem, em São Paulo, quando o prefeito Fernando Haddad disse isso aí na abertura da 39a. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, sinal de que leu a entrevista em que Hector Babenco anunciou, em primeira mão, há duas semanas, na Revista 24/7, que "Meu amigo hindu" era o último filme que faria no Brasil.
No entanto, nem o presidente da Ancine, Manoel Rangel, nem o ministro da Cultura, Juca Ferreira, endossaram as palavras de Haddad, nem a favor nem contra, ignoraram o fato de um dos poucos cineastas brasileiros de projeção internacional queixar-se de falta de condições para realizar um belo filme como esse.
Não vi o filme até o fim (tive que sair às pressas a chamado do meu filho, perdido no temporal, perdão, Babenco), mas até onde vi gostei muito e não digo isso porque o Babenco é um amigo querido. Estou sendo sincero com o filme tanto quanto ele o é com o espectador. É um dos filmes mais sinceros que já vi.
Também posso dizer que William Dafoe merece ganhar todos os prêmios de melhor ator porque seu desempenho é fantástico. E que o filme provoca risos e lágrimas sem ser comédia nem melodrama. Os diálogos são exatos e inteligentes. E o ritmo é de prender a respiração mesmo na hora das gags, que são muitas, como por exemplo: “No lugar do cinema foi construída uma igreja evangélica”.
Babenco devolveu o carinho que recebeu de Haddad com mais carinho também em público:
“Passaram muitos prefeitos de São Paulos nesses 39 anos da Mostra. E eu gostaria de dizer que eu respeito o prefeito Haddad”.
Eles só não se abraçaram e se beijaram porque o prefeito não estava no palco nessa hora.
Não tem nada a ver com o tema principal, mas notei que Juca Ferreira está usando um discreto brinco dourado na orelha direita. Deve ser o primeiro ministro que usa brinco no Brasil. O que não quer dizer absolutamente nada, cada um se enfeita como quer.
Só espero que o motivo que levou Rangel e Ferreira a meio que esnobarem o filme não seja o fato de ser falado em inglês, com legenda em português, porque seria um retrocesso inaceitável.
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