Meu querido Brasil tem um preso político
Havia agentes brasileiros competentes e preparados para o golpe; havia a mídia toda comprada; havia o decantado saber da CIA e o projeto testado com êxito no Paraguai, projeto de um golpe não mais militar mas político-jurídico, muito mais disfarçado e apoiado pela classe média urbana, que era sempre uma aliada em potencial, fascinada pelas realizações suntuosas do Grande Capital
Meu querido Brasil tem um preso político.
Depois de uma luta de vinte anos para restabelecer a democracia, ela foi mais uma vez golpeada.
Submetido a um processo político que se iniciou ainda no primeiro semestre de 2014, com a espionagem estrangeira sobre a Petrobras, nosso maior líder político, de envergadura internacional, que foi o único Presidente da República depois de Vargas que cuidou com prioridade do ataque à imoral injustiça social que é a grande nódoa da sociedade brasileira e seu maior obstáculo no processo de desenvolvimento, nosso maior líder, o Presidente Lula recebeu ordem de prisão, por supostamente possuir um apartamento e um sítio cuja propriedade não é dele.
Juridicamente, ou inocentemente, parece um absurdo, mas politicamente não é.
Lula, sua sucessora Dilma e seu partido PT cometeram graves ofensas ao poder do Grande Capital, que domina e rege o mundo ocidental. O Brasil, sob sua gestão (de Lula), descobriu imensas reservas de petróleo e pretendeu que a sua exploração fosse feita sob o controle da grande empresa brasileira, a Petrobras, que conseguiu dominar a melhor tecnologia e localizar a jazida. Ao mesmo tempo (de Lula), as empresas brasileiras de engenharia se projetaram no mundo com reconhecida competência e passaram a ganhar grandes obras antes sempre contratadas com empresas do Grande Capital. O Brasil, sob sua gestão (Lula), aproximou-se mais dos vizinhos sulamericanos e naturalmente liderou um processo de emancipação do subcontinente; fez crescer muito, ademais, sua presença internacional na África e na Ásia, chegou a coordenar, com a Turquia, um acordo com o Iran sobre seu projeto de energia atômica, acordo anulado pelo Grande Capital e logo em seguida realizado nas mesmas condições mas sem a nossa participação; o Brasil aliou-se a outras grandes nações dos BRICS para criar um Banco Mundial a e um FMI alternativos, que se dedicassem, com novas políticas, a uma ajuda mais efetiva para o desenvolvimento dos países pobres. O Brasil procurou, ainda, desenvolver, em acordos com a França e com a Suécia, estratégicas tecnologias militares de ponta (submarinos e aviões), com desdobramentos largamente aproveitáveis para o avanço decisivo da sua indústria. Enfim, sob a sua gestão (Lula, Dilma, PT) o Brasil começou a ficar um país importante no mundo, desvencilhando-se da tradicional condição de quintal do Grande Capital.
Isso era, no mínimo, um grande atrevimento. Não era absolutamente permitido no perigoso jogo de poder mundial. O processo tinha de ser revertido e o País castigado pelo seu atrevimento, pela sua ofensa. A grande empresa de petróleo, a Petrobras, devia sofrer danos catastróficos e ser desmoralizada, o mesmo acontecendo com as empresas brasileiras de engenharia que cresciam no mundo. Para um castigo mais eficaz e preventivo, devia se desmoralizar toda a Nação Brasileira, todas as suas instituições, aos olhos do mundo e dos próprios brasileiros.
Havia agentes brasileiros competentes e preparados para o golpe; havia a mídia toda comprada; havia o decantado saber da CIA e o projeto testado com êxito no Paraguai, projeto de um golpe não mais militar mas político-jurídico, muito mais disfarçado e apoiado pela classe média urbana, que era sempre uma aliada em potencial, fascinada pelas realizações suntuosas do Grande Capital.
O pretexto, a força motriz mobilizadora para o golpe seria a corrupção, a mesma de sempre, desde Getúlio Vargas com o “mar de lama”. A velha corrupção que os subdesenvolvidos não sabem praticar com a habilidade dos ricos, fazem-na muito mal.
E, pronto, aí está: consumado com pleno êxito; com a prisão de Lula fecha-se o ciclo do golpe, cumprem-se os objetivos: dilacerar a Nação Brasileira, tomar o seu petróleo e reduzi-la à histórica condição de quintal. Os brasileiros amantes do Norte, que importam esperma americano, abrem garrafas de champagne.
O povo custa um pouco mas compreende tudo, fica com raiva e lamenta: que falta faz Leonel Brizola! Eu faço refrão com o lamento do povo, deploro muito a ausência de um Brizola, e com a minha vivência acrescento outra lástima: que falta também faz um General Ernesto Geisel!
E relembro, com muita nitidez, a figura sábia e modesta do deputado mineiro Francelino Pereira, perplexo na indagação que ganhou manchetes durante a ditadura: meu Deus, que país é este?!
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