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Eric Nepomuceno

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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Meus respeitos a Jair Messias Bolsonaro

Eric Nepomuceno, Jornalista pela Democracia, diz reconhecer a "principal qualidade, ou melhor, a única e solitária qualidade" de Bolsonaro: "a coerência". "Uma vez presidente, vem honrando o que disse: destrói a floresta, isola os índios, agride direitos adquiridos, segrega minorias, destrói as artes e a cultura, liquida a entrega de assentamentos, enfim, Jair Messias age como um Bolsonaro em estado puro"

Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia - Meu avô paterno, o velho patriarca José Augusto Nepomuceno, era de uma elegância extrema, e no sentido mais amplo da palavra. Uma das muitas coisas definitivas que me ensinou é que uma pessoa digna deve saber reconhecer as eventuais qualidades até mesmo do seu pior adversário. 

Bem: nos dias de hoje, meu pior adversário atende pelo nome de Jair Messias Bolsonaro. E quero reconhecer sua principal qualidade, ou melhor, sua única e solitária qualidade: a coerência.

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Pois Jair Messias, em seu desequilíbrio irremediável, é – talvez justamente por isso – de uma coerência férrea. Até mesmo o fato de mentir, falsificar, recuar de posições fortemente anunciadas de maneira intermitente faz parte dessa coerência. 

Aos desavisados, dizer uma coisa e fazer outra, ou desdizer o que acabou de dizer, sempre com frequência espantosa, pode parecer, reconheço, incoerência. Só que não: Jair Messias é de uma coerência radical.

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Por exemplo: durante sua campanha eleitoral, jurou de pés juntos que em seu governo não haveria corrupção nem, claro, corruptos. Que seu ministério seria armado com base apenas e tão somente na alta qualidade técnica de seus integrantes. Que não voltaria nem debaixo de chuva de canivetes ao que chama de ‘velha política’.

Verdade seja dita: é mais fácil da minha janela desvendar minúcias do lado oculto da lua do que enxergar a alta qualidade técnica de absurdos como Abraham Weintraub, Damares Alves, Ernesto Araújo, Ricardo Salles, Onyx Lorenzoni, enfim, todos. 

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E o rigoroso combate à corrupção? 

Bem: Ricardo Salles é o ministro de Meio Ambiente condenado em primeira instância por manipular áreas de proteção ambiental e que acaba de ter tropeçado num pedido do Ministério Público para quebra de seu sigilo bancário por suspeita de enriquecimento ilícito. O ministro de Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi indiciado por desvio de verba eleitoral, entre outras façanhas. 

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E isso, claro, para não mencionar as estripulias do seu trio de filhos políticos e do próprio Jair Messias, que tiveram seus patrimônios multiplicados olimpicamente sem explicação razoável. 

Nem é preciso voltar à pergunta-chavão de ‘cadê o Queiroz?’. Basta perguntar de onde é que o trio, a começar pelo senador Flávio, tirou tanto dinheiro.

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Ah, quase esqueço que o Jair Messias deputado, quando questionado sobre o fato de receber auxílio moradia da Câmara mesmo sendo proprietário de imóvel em Brasília, respondeu com sua delicadeza costumeira que usava o dinheiro público ‘para comer gente’.

Incoerência entre o anunciado e a realidade? 

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Não, não: pura coerência com o valor da sua palavra, ou seja, nada. Com sua falta de noção, de dignidade, de sequer vestígios daquilo que meu avô chamava de vergonha na cara.

Bem, também tem a questão de não voltar às práticas da ‘velha política’. Uma dessas práticas mais comuns era a compra de votos de parlamentares, pela via da liberação de emendas ao orçamento. 

Era e continua sendo: para aprovar a reforma da previdência que liquida com direitos de décadas, foram espalhadas mais promessas que dinheiro, por certo. E se persistiu a ‘velha prática’, agora veio acrescida de uma novidade: o governo de Jair Messias prometeu rios de recursos, entregou arroios.    

Resumindo: não ter o mais remoto pejo de descumprir o prometido faz parte da coerência de Jair Messias. 

Há outras mostras mais palpáveis e, valha a reiteração, coerentes de quem é ele na sua verdadeira integridade.

Por exemplo: ao longo de sua longa vida de parlamentar insignificante, Jair Messias só se destacou, e ainda assim para quem dedica tempo a acompanhar excentricidades do nosso Congresso, por seus ataques destemperados a homossexuais, negros, mulheres em geral, e – atenção – aos índios. 

Bradou sempre impropérios sobre demarcação de terras indígenas, assentamentos rurais, reforma agrária, direitos de minorias – enfim, tudo aquilo que representa e conforma uma sociedade diversificada e implica a existência de uma coisa meio estranha e desprezível chamada de democracia. 

Uma vez presidente, vem honrando o que disse: destrói a floresta, isola os índios, agride direitos adquiridos, segrega minorias, destrói as artes e a cultura, liquida a entrega de assentamentos, enfim, Jair Messias age como um Bolsonaro em estado puro.

Afinal, basta lembrar o que Jair Messias disse quando de sua primeira genuflexão aos pés de Donald Trump, em março passado. 

Perguntado por jornalistas, depois do culto de vassalagem, sobre como pretendia construir um novo país, disse que primeiro iria destruir tudo.

E é dever de todos nós reconhecer que isso, ele vem cumprindo à risca. 

Coerência pura.

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