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Michel Zaidan

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Michel Foucault e o Brasil

O filósofo Michel Foucault é de longe um dos que mais influenciaram os autores brasileiros

Michel Foucault (Foto: Roberta Namour)

Dos autores contemporâneos franceses, o filósofo Michel Foucault é de longe um dos que mais influenciaram os autores brasileiros. Substituto de Sartre como pop star da filosofia francesa, a obra desse autor se divide em 3 fases bem distintas: a fase arqueológica, a fase genealógica  e a hermenêutica do sujeito. Alguns juntaram também a biopolítica e o biopoder. Embora haja controvérsias se está última não seria uma continuação da genealogia.

Na primeira,  nota-se uma profunda influência  do estruturalismo e da prospecção  de camadas geológicas de formas de pensamento (os epistemes) que se sucedem sem uma origem e o  fim identificados. Na segunda, é tematizado o poder. A analítica do poder. Não sua origem e fim. Mas sua mecânica. Na terceira é onde surge a figura do sujeito  ético, não assujeitado, como na analítica do poder. Fase consagrada a antiguidade clássica  e as filosofia socrática e helenista (estóicos e epicuristas). 

Na primeira, a ética  do cidadão  e do bom governo  da cidade.  No segundo, a ética  do súdito do império. Ética cosmológica. A fase de grande influência  sobre os estudos históricos, jurídicos e psiquiátricos  é  a fase genealógica, que associa conhecimento e poder. É que analisa as ciências  humanas da perspectiva nietzschiana da vontade de potência. Discursos  teóricos  que racionalizam  uma vontade  de dominação, dispositivos de poder, estratégias  políticas  que ajudam a configurar a subjetividade do indivíduo e o seu saber.

Os estudos sobre  o direito, a loucura, a fábrica, o hospital  e a escola são dessa fase: a sociedade  carcerária  e panóptica  que ajuda a criar  o indivíduo disciplinar e a sociedade  disciplinar, a partir do "olho do poder". Submeter  as instituições  judiciárias  e legais  a uma desconstrução  crítica, que punem o desvio, a anormalidade  é  utilizar a genealogia  foucaultiana. Não a hermenêutica do sujeito ou a arqueologia. A obra  de Foucault evoluiu do estruturalismo para  a história  e da história  para a filosofia.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.