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Leopoldo Vieira

Marketeiro em ano eleitoral e técnico de futebol em ano de Copa do Mundo

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(Michel, ma belle...

O fogo cruzado contra o vice, até a divulgação da "DR" de Temer pela imprensa, só deu a ele os argumentos necessários para escrever aquela carta. Bem que o tiro do segundo homem da República saiu pela culatra

Vice-presidente e articulador político do governo, Michel Temer, durante evento em Brasília. 06/08/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino (Foto: Leopoldo Vieira)
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Antes que comece a se jogar a criança fora junto com a água da bacia, no caso da carta do vice Michel Temer à presidenta Dilma, é preciso refletir por que ela foi escrita ao mesmo tempo em que o nome do ex-governador Sergio Cabral começa a ser ventilado nas lides peemedebistas à presidência do partido, e por que o deputado federal Leonardo Piciani, líder da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, ascende com forte candidato à presidência da Câmara caso tenha sucesso o ‪#‎ForaCunha‬, além dele ser o comandante da maioria da bancada do PMDB na tropa de choque do ‪#‎FicaDilma‬ e com já relativo sucesso. Razão, aliás, pela qual Eduardo Cunha fez a manobra quanto à instalação da Comissão do Impeachment, descredenciando o Colégio de Líderes e remetendo ao voto secreto de plenário a composição dela. É bom destacar que a última notícia é a de que os deputados federais do PMDB do Rio de Janeiro que ocupam cargos no primeiro escalão do governo Pezão estão retomando seus mandatos para enfrentar o Impeachment.

O momento é delicado e não pode ser medido só pelo entusiasmo da militância de esquerda com o ‪#‎ForaCunha‬. Temer é peça central no jogo e a pressão sobre ele deve ter como resultante que assuma uma posição firme a favor da legalidade e para que ponha para fora a lealdade política pró-ativa na derrota do golpe, como preza o artigo citado na carta enviada à presidenta. A questão não é quem, supostamente, embarcou ou não na derrubada do governo. É saber quem fica e atrasar e atrapalhar a ida dos que se antecipam na prancha da oposição. Isso não é namoro, como a carta dá a entender, é politica, em suas condições concretas, que deve ser muito bem feita, embora neste 08/12, o lugar-tenente de Temer, Eliseu Padilha, tenha dito que a carta é "DR", não rompimento. O governo está com 10% de aprovação no meio de um processo de Impeachment.

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(Dia desses um amigo chegou em casa de mala e cuia, havia rompido o relacionamento. Disse-lhe de pronto: mais trabalhoso do que trazê-las é as levar de volta. Bem aconselhado, pediu ao cônjuge que as carregasse do carro para dentro do ninho de amor, no dia seguinte).

Não é por que há uma guerra política posta que a esquerda passou, automaticamente, a ter maioria politica e social para governar sozinha. Observe-se o caso Venezuelano. Agora, que "Inês" está na UTI, são muitos os "cristãos novos" que dizem que será preciso negociar com empresários, dividir a oposição e buscar um centro político...Observe-se onde a aventura da ruptura unilateral com o PMDB, de qualquer maneira e sem cuidado, levou o governo na eleição da mesa diretora da Câmara, de onde emergiu a presidência de Eduardo Cunha. Daí, dá para imaginar o que pode acontecer caso todo o PMDB embarque na canoa de Eduardo Cunha. Então, sem essa de "já podemos romper com o PMDB".

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O fogo cruzado contra o vice, até a divulgação da "DR" de Temer pela imprensa, só deu a ele os argumentos necessários para escrever aquela carta. Bem que o tiro do segundo homem da República saiu pela culatra. E saiu, quiçá, porque uma nuance da intenção pode ter sido justamente esta. Ou a aposta na cabeça é a de que o peemedebismo vai às vias de fato e não desacelerar numa composição que envolva, por exemplo, os Picciani liderando a Câmara e Temer sendo preservado na presidência do partido até o "round" próximo à 2018, quando o cenário político pode ser outro?

Achar que Temer opera para ser presidente da República é tão sofisticado do ponto de vista analítico quanto o de que ele apenas gostaria de ser a pessoa a expressar a "tradição peemedebista" de estabilizar a democracia, discurso histórico do partido desde a abertura.

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O termômetro deste próximo ato será a escolha da Comissão do Impeachment e, sobretudo, se a votação do acolhimento ou não pelo plenário será em convocação extraordinária sem recesso parlamentar ou adiada para o ano que vem, quando Vem Pra Rua, Brasil Livre e outros agrupamentos facistóides avaliam conseguir organizar alguma manifestação de rua. Se o governo vencer, provavelmente haverá um "aggiornamento" e a liquidação natalina dos tucanos peemedebistas.

As manifestações convocadas pela Frente Brasil Popular para o dia 16 de dezembro são cruciais e o item 1.1 das deliberações de seu comando estão na linha justa: "buscar a construção da unidade entre todas as forças progressistas, inclusive liberais. Unificar todos que forem contra o golpe". Isso, somando-se o manifesto dos juristas, dos artistas, as declarações de Chico Buarque e Gilberto Gil, é muito valioso, porque espanta o fantasma da auto-suficiência, mas não se pode relativizar o combate no parlamento, que será o palco central da partida. Em nosso sistema, este é o modus operandi. Assim como não dá pra viver de modo alternativo ao capitalismo dentro dele, não dá pra se comportar ou exigir comportamento dentro deste modelo como se em outro vivêssemos. Pelo contrario, tem que se saber como ele funciona e fazer com que ele consiga produzir coisas boas, como crescer e distribuir renda, sair do Mapa da Fome etc, como fizeram os governos de Lula e Dilma, enquanto o novo não nasce. As águas são turvas e, ao contrário do que muitos pensam, a instabilidade não tem a ver com um certo "peemedebismo", mas com racionalidade do nosso sistema político, do qual o PMDB foi um dos arquitetos e, obviamente, é o mais adaptado.

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Todavia, o PT e a esquerda combateram pelo novo. Resistiram à contra-reforma política de Eduardo Cunha, lutaram para o Senado aprovar a proibição de doação empresarial - com apoio de Renan Calheiros e cia, a presidenta vetou o projeto de lei do financiamento empresarial de campanhas e, espero, não há entre a militância de esquerda quem creia que a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o assunto foi obra apenas do próprio tribunal, como uns quiseram fazer acreditar que a decisão da suprema corte dos EUA sobre o casamento gay não teve a ver com o protagonismo político do governo de Barack Obama.

Adiante, nada quer dizer que vencer a batalha do Impeachment é igual a aplicar o programa eleito em 2014. Isso dependerá de com qual discurso se conquistará a eventual e desejada a vitória. Não dá para transformar desejo em estratégia. O #ForaCunha como gêmeo univitelino do ‪#‎FicaDilma‬ pode se tornar uma cilada que pode levar a um cenário de #ForaCunha e ‪#‎ForaDilma‬. É preciso uma concertação de estratégias e pautas entre os movimentos sociais e o governo para gerar este futuro, caso contrário as coalizões amplas imprescindíveis construídas para barrar o golpe podem gerar um pós-"terceiro turno" semelhante ao pós-segundo turno. Isso seria o papel da velha Secretaria-Geral da Presidência. Novamente.

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O rompimento definitivo com Eduardo Cunha libertou a militância, só na campanha houve tanta organização de debates, ações, manifestações e atividades de modo geral, que, diga-se de passagem, jamais deveriam ter cessado. Mas, devagar com o andor.

A propósito: para quem sempre "denunciou" que o PT virara uma "máquina eleitoral", cabem rolos de esparadrapo. O clima de "campanha" está igualzinho à reta final de 2014, quando a "máquina eleitoral", com linha, discurso, organização e uma militância social ampla e empolgada, ganhou duas eleições em uma, vide a deliciosa denúncia de Eduardo Cunha e dos dissabores da "DR" de Temer nas redes sociais; o afinamento da orquestra parlamentar, a estratégia que se revela como música em cada vídeo, pronunciamento e entrevista. Êta PT bom de disputar eleições!

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...Sont les mots qui vont très bien ensemble)

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