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Cynara Menezes

Baiana de Ipiaú, formou-se em jornalismo pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e já percorreu as redações de vários veículos de imprensa, como Jornal da Bahia, Jornal de Brasília, Folha de S.Paulo, Estadão, revistas IstoÉ/Senhor, Veja, Vip, Carta Capital e Caros Amigos. Editora do site Socialista Morena. Autora dos livros Zen Socialismo, O Que É Ser Arquiteto e O Que É Ser Geógrafo

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Mídia transmite ao vivo filiação do lanterninha e ignora viagem internacional do favorito

Que "jornalismo" é esse? Que "manual de redação" define que o primeiro colocado nas pesquisas sendo aclamado na Europa não é notícia?

(Foto: Ricardo Stuckert)
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Por Cynara Menezes, no Socialista Morena

Há uma semana, o ex-juiz Sergio Moro, aquele que “jamais entraria para a política”, se filiou ao Podemos. A cerimônia ganhou destaque no Jornal Nacional, principal informativo da Rede Globo, que dedicou 2m39s ao ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro. O discurso de Moro, que aparece com cerca de 8% nas pesquisas para as eleições de 2018, empatado num longínquo terceiro lugar com Ciro Gomes, foi transmitido ao vivo pela CNN Brasil, JP News, BandNews e UOL.

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No mesmo dia da filiação de Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, primeiro colocado disparado em todas as pesquisas até agora, embarcava para uma viagem internacional. Lula teria compromissos com lideranças progressistas europeias na Bélgica, França e Espanha. Na segunda-feira, 15 de novembro, o ex-presidente foi ovacionado no Parlamento Europeu, onde discursou dentro da Conferência de Alto Nível da América Latina, promovida pelo bloco social-democrata.

O Jornal Nacional não deu nem um segundo sequer ao fato. Os principais jornais, portais e TVs do país só noticiaram a presença de Lula em Bruxelas para destacar a frase dele sobre o tucano Geraldo Alckmin, cotado para ser vice do petista. Até o momento, o ex-presidente se encontrou, entre os nomes mais destacados de sua agenda, com o prêmio Nobel de Economia de 2001, Joseph Stiglitz, com o vice-presidente da Comissão Europeia, Josep Borrell, e com Olaf Scholz, que venceu a última eleição da Alemanha e pode se tornar o próximo primeiro-ministro do país, sucedendo Angela Merkel. Nada disso foi “notícia” para a mídia comercial brasileira.

O que se discute não é se Moro merecia a atenção dada a ele pelo noticiário. Em termos jornalísticos, se o algoz de Lula que se tornou ministro de Bolsonaro se filia a um partido visando se candidatar à presidência, isso é notícia em qualquer lugar do mundo. O que se discute é como o alvo do ex-juiz, que foi presidente da República e é o candidato favorito à presidência, não é notícia. Detalhe: a viagem de Lula foi destaque em veículos europeus, como o espanhol El Pais, a rede de notícias alemã Deutsche Welle e Rádio França Internacional.

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Compare com a atuação de portais alternativos como Brasil247, Diário do Centro do Mundo e a Revista Fórum, assumidamente de esquerda e alcunhados “blogs sujos” pela mídia corporativa. Todos eles logicamente cobriram com destaque a filiação de Sergio Moro, e da mesma forma têm acompanhado a viagem de Lula. Impedir os leitores de ser informados sobre um destes acontecimentos seria absurdo e indigno der chamado de jornalismo.

Que “jornalismo” é esse? Que “manual de redação” define que o primeiro colocado nas pesquisas sendo aclamado na Europa não é notícia, mas a filiação de um dos lanterninhas é? O viés raivosamente antipetista da mídia comercial tem sido uma desgraça para o jornalismo brasileiro desde pelo menos 2005. Ao mesmo tempo que se diz “imparcial”, a chamada grande imprensa subverteu todas as regras sobre o que é ou não notícia, um desvio ético que pavimentou o caminho para as fake news dos sites criminosos que agora combate.

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Uma das saídas para o momento trágico que vive o Brasil passa pelo “mea culpa” que a mídia comercial cobra do PT e de Lula, mas não está disposta ela mesma a fazer. Passa por recolocar o jornalismo brasileiro de volta nos trilhos do bom jornalismo, que não precisa ser “imparcial”, mas honesto. O que a mídia comercial faz desde que Lula chegou ao poder, comportamento piorado nos anos Dilma Rousseff, está bem longe disso. Voltem aos manuais, senhores.

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