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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Militares, para que te quero. Temos Arthur Lira

"Jair Bolsonaro comemora a vitória de Lira, como se fosse um golaço do seu time. Não é. Restará a ele e aos filhinhos dizer 'sim senhor', para o novo presidente da Câmara", avalia a jornalista Denise Assis sobre a eleição para presidência da Câmara

(Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia

Leia minha coluna "Errei, sim", que faz uma correção sobre essa

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Esqueça aquele revolucionário clássico que existe em você. A coleção de estrelinhas: as esmaltadas, as de plástico, o pin já meio enferrujado, e jogue no fundo da gaveta. Aquela camiseta com a estampa da Dilma coração valente, recorte e transforme em pano para limpar o vidro da janela. Tornaram-se coisa de “acumuladores”.

Aquele fantasma do golpe com retorno dos militares ao poder, não passa de uma alegoria para textos de efeito. Já, há algum tempo, desde a metamorfose de Bolsonaro – resultado da constatação de que as fileiras não o seguiriam numa aventura fora da Constituição -, que este risco já fora cancelado. Desde ontem, porém, quando o painel da Câmara apontou o resultado de 302 votos pró Arthur Lira ficou mais que patente que Bolsonaro não precisa mais do general Braga Neto dominando a Casa Civil. E, se quiser, pode dispensar o agora “empijamado” general Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo. Aquelas trocas de amabilidades com o general comandante Edson Pujol, também se tornaram desnecessárias.

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Para que golpe tradicional? Bolsonaro não é mais o que pensava que era.  O dono do pedaço. A partir de hoje, os salamaleques, ele os deve ao presidente eleito para a Câmara, sim, Arthur Lira, o que quase estrangulou a ex-mulher, conforme entrevista da própria Jullyene Lins, com quem foi casado durante 10 anos.

Levando-se em conta que para qualquer alteração na Carta Magna são necessários 308 votos e ele praticamente os tem – o que são seis votos para quem obteve a avalanche de 302? – está tudo dominado.

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Um dia qualquer, Arthur, ainda de pijama, calça as pantufas, estica o corpo num espreguiçar e, de mau humor, decide que chega deste negócio de liberdade de expressão, liberdade de ir e vir e que dará um jeito nisto, baixando um AI-18. (Não um AI-5, como alardeia o ignorantão Eduardo Bolsonaro. Ele não sabe, mas depois do AI-5, o seu fetiche, vieram outros 12). Bastará encaminhar um projeto do tipo “fecha tudo” – sonho de consumo de Bolsonaro – e pronto. Seus 302 seguidores votam, se abraçam em júbilo e eis nós de novo “perturbando a paz e exigindo o troco”, tal como cantou Paulo Cesar Pinheiro.

Vivemos o triste momento de dobrar a desbotada palavra de ordem: “o povo unido jamais será vencido” e guardar numa caixa. Enrolar a faixa: “abaixo a inflação”; aquele cartaz: “chega de arrocho salarial” e pensar numa saída honrosa. Há quem só veja a do aeroporto… (Despertar a militância poderá levar alguns anos). E, imaginem com toda a maldade no coração, na seguinte manchete: “Cai a dupla Bolsonaro/Mourão”. É ele, Lira, o terceiro na linha sucessória!

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O golpe está dado, está em curso, galopa no nosso lombo com medidas que, tal como fez Arthur Lira, com a ex-mulher, vai aos poucos nos esganando, nos tirando o ar. Pautas econômicas draconianas, falta de oxigênio nos hospitais, nos leitos dos acamados por Covid-19 e pelo adiamento absurdo da produção e compra de vacinas, nos afogam lentamente. (Obrigada, Rodrigo Maia)!

Alianças nos colocam de joelhos até nos levar a morrer na praia, como aconteceu na noite de ontem, 10 minutos depois de Lira ser declarado presidente da Câmara. Às favas com o estatuto. Os que puseram a bunda na janela em troca de cargos na mesa diretora, foram barrados no baile na primeira contra dança. (Ah! Mas podem apelar ao Supremo! Com esse judiciário???)

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Enquanto isto, Jair Bolsonaro comemora a vitória de Lira, como se fosse um golaço do seu time.  Não é. Restará a ele e aos filhinhos dizer “sim senhor”, para o novo presidente da Câmara que, olhando-o de baixo acima, pode determinar: “isto eu não pauto não”. E aí, lá se vão mais bilhões, cargos e outro naco do poder que ele um dia pensou ter, e a cada dia encolhe mais e mais, engolfado pelo “troca-troca” em que se meteu. Generais, agora, só se for para gerenciar o balcão das negociatas. Durante a campanha de Lira ficou demonstrado que disto eles entendem bem.  

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