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Carlos Lindenberg

Carlos Lindenberg é diretor do 247 em Minas

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Minas sob ataque dos oportunistas de plantão

"As cenas vistas ontem por quem passava pela Praça da Liberdade, à tarde, eram inimagináveis. Soldados pagos com o dinheiro da população deram um nó no trânsito da cidade, enquanto uma centena deles balançava os portões do Palácio até suas portas cederem para deixar passar um bando de bárbaros a gritar palavras de ordem", escreve o colunista Carlos Lindenberg, que elogia a postura do governador Fernando Pimentel, diante da crise

Minas sob ataque dos oportunistas de plantão (Foto: Reprodução Twitter)
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Minas e os mineiros já assistiram a uma parte desse filme. Foi em 1997. Praças rebeladas fizeram uma manifestação em frente ao QG da PMMG, a poucos metros do simbólico Palácio da Liberdade, e um tiro disparado aparentemente a esmo matou o cabo Valério, que não estava entre os manifestantes, mas do lado dos que impunham a ordem aos baderneiros. Ao assumir o governo no ano seguinte, o ex-presidente Itamar Franco cometeu o equívoco de readmitir uma parte dos grevistas, que o chantageavam com a possibilidade de se algemarem nas grades do Palácio da Liberdade, o que seria algo insuportável para a figura humanista do ex-presidente. A ameaça, no entanto, acabou transformando o antigo Corpo de Bombeiros, em cuja sede está preso o ex-governador Eduardo Azeredo, por ordem judicial, em Corpo de Bombeiros Militar, uma unidade que deveria ser nova, não tivesse abrigado os grevistas anistiados por Itamar. Ou seja, com medo de ver dezenas de grevistas algemados nas grades do Palácio, o já agora governador Itamar Franco criou o Corpo de Bombeiros Militar e mandou matricular na nova unidade os anistiados da greve. Aí começou o problema que vira e mexe atormenta os governadores de Minas.

A rigor, desde então, a PMMG, outrora uma tropa de disciplina invejável, nunca mais foi a mesma. Da greve emergiram políticos, que o governador Fernando Pimentel chamou ontem, em nota, de oportunistas, que mantém os seus mandatos eletivos usando a tropa e a família militar como massa de manobra. A cada eleição, os mesmos deputados, estaduais ou federais, manipulam a questão salarial como bandeira de suas campanhas e com isso vão se reelegendo, ainda que possam eventualmente prestar algum tipo de serviço aos mineiros que não sejam necessariamente militares. Essa invasão do Palácio da Liberdade ontem levanta a pergunta sobre onde estavam os comandantes da PM que não fecharam as vias de acesso à Praça da Liberdade, como fazia, por exemplo, o governador Newton Cardoso quando o funcionalismo resolvia protestar contra o seu governo e se dirigia à Praça?

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Talvez os tempos sejam outros e medidas duras como as tomadas por Newton Cardoso não se coadunam mais com a era do diálogo e da democracia, regras que deveriam ser seguidas tanto pelo governo como pelos governados. Os amotinados querem o pagamento no quinto dia útil do mês e reajuste salarial. Mas isso todos querem e não precisam pisotear o gramado do velho Liberdade, ainda mais quando se sabe que desde 2014 o governo vive sob um decreto de calamidade financeira, graças a um apontado furo de caixa de quase R$10 bilhões, agora reduzido para R$ 8 bi. Na verdade, o governo mineiro desconfia que tanto essa baderna de ontem como a queima de quase 100 ônibus nos últimos quatro dias parece ter inspiração fora de Minas e tem a ver com a campanha eleitoral que se arma dentro e fora do Estado, numa tentativa de desestabilização do governo petista de Fernando Pimentel, em que as reivindicações salariais são apenas pretexto para o que de fato se pretende. O que Minas espera é que o final desse filme tenha um final diferente do visto em 1997, em que tropas do Exército entraram no Palácio da Liberdade para garantir a lei e a ordem.

As cenas vistas ontem por quem passava pela Praça da Liberdade, à tarde, eram inimagináveis. Soldados pagos com o dinheiro da população deram um nó no trânsito da cidade, enquanto uma centena deles balançava os portões do Palácio até suas portas cederem para deixar passar um bando de bárbaros a gritar palavras de ordem. O governador Fernando Pimentel não estava no local, despachava com assessores no Palácio das Mangabeiras, a alguns quilômetros de distância. À noite, com algumas dezenas de barracas armadas ao longo dos jardins desenhados para receber o Rei Alberto, da Bélgica, na década de 30, uma centena ou um pouco menos de manifestantes se preparavam para abivacar com a promessa de que só sairiam dali após a rendição do governo às suas reivindicações. O governo, mais para o diálogo do que para o enfrentamento, sob ordens expressas de Fernando Pimentel, até porque o governador sabe que esse movimento tem inspiração fora do Estado e está atrelado à política interna mineira, onde a disputa se dará entre ele, Pimentel, e Antônio Anastasia, ganhou na justiça à noite uma decisão que obriga os manifestantes a desocuparem a sede do Poder Executivo Estadual, sob pena de multa diária de R$ 50 mil, por hora, para cada uma das associações e sindicatos envolvidos na ocupação da área.

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