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Lúcia Helena Issa

Jornalista, escritora e ativista pela paz. Foi colaboradora da Folha de S.Paulo em Roma. Autora do livro "Quando amanhece na Sicília". Pós- graduada em Linguagem, Simbologia e Semiótica pela Universidade de Roma e embaixadora da Paz por uma organização internacional. Atualmente, vive entre o Rio de Janeiro e o Oriente Médio.

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Minha imensa solidariedade ao Papa Francisco e meu imenso repúdio aos falsos cristãos

Depois de receber o presidente Lula na Piazza San Pietro, depois de conversar com ele sobre programas concretos de combate à fome, Francisco tornou-se novamente alvo dos Torquemadas sedentos de sangue

(Foto: Ricardo Stuckert)
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Amanhecia no Rio de Janeiro, depois de um longa noite de assustadoras tempestades,  quando começaram a chegar até mim as primeiras mensagens com as milhares de ofensas  que os brasileiros estavam deixando ao Papa Francisco por ter decidido receber o ex- presidente Lula em Roma, cidade onde morei durante vários anos de minha vida.

"Traidor!", "comunista!", "filho de prostituta argentina!" e outras ofensas bradadas em uníssono pelos pseudocristãos de quem um dia me senti irmã em espírito.  

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A crueldade dos falsos cristãos, o ódio aos mais pobres, o ódio à empregada doméstica que ousou ir para a Disney, o terraplanismo medieval, o comportamento dos novos inquisidores   alimentados por extremistas de várias vertentes, como Macedos e Olavos nos catapultaram para para os círculos do Inferno descritos por Dante na Divina Comédia.  

Depois de receber o presidente Lula na Piazza San Pietro, depois de conversar com ele sobre programas concretos de combate à fome, Francisco tornou-se novamente alvo dos  Torquemadas sedentos de sangue.

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O mais sábio dos homens que já ocuparam o trono de Pedro, o homem que lavou os pés de um grupo de moradores de rua e os recebeu no Vaticano, o homem que trocou a luxuosa e medieval "sedia gestatoria" por uma cadeira de imenso simbolismo e simplicidade ao assumir o pontificado, o homem que  pede que a Igreja seja a porta-voz da tolerância e do diálogo entre as religiões, o homem que tem pedido aos católicos menos julgamentos e mais empatia, o homem que recebeu os refugiados no Vaticano e lavou os pés de um deles, como Jesus o fez, o Papa que eu tive a uma imensa emoção de conhecer na coletiva de imprensa  no hospital São Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude em 2013, num dos momentos mais inesquecíveis da minha carreira, tem sido alvo de uma série de ataques protagonizados pelos mais abomináveis pseudocristãos e membros da extrema- direita mais mercenária e  mais distante da mensagem de Cristo que se possa imaginar.

Esses pseudocristãos são parte do mesmo grupo, financiado por Steve Bannon, que em 2019  escreveu  uma Carta Aberta em que acusavam Francisco de "heresia" por sua opção de dar voz aos excluídos, aos pobres  e refugiados, uma opção que me emociona imensamente por eu ter tomado a decisão de dar voz às mulheres e crianças refugiadas depois de tudo o que tenho testemunhado na Palestina e na Síria.

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Roma está repleta de refugiados muçulmanos e cristãos, vindos de países bombardeados e destruídos pelos EUA e pelo Ocidente por razões econômicas, por gás e petróleo, e não pela hipócrita justificativa de "restaurar a democracia", e Francisco tem aberto as portas do Vaticano   e feito a diferença na vida de milhares de refugiados.

Mas tem sido odiado por uma parte dos católicos europeus, americanos  e brasileiros justamente pelo que faz e não apenas pelo que diz.

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Morei em Roma durante seis anos,  escrevi matérias sobre o Vaticano para a Folha de São Paulo e escrevi um livro, "Quando amanhece na Sicília...", em que relato a histórica relação entre bispos de extrema-direita em Roma e os mafiosos da Cosa Nostra siciliana, e a misteriosa morte do Papa João Paulo I (que foi papa por apenas 33 dias e foi assassinado dentro do Vaticano), e sei exatamente como agem os falsos cristãos no Brasil ou na Itália. São pessoas repletas de crueldade, xenofobia, pequenez espiritual, e matariam o próprio Jesus (como o fizeram os militares romanos e os líderes religiosos judaicos da sua época) se ele  voltasse a viver entre nós.

Os autores dos maiores ataques a Francisco, anões morais como Olavo de Carvalho ou como o italiano Carlo Maria Vigano, ou como o cardeal Burke, um norte-americano manipulador cuja máscara caiu há alguns anos, representam o que há de mais desumano, putrefato, triste e  doentio dentro da minha Igreja.

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Alegam que Francisco não tem se declarado abertamente o bastante contra o aborto" (o que é falso), ou que ele tem sido "muito hospitaleiro com os homossexuais do mundo", ou que ele  tem sido "conciliador demais na questão da imigração" (como Jesus agiria hoje em relação aos refugiados?).

Cardeais absolutamente hipócritas têm encontrado amplo apoio em "cristãos" como Olavo de Carvalho, que chegou a "excomungar" Francisco. Sim, ele acha que tem esse poder. 

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Olavo e seus seguidores psicopatas, claro, têm proferido ameaças e covardes ataques a Francisco há anos, mas durante essa semana eles têm sido ainda mais cruéis. 

Como jornalista e católica, deixo aqui meu imenso repúdio aos falsos seguidores de Cristo, e minha imensa solidariedade e meu amor pelo imenso Papa Francisco.

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