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Luís Costa Pinto

Luis Costa Pinto, jornalista, editor especial do Brasil 247 e vice-presidente da ABMD, Associação Brasileira de Mídia Digital

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Ministério de Lula já tem dois funerais encomendados e um casamento em crise

Eleição das Mesas da Câmara e do Senado, com Lira forte e Pacheco fraco, tende a ampliar os problemas, e não a oferecer soluções para a articulação política

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
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Por Luís Costa Pinto, Sucursal do Brasil 247 em Brasília – Três interlocutores que estiveram nos últimos dias com o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), saíram da conversa com a sensação de que o parlamentar se sente deslocado e desenturmado na Esplanada dos Ministérios.

Os dois executivos e um colega de Câmara que foram chamados para um tête-à-tête ministerial têm certeza de que o deputado maranhense está arrependido de ter aceitado o cargo para atender a um pedido do amigo senador Davi Alcolumbre (UB-AP) e não mediu os estragos que a visibilidade repentina causaria às vidraças de quem se acostumou a fazer política no baixo clero do Congresso. “Às vezes não sei para onde me mexer aqui dentro”, confessou Juscelino num dos convescotes. “Esses tiros que recebo por causa de R$ 5 milhões do orçamento secreto são fogo amigo”, reclamou em outra conversa.

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Daniela do Waguinho, ministra do Turismo, que chegou a se sentir aliviada com a predominância do noticiário contra a vandalização terrorista na Praça dos Três Poderes do último dia 8/01, pois isso significou a remoção para as calendas do esquecimento (transitório) das denúncias de consórcio político com milicianos da Baixada Fluminense que a atingiram na primeira semana do mês, já debateu com ao menos um assessor a capacidade de resiliência dela aos petardos. “Até parece fogo amigo”, insinuou, sem determinar exatamente de qual facção de dentro do governo poderia partir o bombardeio.

Um esforço de comunicação está sendo empreendido nas hostes do Ministério do Turismo e nos gabinetes aliados a ela para que sua alcunha política se converta em “Daniela Carneiro”. Foi para atender uma sugestão pouco sutil da primeira-dama, Rosângela Silva, que ela decidiu voltar a usar o sobrenome do marido, e não o apelido quase misógino, posto qualificá-la como uma espécie de linha auxiliar do prefeito de Belford Roxo (RJ), Wagner Carneiro. Enquanto escala prestígio com Janja, a ministra esquadrinha as possibilidades de origem do arsenal de petardos que atrasam seu ímpeto para preencher cargos vagos na própria equipe e iniciar uma agenda propositiva e positiva para vencer os desafios que recebeu.

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No União Brasil, legenda que detém a terceira maior bancada da Câmara dos Deputados com 59 integrantes (atrás apenas do PL, com 99, e da Federação PT-PV-PCdoB com 81), partido dos ministros Daniela e Juscelino, já há quem aposte que nenhum dos dois “comerá ovos de Páscoa” sentados nas cadeiras ministeriais.

A ala baiana do UB é o maior foco de resistência à permanência da legenda na base do presidente Lula no Congresso. É na Bahia que se tem o costume de datar a duração de pessoas nos cargos de acordo com as festas do calendário gregoriano – “fulano não come o peru de Natal em tal lugar”; “ciclano não lava as escadarias sem que a polícia bata à porta dele” etc. O deputado Elmar Nascimento (UB-BA) foi preterido pelo PT Bahia para o cargo de ministro que terminou nas mãos de Juscelino Filho. Acendendo velas para as duas entidades às quais jura lealdade em Brasília – o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e o ex-prefeito de Salvador ACM Neto – Nascimento não esconde de ninguém que é adepto da independência legislativa do União Brasil na Câmara mesmo que isso signifique a devolução ao presidente Lula dos ministérios dados à legenda.

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Se o estado de ânimo nos ministérios das Comunicações e do Turismo é de funeral, o mesmo não se pode dizer na poderosa (e empoderada) Casa Civil do baiano Rui Costa (PT). Tendo ascendido ao posto que já foi de José Dirceu e de Dilma Rousseff nos governos anteriores do presidente Lula, em razão de suas qualidades como gestor e pela forma pragmática como sabe exercer a liderança e cobrar resultados e prazos das missões dadas, o ministro e ex-governador da Bahia sabe que desloca ar quando caminha pelos corredores do Planalto.

Quando uma figura pública circula pelos labirínticos escaninhos palacianos fideliza parte do governo que não o conhecia. Por outro lado, provoca ciúmes e atiça fogueiras de vaidades e jogos de poder interno – e é isso que começa a acontecer contra Rui Costa, mesmo em ações ostensivas que parecem favorecê-lo. Um perfil publicado no jornal paulista Folha de S Paulo no portal uol, na segunda-feira 30 de janeiro, pintou o ministro da Casa Civil como o maior operador do governo depois do chefe, Lula.

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Aliados de Costa, petistas experientes já cabreiros com o estilo “concentro-e-faço-e-entrego-e-conto-ao-Lula” do ministro da Casa Civil e ao menos dois parlamentares tarimbados do Congresso Nacional identificaram as armadilhas no texto da FSP e do portal do jornal paulista. “Ao mostrar as vísceras do poder interno do ministério, mostrando que o ex-secretário de Infraestrutura da Bahia comanda o PPI (Plano Plurianual de Investimentos), o procurador-geral de Justiça do estado nos tempos dos governos dele coordena a poderosa Subsecretaria de Assuntos Jurídicos (SAJ, por onde passam todos os decretos antes de serem publicados no Diário Oficial) e um auditor aposentado do Tesouro baiano é o Secretário de Administração da Casa Civil, mapeou-se o tamanho do poder e da autoridade do Rui e o perfil que era para ser bom, foi ruim”, analisa um ex-dirigente petista.

Demonstrações explícitas de desequilíbrio na divisão do poder interno, dentro do PT, são os primeiros sinais que externam crise no casamento – sempre assertivo e pragmático – entre as tendências partidárias. Neste terceiro mandato de Lula na Presidência da República há uma evidente mudança dos pólos de poder no partido que fará 43 anos de fundação no dia 13 de fevereiro e celebrará a efeméride com uma grande festa popular em Brasília.

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A Bahia, hoje, é um polo de poder interno no PT tão relevante quanto São Paulo em razão de Rui Costa, da ascendência do senador Jaques Wagner sobre o escrutínio decisório de Lula e do resultado das urnas de outubro – uma vitória lulista no estado com 72% dos votos no segundo turno, no quarto maior colégio eleitoral do País. A ala paulista do partido, contemplada com cinco ministros, conforma-se com a quantidade de postos, mas, reage às interferências da Casa Civil nas pastas.

As eleições dos presidentes da Câmara e do Senado, marcadas para ocorrer nesta quarta-feira, 1º de fevereiro, serviram até aqui como anteparo a redirecionar os feixes de intrigas que emanam na Esplanada dos Ministérios. Os arranjos de poder interno no Congresso, que se tornaram surpreendentemente difíceis para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e converteram o presidente da Câmara, Arthur Lira, num homem detentor de um escudo de proteção atrofiadamente forte, têm prazo de validade: o momento seguinte ao resultado das urnas que devem reeleger Lira e Pacheco.

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Vencido esse prazo, e detidos os conspiradores do dia 8 de janeiro e desvendadas as artimanhas das conspirações, o que está em curso graças ao irrepreensível trabalho do governo depois do Dia da Grande Infâmia contra a República, as exéquias de Daniela Carneiro e Juscelino Filho terão prosseguimento, assim como a crise do casamento de Rui Costa com parte do PT paulista que já anda incomodada com ar que o baiano desloca nos corredores do Palácio do Planalto.

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