CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Denise Assis avatar

Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

701 artigos

blog

Ministros do STF se pronunciam a Mendonça sobre confecção de dossiê: Ai, ai, ai, que feio! Não faça mais isto!

"Por que o ministro Mendonça tentou negar a existência do documento que acabou tendo que entregar aos membros do Supremo? Por que demitiu o diretor de Inteligência da Seopi, coronel do Exército Gilson Libório de Oliveira Mendes?", questiona a jornalista Denise Assis sobre os dossiês de antifascistas

André Mendonça (Foto: Agência Brasil)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) mandaram um severo recado ao ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, depois de examinarem a questão do dossiê que levantou “vida pessoal, escolhas pessoais ou políticas e práticas cívicas exercidas por opositores ao governo”. O recado foi de fato muito duro: “Ai, ai, ai, que feio! Não faça mais isto!”

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Todos nós temos motivos de sobra para acreditar que os ministros do STF tiveram acesso ao dossiê de nove páginas que reuniu informações sobre quase 600 policiais, professores e “formadores de opinião”, como definiram, no “documento”, as figuras públicas que dele constam tais como o ex-ministro Paulo Sérgio Pinheiro e o antropólogo e ex-secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Eduardo Soares.

Para chegarem ao placar de 9 X 1 e à conclusão de que não foi Mendonça o autor da “encomenda” sobre o monitoramento da vida dessas pessoas, é de se supor que os membros da suprema corte se certificaram, solicitando ao Ministério da Justiça, a cópia do pedido emitida pelo ex-ministro Sergio Moro, da confecção de tal arapongagem. Certamente eles emitiram os seus pareceres com base em prova documental. Do contrário, seria apenas suposição e cremos, piamente, que a mais alta corte do país não trabalhe apenas com suposições ou “convicções” (prática de Deltan Dallagnol), mas com documentação de fonte primária, colhida a pedido deles, para ser inserida nos autos.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Partindo do princípio que eles têm em mãos o pedido do ministro demissionário, para a confecção do dossiê, não ficou clara a motivação de Moro – de quem todos nós temos motivos de sobra para desconfiar de práticas pouco democráticas e límpidas -, para mandar fazê-lo. Mas neste caso, está confusa a explicação para o objetivo do pedido. Ainda que lembrássemos o pito de Bolsonaro, aos berros, no dia 22 de abril, quanto à eficiência dos seus serviços de inteligência, não seria razoável que Moro, já de saída e limpando as gavetas, solicitasse dos funcionários da nebulosa Secretaria de Operações Integradas (Seopi) do Ministério da Justiça, que começassem naquele dia um trabalho de espionagem. Tudo bem que a Secretaria foi criada por Moro, no dia 19 de janeiro de 2019, (assim que ocupou a cadeira no governo que se iniciava), mas quando os subordinados lhe entregariam o trabalho concluído? E para quê? Que uso Moro faria desse dossiê, estando fora do governo?

Com estas questões a serem respondidas, convém também nos perguntarmos, por que o ministro Mendonça, terrivelmente evangélico, um temente a Deus, conhecedor dos 10 Mandamentos,  onde o oitavo deles diz claramente: – Não levantar falsos testemunhos (nem de qualquer outro modo faltar à verdade ou difamar o próximo), teria dado prosseguimento ao trabalho do qual disse publicamente discordar? Na ocasião em que o dossiê veio à luz, pelo site Uol, chegou a declarar: “Não admito perseguição a grupo de qualquer natureza”.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cabem ainda, perguntas tais como: por que o ministro Mendonça tentou negar a existência do documento que acabou tendo que entregar aos membros do Supremo? Por que demitiu o diretor de Inteligência da Seopi, coronel do Exército Gilson Libório de Oliveira Mendes?

Botando fé em que tudo foi devidamente esmiuçado pelos membros do STF, antes de proferirem o veredicto acima, resta a pergunta que não quer calar: a quem interessa saber quais são os opositores do governo Bolsonaro? (Este foi o motivo alegado para a preparação do relatório). Ou, melhor, reformulando: de que cor era o cavalo branco de Napoleão? Ops! Quer dizer: o que os berros de Bolsonaro, na reunião de 22 de abril, têm a ver com o dossiê elaborado dentro da Seopi por este ou aquele titular? Será que não convém dar uma olhadinha no terceiro andar do Palácio do Planalto?

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO