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Aldo Fornazieri

Professor da Fundação Escola de Sociologia e Política e autor de "Liderança e Poder"

218 artigos

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Mobilizar o povo para derrotar a violência fascista

"Bolsonaro estimula a violência diariamente. A forma de deter essa escalada é mobilizar o povo. As esquerdas precisam sair da letargia", cobra Fornazieri

Velório do petista Marcelo Arruda, em Foz do Iguacu (Foto: REUTERS/Christian Rizz)
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Os atentados contra os comícios de Lula em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, os ataques ao juiz federal Renato Borelli e o covarde assassinato do Marcelo Arruda não são atos isolados. Fazem parte da mesma tática do bolsonarismo fascista em sua escalada para intimidar as oposições, visando impor-se pela violência e pelo golpe diante da perspectiva de derrota eleitoral. 

Estudos sobre o nazi-fascismo mostram que esses movimentos, em seus estágios iniciais, quando ainda enfrentam uma oposição política, usam a violência para intimidar seus oponentes. Já quando dispõem do domínio completo do poder a usam para dar realidade às suas mentiras ideológicas, como indica Hannah Arendt. 

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O bolsonarismo não chega a ser uma organização fascista centralizada. O seu primitivismo ideológico indica que, de modo geral, é constituído por pessoas primárias, com baixa capacidade intelectual, dominados pela estupidez cultural. Mas nem por isso são menos perigosas. Estimuladas por um chefe e por uma direção que oscilam entre a covardia e a fanfarronice, são capazes de ações violentas, motivadas pelo impulso do ódio assassino. 

Desta forma, o bolsonarismo não chegou a um nível de organização semelhante aos camisas pretas de Mussolini ou aos SS do partido nazista antes de sua consolidação total no poder. Essas organizações eram instrumentos paramilitares de violência dos movimentos fascista e nazista para conquistar o poder. Geralmente esses grupos são organizados por ex-militares e recrutam muitos de seus membros entre pessoas dedicadas a atividades criminosas. Valem-se de ameaças diretas e de crimes contra indivíduos, a exemplo do que ocorreu em Foz do Iguaçu. 

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Já os chefes se valem mais de ameaças indiretas e de insinuações, a exemplo do que vem fazendo Bolsonaro em vários eventos, como a formatura de cadetes ou a Marcha para Jesus. Essas ameaças e insinuações se dirigem contra os “representantes do mal”, os socialistas, os comunistas, os vermelhos. Daí não é difícil imaginar que os militantes e simpatizantes dessas organizações se sintam autorizados a cometer crimes. Os chefes, e no caso Bolsonaro, são diretamente responsáveis por estes crimes e atentados terroristas. 

Cobrar de Bolsonaro condenação da violência ou solidariedade às vítimas é coisa típica da ingenuidade estúpida. Bolsonaro não precisa ser cobrado de nada. Ele precisa ser acusado e responsabilizado. 

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A história mostra que nos processos de radicalização dos grupos nazistas, fascistas e até golpistas na busca do domínio absoluto do poder, as instituições democráticas, as autoridades policiais e judiciais e as oposições democráticas se mostram impotentes e até covardes para enfrentá-los. Agem com meios ordinários, enquanto esses grupos violam as leis, a Constituição e cometem crimes. A normalidade da conduta dos democratas e das esquerdas naturaliza a conduta criminosa desses grupos. Agem aparelhando as forças policiais e militares do Estado para servir os seus desígnios golpistas e criminosos, a exemplo do que faz Bolsonaro. 

Veja-se o que aconteceu na semana passada no Senado Federal: a PEC Kamikaze violou leis e a Constituição. Foi criticada pela oposição e, paradoxalmente, essa mesma oposição acovardada a aprovou violando as leis e a Constituição. Ora, se a oposição vota a favor da violação das leis e da Constituição, por que esperar pruridos de Bolsonaro se ele decide dar um golpe violando a Constituição para se manter no poder? A oposição preferiu o comodismo da covardia em nome da “ajuda os pobres e famintos” à coragem de enfrentar o governo, desmascará-lo e propor alternativas mais justas para ajudar os necessitados abandonados por este governo desumano.

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A história mostra também que as oposições parlamentares se acovardam nos momentos de confrontos e de violência, fugindo do país ou se refugiando em seus gabinetes ou residências. O Brasil é exemplar nisso: em 1964 muitos líderes fugiram. Em 17 de abril de 2016 o povo foi abandonado nas praças para que se retirasse cabisbaixo e sem lutas. Os líderes saíram à francesa. 

Na Bolívia, recentemente, Evo Morales e vários de seus ministros fugiram do país com o golpe. O golpe só foi derrotado graças à resistência do povo boliviano, principalmente das organizações nativas, que se mobilizaram, tomaram ruas e cidades e bloquearam estradas e triunfaram. Graças a esta resistência, a esquerda voltou ao poder pela via democrática e golpistas estão presos, a exemplo de Jeanine Añez.  

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Ultimamente a oposição brasileira deixou o STF e o TSE praticamente sozinhos no enfrentamento dos ataques sistemáticos de Bolsonaro e de alguns generais da reserva ao sistema eleitoral e às eleições. Parece que o raciocínio bisonho das oposições é mais ou menos o seguinte: “ora, não vamos enfrentar a radicalização bolsonarista porque vamos resolver pelas eleições, vamos ganhar as eleições”. 

Bolsonaro, os generais que o cercam e o bolsonarismo contam com esta omissão, com esta apatia para escalar a violência, atacar as instituições democráticas e violentar a Constituição. Quanto mais se desenha a derrota eleitoral, mas essa escalada se fará sentir. 

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É preciso reagir contra essa escalada e detê-la, antes que algo de mais grave aconteça. Bolsonaro estimula a violência diariamente. Ameaça e agride a democracia diariamente. A forma de deter essa escalada é mobilizar e organizar o povo, constituindo uma frente dos movimentos sociais e das entidades da sociedade civil em defesa da democracia, contra a violência e contra o golpe. A oposição democrática e as esquerdas precisam sair da letargia dos gabinetes e da empáfia arrogante do “já ganhou”. 

O povo mobilizado, organizado, com sua autodefesa e segurança próprias nas manifestações é a única garantia que há para deter aventuras golpistas e a escalada da violência. As oposições e a sociedade civil devem deixar claro que os golpistas serão derrotados pelo povo, presos, julgados e condenados. Não haverá anistia. Os democratas e progressistas não podem se deixar intimidar, É preciso intimidar os golpistas, os aventureiros e os criminosos. 

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