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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Moraes está sempre cercado pelos emissários de Bolsonaro

"Seria surpreendente se a sequência de reuniões não acionasse dúvidas sobre a capacidade de Moraes de ouvir enviados de Bolsonaro, sempre que a situação fica tensionada. As respostas de Moraes e do STF devem ser dadas, de preferência sem muita demora, pelas próximas atitudes da Corte", escreve o jornalista

Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes (Foto: Adriano Machado/Reuters | Rosinei Coutinho/SCO/STF)
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Por Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia

Nenhum ministro do Supremo tem o controle de tantas investigações que envolvem Bolsonaro, os filhos, os milicianos e similares quanto Alexandre de Moraes.

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Nenhum outro ministro do STF tem há muito tempo a bravura de Moraes para enfrentar a estrutura de poder oficial e paralela das facções que atuam em torno de Bolsonaro.

E nenhum outro ministro tem tantos encontros com emissários de Bolsonaro, principalmente em momentos graves, quanto Moraes. E todas as reuniões acontecem em São Paulo, na casa do ministro, onde ele vem trabalhando desde o começo da pandemia.

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A última foi na sexta-feira, dia 10, com o ministro da Justiça, Anderson Torres, três dias depois de Bolsonaro ter chamado Moraes de canalha e de anunciar que não mais cumpriria suas decisões.

Seria surpreendente se a sequência de reuniões não acionasse dúvidas sobre a capacidade de Moraes de ouvir enviados de Bolsonaro, sempre que a situação fica tensionada.

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No que esses encontros contribuem para a postura do ministro como relator de casos que envolvem Bolsonaro e inclusive Torres, o último emissário a ser recebido?

Vamos à sequência de encontros. O primeiro, desde que Moraes assumiu no Supremo o comando dos inquéritos das fake news e dos atos pró-golpe (que agora foram reunidos num só), foi com o então ministro da Defesa, Fernando de Azevedo e Silva.

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Aconteceu no 1º de junho do ano passado, uma segunda-feira. No domingo, o general havia sobrevoado manifestações golpistas a bordo de um helicóptero de guerra.

O aparelho camuflado, com a porta aberta, mostrava o ministro ao lado do chefe. Sara Winter acenava da Esplanada dos Ministérios e ameaçava invadir o STF. As relações de Bolsonaro com o Supremo estavam tensas.

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Pouco antes, no dia 22 de maio, o ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, havia emitido a famosa nota em que alertava “as autoridades constituídas”: a possível apreensão do celular de Bolsonaro comprometeria a harmonia entre os poderes e poderia ter “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”.

Heleno se referia à decisão do ministro Celso de Mello de consultar a Procuradoria-Geral da República, para saber se seria o caso de pedir a apreensão do aparelho, dentro do inquérito sobre as interferências de Bolsonaro na Polícia Federal. Mello apenas cumpria uma formalidade legal, e Heleno via uma afronta.

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Não se sabe o que resultou do encontro de Azevedo e Silva com Moraes, mas sabemos que dias depois, em 19 de junho, uma sexta-feira, Bolsonaro enviou mais três mensageiros a São Paulo.

Os ministros André Mendonça (Justiça e Segurança), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) e José Levi (Advocacia-Geral) também foram à casa de Moraes. Os jornais noticiaram o básico: o trio estava em busca de pacificação.

Por que três ministros, em bloco, 18 dias depois da missão de Azevedo e Silva? Por que em tão curto espaço de tempo? Por que tanta gente? A pauta divulgada era um despiste, e nem vale a pena publicá-la, mais de um ano depois.

A realidade sugerida, pela sequência de reuniões, denunciava que o encontro do ministro da Azevedo e Silva precisou do reforço de mais três colegas. Por quê? Só eles, Bolsonaro e alguns poucos mais devem saber.

O que aconteceu depois de mais importante foi que Azevedo e Silva não quis continuar como cúmplice dos blefes de Bolsonaro e foi embora, no dia 29 de maio deste ano, e levou junto os chefes das três armas.

E agora, na sequência do 7 de Setembro e do pedido de trégua de Bolsonaro, tem-se mais uma reunião em momento grave. O encontro de Moraes com Anderson Torres durou quatro horas.

A reunião final, em que a ditadura deliberou sobre a criação do AI-5, no dia 13 de dezembro de 1968, durou três. O que Moraes e Anderson Torres teriam para conversar durante quatro horas, um dia depois de Bolsonaro ter assinado a cartinha da pacificação escrita por Michel Temer?

Moraes e seus colegas do Supremo devem entender os cidadãos inquietados pelo atrevimento de Bolsonaro. As reuniões sempre tiveram caráter institucional? Mas em momentos politicamente tão delicados e com aqueles personagens?

Bolsonaro tenta constranger, com o envio de prepostos para conversas em São Paulo, o xerife dos mais graves casos envolvendo o próprio Bolsonaro.

As respostas de Moraes e do STF devem ser dadas, de preferência sem muita demora, pelas próximas atitudes da Corte.

 

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