CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Tereza Cruvinel avatar

Tereza Cruvinel

Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.

1001 artigos

blog

Moro põe a corda no pescoço de Bolsonaro. Resta saber quem dará o nó: Congresso ou STF?

"Lula viveu para ver Moro reconhecer que nos governos do PT não houve interferência política na Polícia Federal, ao relatar que ouviu de Bolsonaro o plano de nomear um diretor-geral para quem pudesse telefonar, pedir informações e relatórios de inteligência", escreve a jornalista Tereza Cruvinel

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, fala à imprensa (Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Ao anunciar sua saída do governo, Sergio Moro apontou uma série de crimes de Bolsonaro, comuns e de responsabilidade.  Transformou-o num moribundo político. Dificilmente ele escaparia de um impeachment mas, diante do drama enfrentado pelo país, com o início dos dias piores da pandemia, e da urgência de alguma estabilidade política, o STF é que poderia propiciar um rito sumário de afastamento, dentro da legalidade. O ministro Marco Aurélio acaba de dizer que Bolsonaro pode ter cometido crime comum, apontando para a saída mais rápida, segura e legal.

Moro confirmou a suspeita geral de que o presidente quis trocar o comando da Polícia Federal para controlar os inquéritos do STF sobre fake News e sobre quem bancou e organizou o ato golpista de domingo, blindando-se e protegendo os filhos.  Crime de responsabilidade.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Lula viveu para ver Moro reconhecer que nos governos do PT não houve interferência política na Polícia Federal, ao relatar que ouviu de Bolsonaro o plano de nomear um diretor-geral para quem pudesse telefonar, pedir informações e relatórios de inteligência. O plano de Bolsonaro é (ou era) fazer da PF um aparelho para suas guerras particulares, forjando a desmoralização de adversários, por exemplo.  Moro apontou crime até no ato da exoneração do ex-diretor Maurício Valeixo, com a aposição de seu nome em decreto que não assinou. Falsidade ideológica.

 Com a corda no pescoço, resta saber quem dará o nó. Ou melhor, quem chutará o suporte para que o corpo balance no ar. O Congresso, com um impeachment, ou o STF, com um pedido de licença à Câmara para processá-lo por crime comum? Ou com o acolhimento do mandado de segurança MS 37083,  que pede a transferência direta de parte de seus poderes ao vice até que seja julgado?

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Como tenho dito, as duas portas, a do STF e a do Congresso,  podem levar ao afastamento de Bolsonaro. Mas, na situação dramática vivida pelo país, no início do pico da pandemia e do colapso do sistema de saúde, com mais de 400 mortes nas últimas horas, o longo rito do impeachment trará agravantes. Um rito sumário, dentro da legalidade, seria e o ideal e quem pode fazer isso é o STF, não o Congresso. Então começo examinando o que poderia vir do STF.

O ministro Celso de Mello acelerou a tramitação do mandado de segurança MS 37083, impetrado no domingo à noite, conforme antecipei aqui naquela noite, pelos advogados José Rossini Campos e Thiago Santos. Eles pedem uma liminar obrigando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que acusaram de “abuso de poder por omissão”, a abrir o processo de impeachment contra Bolsonaro por eles apresentado. Maia foi notificado. Qualquer seja a resposta, Mello pode conceder a liminar.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Nas próximas horas, novos pedidos de impeachment com certeza para chegar ao gabinete de Maia.

Hoje Mello decidiu notificar Bolsonaro sobre as medidas cautelares pedidas pelo mandado (MS 37083). E com isso, pode estar sendo a porta para um rito sumário, dentro da legalidade.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Para que Bolsonaro não continue cometendo crimes de responsabilidade (os que praticou antes dos que foram apontados hoje por Moro), os autores pedem as seguintes providências cautelares:

- Que Bolsonaro apresente seu exame para Covid19.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

-  Que seja proibido de usar as redes sociais para fazer proselitismo contra o isolamento social e medidas sanitárias contra a pandemia, estimulando a negligência da população, colocando-a em risco.

- Que apresente, em 10 diz, o relatório de inteligência que disse possuir, sobre o golpe que estaria sendo armado para tirá-lo do cargo por Rodrigo Maia, alguns governadores e ministros do STF.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

- Que crie protocolo, em cinco dias, autorizando a retirada de atos públicos das pessoas que portagem objetos com mensagens contra a democracia, pedindo AI-5 e golpe militar, fechamento do STF e do Congresso.

- Por fim,  pedem uma liminar “suspendendo provisoriamente o exercício de algumas das competências privativas do Presidente da República, especialmente as que e encontram descritas nos incisos I, II, III, VII, VI, VIII, IX, X, XIII, XIV, XV, XVI, XIX, XXII e XXVI do artigo 84 da Constituição de 1988, substituindo-lhe o Vice-Presidente da República.”

Isso significaria tirar de Bolsonaro poderes para nomear e demitir ministros, decretar estado de defesa e de sítio, decretar intervenção federal nos estados, comandar as Forças Armadas (e assim não dar golpe)  e editar medidas provisórias, entre outras atribuições que seriam transferidas ao vice-presidente.

Os pedidos já complicavam a vida de Bolsonaro mas os novos crimes apontados por Moro influirão na decisão de Mello sobre o mandado. Pode ele também decidir levar o assunto ao plenário, por conta da gravidade das decisões a serem tomadas.

Mas o caminho mais curto seria o do acolhimeneto, pelo STF, de uma denúncia contra Bolsonaro por crime comum,   e  pedir a licença à Câmara para processá-lo. Concedida a licença, por 2/3 dos votos, o presidente seria imediatamente afastado,  por seis meses, até ser julgado, e se condenado, perderia o cargo. Este seria o mais sumário dos ritos.

Bolsonaro não teria votos, como teve Temer, para barrar os pedidos de licença. Temer comprou votos. Bolsonaro está tentando aliciar deputados da banda mais podre e fisiológica do Congresso, rasgando seu discurso contra a “velha política”, rompendo com parte de sua base. Mas ele começou tarde, agora pode não conseguir comprar seu seguro-afastamento. 

Já o impeachment, todos sabem: se Maia vier a autorizar a abertura do processo, o ritual da Câmara consumirá pelo menos 3 meses e só então Bolsonaro seria afastado, se o processo for autorizado. E isso, com a casa funcionando virtualmente.  Não tendo Bolsonaro conseguido comprar o seguro-impeachment, a Câmara autorizaria seu julgamento pelo Senado. E só então, haveria o afastamento.

Neste tempo de tramitação do impeachment, o país sangraria muito, mais do que tem suportado, mais do que merece suportar. Por isso a saída pelo STF é a que melhor atende à urgência nacional de se livrar de um presidente criminoso, que atenta contra a lei, a democracia e a saúde da população. 

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO