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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

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Mostrando os dentes

Zé Trovão (Foto: Reprodução)
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Intimado pela polícia federal, em função das mensagens agressivas que andou postando, Zé Trovão homenageia o chefe e mostra os dentes. Ensaia uma queda de braço com o STF. Por prudência, continua escondido. Dizem que cão que ladra não morde. Convém, mesmo assim, tomar cuidado com ele. Estamos numa confluência favorável a tais distorções, quando os valores ficam de cabeça para baixo e já não distinguimos direito o que é o que não é bom para o país. É o caso da manifestação do dia 7 de setembro, quando os seus organizadores pretendem intimidar e revelar diante de todos a força de seu temperamento. Frente a isso, estatísticas não importam. Sabemos que Bolsonaro se arrasta nas pesquisas, muito abaixo de Lula, tendo em vista o próximo pleito. Na confrontação com o Supremo, o Presidente perde o chão. No Senado, votações de projetos indicam desprestígio; o mesmo ocorre com o setor industrial e bancário. Então, por que a passeata, desta feita a pé? Para acenar com um golpe?

O pior cego e o que não vê, bem o sabemos. Estratégias que jogam areia nos olhos funcionam por algum tempo. Logo se nota que há qualquer coisa de podre no Reino da Dinamarca. No Brasil, também. Lidamos com uma inflação de dez por cento ao ano, prejudicando os assalariados. Mal dá para comprar feijão, muito menos trocá-lo por fuzil. São afirmações para as manchetes de jornal, sem repercussões no cotidiano das pessoas. Com elas e através delas, o cão apenas ladra, preso no canil e contido, a duras penas, pelos mais íntimos.  

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Trata-se, cabe reconhecer, de uma tragédia. Resta saber se apresenta os ingredientes típicos de uma quartelada com as características da falta de sensatez e do desespero. Pode preencher o espaço na cabine de um caminhão, durante uma viagem estrada afora, sob a batuta de um Zé Trovão. Transmite mais a impressão de um espetáculo de circo, entre feras, trapezistas e palhaços, para o gáudio da criançada. Há dúvidas em torno do encantamento, mesmo entre os salvos, aqueles que gostam de montar numa motocicleta e afinar o barulho do motor. O melhor da manifestação seria mantê-la no imaginário sem colocá-la em prática, uma vez que a realidade, corrigindo os cálculos, desmonta frequentemente a fantasia.  

De qualquer maneira, como vivemos durante anos na ditadura militar, entre atrocidades, terrorismo de Estado e arbitrariedades, o bom senso sugere que não devemos cochilar. Não é crônica para fins de semana tranquilos. O pior sempre permanece de plantão, à espreita, pronto para atacar. O Supremo, o Senado, os setores da indústria e do comércio, as entidades da sociedade civil, de prontidão, se o cão continua a mostrar os dentes, precisam de vacinas contra raiva, antes que as mordam e o veneno, como na Covid-19, se espalhe aos quatro ventos. Rir, é possível. Melhor do que chorar. Saber que o povo não é bobo, também representa uma boa lembrança. Desde que, a pé, de automóvel ou de motocicleta, exibindo ou não os dentes, os acontecimentos não nos iludam. Nenhum país vive de fantasmas. Trabalho, inteligência e capacidade de encontrar soluções, não nos equivoquemos, é o que precisamos e no momento não temos.

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