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Luiz Fernando Padulla

Professor, biólogo, doutor em Etologia, mestre em Ciências, autor do blog 'Biólogo Socialista'

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MST e os 75 anos da Nakba na Palestina

Resistência que existe e se fortalece a cada dia. E hoje acredito que a perspectiva é ainda mais positiva, tanto para o MST, como para a libertação da Palestina

MST (Foto: MST/Matheus Alves)
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A Palestina esteve sob o domínio colonial do Império Turco-Otomano até 1918. Depois sob o domínio colonial britânico até 14 de maio de 1948 quando a ONU aprova, de forma ilegal, sob a pressão do imperialismo estadunidense, a criação do Estado de Israel.

O dia 14 de maio de 1948 marca o começo de um novo projeto colonial na Palestina. Nakba é um termo árabe que significa “Catástrofe” ou “Desastre”. Neste dia, de acordo com dados da ONU (a mesma que legalizou essa catástrofe), 711.000 árabes palestinos foram expulsos pelas forças sionistas israelenses. Hoje, os números atualizados dos refugiados chegam aos 4 milhões.

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Curiosamente, a Resolução 194 da Assembleia Geral da ONU, feita em 11 de dezembro de 1948 menciona a necessidade de se chegar a um acordo equitativo e justo para o retorno dos refugiados ou para compensá-los pelas perdas e danos sofridos. Mas, tal como outras tantas resoluções da ONU, nenhuma foi respeitada pelos sionistas, que até hoje seguem praticando seu apartheid e crimes contra os palestinos.

(A saber: Israel segue desrespeitando os Acordos de Oslo e as próprias Cartas e Resoluções da ONU: Artigos 1, 2, 3 e 4 da Carta das Nações Unidas; Resolução 260 -Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio; Resolução 1514 - Declaração sobre a Concessão da Independência aos Países e Povos Coloniais; Resolução 1761 - Sanções recomendadas contra a África do Sul em resposta à política governamental de apartheid; Resolução 2106 - Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial; Resolução 3068 - Convenção Internacional sobre a Supressão e Punição do Crime de Apartheid).

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É importante que se entenda que a tentativa de limpeza étnica por parte de Israel é uma disputa territorial, com base em uma falácia religiosa deturpada pelos judeus sionistas, e não uma guerra religiosa como alguns tentam imputar e, assim, acusar-nos de sermos antissemitas. Basta analisar que não apenas os árabes palestinos, mas judeus antissionistas lutam e são contra o Estado de Israel. Ou seja, os verdadeiros antissemitas são aqueles que ocupam o território palestino, cometendo crimes e desrespeitando os direitos humanos.

Em levantamento feito por um censo no começo do século XX, não havia mais de 5% de judeus morando na Palestina. Existiam sim palestinos judeus, mas igualmente palestinos cristãos e palestinos muçulmanos (a maioria dos habitantes), além de algumas minorias religiosas, que conviviam de forma respeitosa. No entanto, com a política de ocupações patrocinada pelo imperialismo britânico à época, levando judeus sionistas da Europa para a Palestina, chegaram a 40%, que começaram a promover o racismo e a expulsão dos palestinos.

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Lembremos aqui que essa situação foi potencializada em 1967, com a chamada Guerra dos Seis Dias acabou com Israel ocupando a Península de Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a maior parte das Colinas do Golã.

Assim, não são os verdadeiros donos dessa terra; ao contrário daqueles que nasceram, vivem, plantam. E mesmo assim, já ocupam a grande maioria do território palestino, restando ao verdadeiro povo palestino menos de 10% do mesmo.

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Qualquer semelhança com o que ocorre com o Brasil e os crimes e avanços territoriais do agronegócio, não é mera coincidência. Desde os tempos remotos, com a invasão europeia no Brasil, os povos originários foram dizimados, com discursos de supremacia europeia, que consideravam os indígenas “seres desalmados”. Posteriormente, fizeram o mesmo com os negros, quilombolas, ribeirinhos, principalmente durante a ditadura militar que promoveu a ampliação maciça da exploração/destruição das terras, usando como argumento a falácia da Revolução Verde (e sua origem estadunidense).

Curiosamente, a fala dos sionistas para a ocupação da Palestina e dos latifundiários no Brasil era a mesma: uma terra sem homens para os homens sem terra. Como sempre, a tentativa de apagamento dos povos que ali já existiam. O discurso imperialista, como sempre arrogante, menospreza os povos. Argumentam descaradamente que são inferiores e que é preciso levar civilização, a cultura e o desenvolvimento para esses povos atrasados. O mesmo discurso que EUA fazem hoje quando invadem países e promovem guerras em nome da democracia.

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Sionistas seguem a cartilha mítica do Velho Testamento, deturpando inclusive os escritos (afinal, os tais israelitas que aparecem na bíblia e foram expulsos do Egito não tinham qualquer tipo de terra, eram uma ideologia religiosa, sem qualquer vínculo com qualquer lugar, em nada tem a ver com os israelenses), e o agronegócio a cartilha do Neoliberalismo. Em comum, pregam a destruição de tudo aquilo que não lhes interessa, desrespeitam a história. Destroem, matam. O apartheid é uma prática contra os palestinos e contra os verdadeiros produtores de alimentos brasileiros. Bombas de um lado, agrotóxicos de outro. Destruição dos lares, destruição ambiental. Mortes de ambos os lados.

E aí também se converge a luta do MST. O movimento que luta pela existência e pela terra. Pela soberania do povo e o direito de existir.

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Em comum, tanto a Palestina como o MST são alvos da propaganda mentirosa e massiva que toma conta da mídia alinhada aos interesses do imperialismo. Palestinos tratados sempre como “terroristas” e “extremistas”, e trabalhadores e trabalhadoras do MST tratados como “invasores de terras”. E ambos sofrem também com tentativas constantes de criminalização.

Omitem, no entanto, que ambos são vítimas de um sistema assassino, contrário à soberania dos povos que lutam pelo direito à terra e à existência. Os “terroristas” que resistem com pedras contra armamentos de última geração, testados contra eles e vendidos para abastecer países que sujam suas mãos com sangue palestino; “invasores” que lutam pelo cumprimento da Constituição e o papel social da terra. E assim segue propagando mentiras para formar/enganar a opinião pública.

No entanto, essas lutas possuem aliados. Seja o Eixo da Resistência para com a Palestina (Irã, Síria, Hezbollah libanês, Forças de Mobilização Popular e Venezuela), seja o povo consciente e defensor de alimentos saudáveis, que defendem e apoiam não apenas a reforma agrária, mas a nova política de produção que passa obrigatoriamente pela agroecologia.

Resistência que existe e se fortalece a cada dia. E hoje acredito que a perspectiva é ainda mais positiva, tanto para o MST, como para a libertação da Palestina. Com a queda do imperialismo estadunidense, e o surgimento do mundo multipolar, principalmente com China e Rússia, tendo o Brasil como importante protagonista, temos a chance de promovermos um mundo mais justo e igualitário. É o momento de unirmos nossas forças e pressionarmos pela reforma agrária, pelo fim das falácias do agronegócio e o fortalecimento da agroecologia.

É o momento de somarmos à causa Palestina e lutarmos por sua liberdade, soberania e pelo fim das ocupações e do apartheid promovidos pelos colonos e sua supremacia judaica. É o momento de unirmos nossas forças com mobilização, pressão popular. Um Brasil soberano e uma Palestina livre é o que desejamos e pelo que lutaremos sempre!

Como diz o professor Marcelo Buzetto, a Palestina é, hoje, o nosso Vietnã, e de lá retiramos a energia necessária para levar a justiça a todos os rincões de nosso planeta.

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