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Arthur Virgílio Neto

Diplomata, foi deputado federal, senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique Cardoso, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, líder das oposições no Senado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e três vezes prefeito da capital da Amazônia - Manaus.

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Muito agronegócio sim, na Amazônia não!

O desempenho do agronegócio é estupendo, merece todo o meu apoio. Só não pode vir para a Amazônia, para desmatar e secar nossos rios grandiosos

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As exportações do agronegócio no Brasil devem atingir o patamar de US$120 bilhões este ano, registrando crescimento de, aproximadamente, 20% em relação ao ano passado e contribuindo muito favoravelmente para a formação do PIB e para o equilíbrio da balança comercial brasileira. São vários os fatores que garantem esse verdadeiro ‘boom’ experimentado pelos produtos do agribusiness no mercado mundial. Um é que, mesmo com a queda do preço médio de quase todos os principais produtos de exportação, o Brasil se manteve como um dos principais fornecedores de commodities agropecuárias, como a soja, as carnes bovinas, suínas, o frango, além de açúcar, café e algodão.

Favoreceu-nos a desvalorização do real frente ao dólar, o que conferiu maior competitividade aos produtos brasileiros no mercado mundial. E também a forte demanda de países do Oriente Médio e da Europa pelos produtos brasileiros do setor. Outros fatores externos e climáticos também impactaram favoravelmente, apesar dos quase dois anos seguidos de pandemia. E esses resultados positivos, segundo especialistas, devem se manter pelos próximos anos.

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É tempo de o Brasil aproveitar a alta das exportações no agronegócio e voltar seus olhos para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, visando a criar condições de transformá-la em potência econômica, aproveitando a tendência de crescimento dos mercados mundiais em torno dos produtos da natureza.

É hora de nos concentrarmos na região amazônica, mais precisamente no Amazonas, que preserva 95% de sua floresta original. O desempenho do agronegócio é estupendo, merece todo o meu apoio. Só não pode vir para a Amazônia, para desmatar e secar nossos rios grandiosos. Trata-se, afinal, da região mais estratégica do país e talvez do planeta. Dona do maior banco genético do mundo, a Amazônia não nasceu para o agronegócio. Temos que buscar parceiros nacionais e internacionais e fazer daqui uma potência econômica, com sustentabilidade, floresta em pé, e bionegócios.

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Para se ter ideia do potencial da economia amazônica, o valor estimado da natureza, por meio dos serviços sustentáveis que fornece à economia global, é da ordem de US$44 trilhões, mais da metade do PIB global. Além disso, segundo pesquisa encomendada pela World Wide Fund for Nature, o interesse pelos produtos sustentáveis cresceu, este ano, 71% no mundo e 82% no Brasil. É potencial que não podemos desprezar. Precisamos, urgentemente, definir os projetos de economia sustentável, investir em ciência, laboratórios e tecnologia para melhor aproveitamento da biodiversidade. Para transformar os produtos da natureza sem riqueza perene, que não agrida o meio ambiente.

Para muitos pode parecer sonho ou, no mínimo, um projeto de larguíssimo prazo. Mas, não é. Há urgência e necessidade no projeto econômico de sustentabilidade para a Amazônia, sob todos os aspectos. Tanto na geração de riquezas, quanto na preservação ambiental e, também, nas relações internacionais. Digo e repito: a Amazônia, se bem gerida, é uma moeda global de extrema importância, porém se mal conduzida, poderá se tornar nosso calcanhar de Aquiles junto à comunidade internacional, com ameaça, inclusive, à soberania nacional.

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O país tem registrado altíssimos índices de desmatamento nos últimos anos, sem contar a contaminação das águas e dos solos pelo garimpo e outras práticas criminosas contra os índios e contra o bom senso. Não é salutar para saúde do planeta e nem mesmo para o agronegócio, que pode sair como vilão. A conta será alta e terá que ser paga, mais cedo ou mais tarde, se providências efetivas não forem tomadas já. O selo da destruição do meio ambiente nos produtos brasileiros não é bom para o negócio e nem para o país. Não se pode “passar o trator” sobre a floresta em nome de mais campos de soja e de pastos. Seria estupidez, prejuízo e crime.

É preciso lembrar que esse grande desempenho do agronegócio teve início durante as décadas de 70 a 90, com a ajuda da ciência e da tecnologia – olha ela aí – ganhando força nas décadas seguintes, brilhantemente conquistando espaços internacionais para os seus produtos. É necessário deixar claro que há incentivos e renúncia fiscal a favor do agronegócio, como a isenção dos produtos da cesta básica, estimada em R$17 bilhões para este ano; exportação rural, com R$7,5 bilhões; e agrotóxicos, com R$3,7 bilhões, representando aproximadamente 10% do total das renúncias fiscais previstas para 2021.

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Isso é prova contundente de que, um setor econômico prioritário e estratégico para a economia de um país deve, sim, receber incentivos fiscais para chegar ao máximo desempenho. E a Amazônia precisa de alternativas econômicas, da mesma forma que o país precisa se destacar no mercado mundial da natureza, com produtos bem desenvolvidos, com a ajuda da ciência, da tecnologia e do conhecimento tradicional dos povos da floresta. Temos um vasto elenco de produtos, como os fármacos, os cosméticos, o turismo ecológico e de aventura – a Costa Rica nos dá um banho nesse aspecto – sem contar nossa imensa riqueza de água doce, que vai virar commodity em bem pouco tempo

Precisamos começar, e já!

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