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Stefani Costa

Jornalista correspondente de Opera Mundi em Portugal e escreve para veículos como Jacobin Brasil, Jornal Expresso e UOL. Cobriu guerras na Ucrânia e no Líbano, eleições na Rússia e no México e as Cúpulas do Brics no Rio e Kazan. Seus focos são direitos humanos, migrações, política e cultura.

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Multidão em Israel busca por passaporte português diante de possível mudança da Lei de Nacionalidade

O clima de urgência tomou conta de Tel Aviv

Bandeira de Portugal (Foto: Jose Manuel Ribeiro / Reuters)

Na última sexta-feira (28/11), uma longa fila se formou na cidade de Ramat Hasharon, localizada a 20 minutos de carro da capital Tel Aviv. Israelenses aguardaram até duas horas para solicitar ou renovar o passaporte após uma iniciativa da Embaixada de Portugal.

A procura intensa, segundo a imprensa local, deve-se às vantagens do documento europeu, que garante livre circulação entre países do bloco, além de facilitar a busca por trabalho e o acesso ao ensino superior.

Desde 2015, descendentes de judeus sefarditas portugueses podem requerer a cidadania. No entanto, as regras devem endurecer. Uma proposta de alteração da Lei da Nacionalidade, aprovada em novembro na Assembleia da República, pretende encerrar esse processo de naturalização com base em “abusos e distorções”. O texto aguarda parecer do Tribunal Constitucional antes de ser promulgado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

O clima de urgência tomou conta da cidade. “É uma loucura o que está acontecendo aqui. Pensei em ir embora, mas me convenceram a não sair da fila. Se tivermos que sair do país, precisamos de um passaporte como este. Acho que tem mais de 500 pessoas na minha frente”, relatou um morador ao portal israelense Ynet.

Outro israelense, Eitan Baruch, explicou sua motivação: quando viaja pela Europa com o passaporte português, as autoridades migratórias “não fazem as mesmas perguntas que fazem a um israelense comum na fila”.

Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que 40% das nacionalidades concedidas por Portugal em 2023 foram para cidadãos israelenses. Esse percentual supera até os 23,5% atribuídos aos brasileiros, maior comunidade estrangeira no país, que tem enfrentado crescente discriminação alimentada por discursos de ódio de setores da extrema direita no governo.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.