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Múltiplos holofotes

Não se trata de baixar o nível da escola, mas de torná-la compatível à era da informação, em que cada um de nós deve ter a capacidade de pesquisar, selecionar e conectar informações. Muitas luzes pra nós educadores

Não se trata de baixar o nível da escola, mas de torná-la compatível à era da informação, em que cada um de nós deve ter a capacidade de pesquisar, selecionar e conectar informações. Muitas luzes pra nós educadores (Foto: Lílio Paoliello)
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Nesta semana, os alunos dos cursinhos pré-vestibulares iniciaram as matrículas para o Enem 2015. Seis meses após a ressaca do exame, agora, distanciados no tempo, podemos refletir sobre a prova anterior com maior isenção. Depois de passar um ano, discutindo com professores e alunos sobre a melhor forma de "encararmos" o Enem de frente, por um lado adaptando o trabalho escolar às necessidades dessa prova, por outro, enxergando o exame nacional de forma multifacetada, esperamos ter a tranquilidade de olhá-la além das ideologias.

A cada ponto negativo levantado sobre as últimas edições da prova, percebemos avanços consideráveis em se tratando de um exame nacional. Não custa lembrar que o Enem nasceu com o objetivo de qualificar o estudante de ensino médio para a sociedade, apresentar as potencialidades dos alunos. Em paralelo, se tornou parceiro ou substituto do vestibular e, agora, na fase o "Novo Enem", substituiu o vestibular da maioria das universidades federais brasileiras e de outras instituições.

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O processo veio se amoldando aos novos tempos. Falava-se muito: "o Enem não tem conteúdo!". Nas últimas edições, percebemos uma preocupação maior em conectar conceitos específicos das diversas áreas com as situações-problemas de cada questão. Aliás, esse é o grande diferencial do exame nacional em relação a outros vestibulares. Seja em fenômenos do cotidiano ou em contexto científico, o estudante é levado a pensar sobre o conhecimento adquirido e aplicá-lo em situações "mais concretas".

No ano passado, falou-se muito sobre o caráter político da prova. Como consultor em diversas escolas e editoras, fiz questão de fazer a prova e me submeter às condições de sua realização, experimentar o lado do aluno nessa maratona. Já das primeiras questões da prova de Ciências Humanas, emergiu, para mim, o conceito de política, em sua essência, aquilo que é do interesse do homem como cidadão.

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É de se pensar que por detrás de uma prova oficial tem o viés governamental, mas se lembrarmos que o banco de questões hoje é composto por sugestões de professores das universidades federais, podemos concluir que o pensamento desses profissionais nos levam a um visão mutifacetada, evidentemente sob o crivo dos organizadores da prova.

Ninguém pode ser ingênuo em pensar que as reivindicações de junho de 2013 seriam objeto específico de alguma questão, mas houve questões que tratou do assunto de manifestações populares de forma histórica, por exemplo, assim como outros fatos que foram manchete nos últimos tempos: a falta d'água, as questões ambientais, a diversidade em vários aspectos.

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Não podemos esquecer que mudar o tratamento dado a determinada disciplina também é uma questão política. Quando o Enem propõe questões da área de Ciências da Natureza que tratam da análise de fenômenos e não somente da análise matemática dos objetos de estudo dessa área, faz uma revolução e propõe aos professores uma mudança de foco de ensino. Ao confirmar a tendência de selecionar conteúdos mais práticos ou que levem ao desenvolvimento do raciocínio lógico mais eficaz para exercer nossa cidadania, em Matemática, convida profissionais da área a repensarem os chamados "caminhões com cálculos exagerados" que não existem no cotidiano, exceto daqueles que desenvolvem trabalhos profissionais na área.

O Enem coloca seus holofotes em uma distância dos conhecimentos mais confortáveis para os jovens que pretende avaliar, põe luzes mais fortes nas habilidades indispensáveis para a continuidade de estudos ou para o início da carreira profissional. Coloca cores na leitura e na escrita, ao valorizar a prova de redação (50% da nota final) e ao optar claramente pela análise linguística dos textos, em detrimento da aplicação simplória e mecânica da gramática normativa.

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Da mesma forma, ao analisarmos o conjunto de questões do Enem, devemos colocar múltiplos holofotes, podemos refletir sobre o que se passa na cabeça dos examinadores, mas, sobretudo, devemos discutir sobre novos parâmetros que possam dar sentido ao ensino médio brasileiro, diminuindo a evasão que ocorre nesse segmento, muitas vezes provocada pelo painel de conhecimentos tão vasto que se torna obstáculo para muitos estudantes.

Não se trata de baixar o nível da escola, mas de torná-la compatível à era da informação, em que cada um de nós deve ter a capacidade de pesquisar, selecionar e conectar informações. Muitas luzes pra nós educadores!

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