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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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Na cesta básica de Bolsonaro-Guedes, carne sobe 9% e sabonete 12%

Em novo esforço para retirar direitos dos pobres e da classe média, reforma tributária planeja eliminar a desoneração de impostos federais sobre a cesta básica, medida que irá provocar um reajuste automático em produtos de primeira necessidade" escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

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Seis anos depois de ter sido criada por Dilma Rousseff, a desoneração de impostos federais sobre os 16 produtos  da cesta básica entrou na linha de tiro da equipe de Paulo Guedes.  

A novidade vai custar caro para as famílias brasileiras,  que desde 2013 puderam aliviar as despesas com as  compras  essenciais do dia-a-dia. Para ficar em gastos importantes e simbólicos. Com a cobrança de impostos, o preço da carne pode subir  9,25%. A pasta de dentes e o sabonete,  12,5%.  

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Anunciada pelo secretário da receita José Barroso Tostes Neto (Estado de S. Paulo, 18/11/2018), como parte da reforma tributária, a proposta pretende arrancar R$ 15,9 bilhões do bolso dos consumidores brasileiros.

Sabemos que essa fortuna não vai trazer benefício algum ao país. Destina-se a reforçar o caixa de um governo ocupado em financiar privatizações, pagar juros da dívida e enfrentar despesas impagáveis numa economia em recessão prolongada, 12 milhões de desempregados e 38 milhões na informalidade.

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Também sabemos que esse novo ataque ao bem-estar dos brasileiros faz parte de um pacote maior. Envolve  a reforma da Previdência, a pressão permanente contra direitos históricos dos trabalhadores e até a redução dos homens e mulheres atendidos pelo BPC, benefício que protege os idosos brasileiros contra a indigência absoluta.

Num país com salários arrochados, uma alta no preço da comida pode ter efeitos políticos imprevisíveis.

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Não sabemos até quando o governo poderá promover novos ataques ao bem-estar da população brasileira sem enfrentar reações de maior envergadura. A própria desoneração era uma  idéia antiga nos governos Lula-Dilma. Saiu da gaveta em 2013, ano de protestos gigantescos, iniciados contra um aumento na passagem de ônibus em São Paulo -- motivo muito semelhante ao reajuste do metrô que há um mês colocou o Chile em rebelião popular.

Há quatro décadas, uma das principais entidades de resistência à ditadura militar dos mestres e grão-mestres de Bolsonaro foi o Movimento contra a Carestia, responsável por imensas manifestações em São Paulo, que reunia mães e donas de casa da periferia.

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Madrinha ideológica de Augusto Pinochet e também de Paulo Guedes, a primeira-ministra britânica Margareth Tatcher perdeu o cargo quando criou a poll-tax, um imposto individual logo classificado como infame pela maioria dos ingleses. A indignação popular produziu o maior protesto político na história inglesa do pós-guerra, forçando a renúncia de Tatcher, em 1992, decisão que abriu caminho ao retorno dos trabalhistas ao governo, em 1997.

A mobilização contra Tatcher passou por cima de uma astucia de última hora elaborada pela primeira-ministra. Num esforço para dividir os adversários inevitáveis de um imposto infame, ela criou um desconto para desempregados. Não adiantou muito, como se veria mais tarde.

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Na equipe econômica de Bolsonaro, cogita-se uma iniciativa semelhante, por uma razão idêntica. Compensar os integrantes do Bolsa Família com um reforço em seus benefícios. Não há nada de errado em  proteger aquele setor da população -- 21% dos brasileiros -- que enfrenta uma penúria que ninguém deseja para si. 

Essa iniciativa não irá diminuir nem sequer amenizar,  contudo, o sofrimento e  a injustiça da  imensa maioria de brasileiros e brasileiras. Além de dar  duro para encher a despensa no fim do mês, nossos  operários, funcionários públicos, aposentados, prestadores de pequenos serviços, informais, serão forçados a pagar mais pela carne, o arroz, a margarina e o sabonete. É uma infâmia e uma injustiça.

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