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Nathália Bignon

Jornalista e assessora parlamentar no Congresso Nacional

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Na luta pelo poder, a modalidade de Bolsonaro é o vale-tudo

Ele sabe que as vitórias de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco acabarão sendo a sua própria vacina contra os mais de 60 processos de impeachment

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Trapaça, jogo sujo, conluios. Na luta pelo poder, a modalidade de Jair Bolsonaro (sem partido) é o vale-tudo. A despeito dos 223 mil óbitos causados pela Covid-19 contabilizados até agora, da ruína da saúde, do caos e falta de garantia na oferta de vacinas, dos 14 milhões de desempregados, do crescimento vertiginoso da inflação dos alimentos (14,09% em 12 meses) e dos 26,7 milhões de brasileiros entregues à pobreza com o fim do auxílio emergencial, Bolsonaro não poupa esforços para eleger seus aliados na Câmara e no Senado.

O presidente sabe que as vitórias de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) acabarão sendo a sua própria vacina contra os mais de 60 processos de impeachment – três deles apresentados em uma única semana – que se acumulam nas gavetas do Legislativo e dos protestos que já começam a invadir as ruas do país. 

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Sabe, também, que a vitória de ambos representa o breque das investigações que acuam seu governo e seus filhos, citados em dois inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF). O primeiro, sobre os ataques contra os ministros da Corte e a convocação de atos antidemocráticos. O segundo, relacionado ao esquema de desvio de recursos montado no antigo gabinete do hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), o líder das “rachadinhas”. 

Depois de gastar R$ 15,5 milhões em leite condensado, R$ 2,2 milhões em chicletes, R$ 2,5 milhões em vinhos e R$ 32,7 milhões em pizzas e refrigerantes, as despesas de Bolsonaro com a compra do comando do Legislativo somaram outros R$ 3 bilhões esta semana, dinheiro retirado do cofre do Ministério do Desenvolvimento Regional, para encher a mão de 250 deputados e 35 senadores.

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Apesar dos valores exorbitantes, o presidente sabe que as cifras ainda não são suficientes para cobrir os custos dos favores políticos capazes de deter o já irreversível processo de esfacelamento de sua imagem, frente à obviedade de sua negligência e descaso com a saúde pública. Por isso, além da distribuição nada equitativa do dinheiro público, ele agora trabalha com valores intangíveis, aqueles derivados da oferta de postos no primeiro escalão, com a recriação de ministérios que excomungou e vociferou contra enquanto ainda era candidato.

No modelo da “novíssima velha política bolsonarista”, vale a liberação R$ 550 milhões em emendas individuais – como fez em dezembro, depois das eleições municipais – para beneficiar, claro, os aliados. Vale também a destinação de outros R$ 630 milhões em emendas extras, com recursos dos ministérios do Turismo, Desenvolvimento Regional e Agricultura, para favorecer deputados federais, prefeitos e governadores capazes de atrair votos para Lira, mesmo às vésperas da eleição, como ocorreu na última quarta-feira (27). 

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Do mesmo modo que valem as promessas de cargos em pastas de orçamentos generosos aos ‘amigos da vez’. Vale até ‘puxada de tapete’ interna, para dar esperança a integrantes do bloco de Arthur Lira de chegarem à Casa Civil e à Secretaria de Governo, atualmente ocupadas por militares. 

Nos bastidores, e em campanha pela vitória, Lira prometeu, além das vultosas emendas palacianas, indicação de até quatro ministros, com direito a vagas para centenas de assessores. 

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Na mesma semana em que Bolsonaro sinalizou que transformaria as secretarias do Esporte, da Cultura e da Pesca em ministérios, Lira deixou claro a correligionários que também esperava deliberar sobre os comandos dos ministérios da Saúde, do Turismo e outras duas pastas, ainda sob análise do Planalto. Para acomodar o Centrão, parte da turma do ‘toma-lá-dá-cá’ já conta com a possibilidade de recriar inclusive o Ministério da Previdência, extinto pelo próprio Bolsonaro e anexado à Economia.

Como vacina para o impeachment, somando todas as emendas, Jair Bolsonaro já liberou cerca de R$ 4,2 bilhões em verbas a aliados. O valor, no entanto, não contabiliza os montantes que as transações relacionadas aos comandos das pastas e órgãos significarão para os cofres públicos.

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Para financiar a aquisição das doses necessárias para a imunização da população contra a Covid-19, o governo abriu um crédito extraordinário de R$ 20 bilhões, como previsto na Medida Provisória 1.015/2020. No entanto, até dia o dia 28 de janeiro, do montante total, apenas R$ 88,9 milhões foram reservados e somente R$ 7,2 milhões foram efetivamente usados para combater a doença que se alastra pelo país, de acordo com a consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara.

Para Bolsonaro, na luta pelo poder, vale tudo. Mesmo que não haja garantias de que restará um país para governar.

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