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Leopoldo Vieira

Marketeiro em ano eleitoral e técnico de futebol em ano de Copa do Mundo

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Na quarta, Lula é Vargas, Perón, Bernie Sanders e Macron

Falar aos manifestantes ao vivo após a audiência é crucial, narrando, com a devida politização, o que ocorreu na sala, correndo os riscos disso mesmo ser um pretexto para encarcerá-lo. Isto ocorrendo, deve reviver Allende: só morto! E fazer, ele mesmo, o contra-teste da aposta eventual de Moro

O ex-presidente Lula chega em sua residência em São Bernardo do Campos (Foto: Leopoldo Vieira)
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Quem pensa que na próxima quarta-feira haverá o confronto entre Lula e Sergio Moro, engana-se. Nesta data será deflagrado abertamente o confronto sistema político x Lava Jato, ou entre a democracia x antipolítica.

Quando Moro divulga um vídeo conclamando seus simpatizantes a não lotarem Curitiba porque a Justiça dá conta do recado, ele tenta desqualificar que haja uma notória disputa política que envolve a questão: Lula, por seus feitos a favor do emprego, do crescimento, da mobilidade social, da promoção de direitos e oportunidades merece o destino que a operação, explicitamente, quer lhe dar?

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Quando Moro proíbe a defesa do ex-presidente de gravar a audiência, ele quer evitar que Lula faça uma defesa política de sua origem, trajetória e legado e ponha, na balança da sociedade, o Brasil ser grande outra vez com o significado hipotético de sua cassação.

Quando Moro acusa o ex-presidente de querer transformar o rito processual normal em ato político-partidário, ele está a afirmar a solução supostamente jurídica à solução política.

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Moro sabe o que faz.

Lança sinais e flores à base social da operação, que se embala na antipolítica (mais o antipetismo), num momento em que o sistema político como um todo está em xeque, justamente por ter parado de funcionar ao encontro da expectativa dos mais pobres e trabalhadores, dos negros, mulheres e LGBTs: em tempos de prosperidade gerar prosperidade e, em tempos de depressão, evitar o empobrecimento da sociedade, vide as reformas previdenciária e trabalhista, ou o desemprego de dois dígitos.

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Lula fez este sistema político funcionar ao contrário e é líder nas pesquisas por isso e porque também, sua origem, trajetória e legado, é mister de anti-establishment. Ele é não sendo.

Não à toa, a greve geral, embora não tenha parado o País, serviu para deslocar parcela relevante dos políticos para, no mínimo, exigir mais tempo e mais diálogo em torno da revisão de antigos direitos.

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Permitir um discurso e um ato político de Lula não serve, então, apenas à defesa do ex-presidente. Serve para alavancar o sistema para uma solução política, essencial quando a Lava Jato não possui uma consequência democrática ao impasse que criou, mas, no entanto, já condenou o País a ser ingovernável.

Só um líder com a origem, trajetória e legado de Lula pode ser popular a ponto de ser eleito vindo do sistema e liderá-lo para, ao mesmo tempo, retomar a legitimidade democrática (emprego=popularidade) para revisar o que inviabiliza o Brasil atualmente: o fato de que só será possível governar novamente em democracia ao se superar a Nova República, seu funcionamento, seu modus operandi e sua divisão de poderes e responsabilidades.

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Segundo a maior consultoria política do mundo, a Eurasia Group, Populismo é o produto do profundo desgaste do sistema político perante a sociedade. Moro aposta, evidentemente, no Populismo.

Esta é a base de Le Pen, de Trump, de Bolsonaro ou Dória/Huck. Da mesma forma que a liderança de Moro em pesquisa recente ou a popularidade de Joaquim Barbosa.

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O depoimento de Lula, nos moldes estabelecidos por Moro, é a aposta clara e consciente nisto. O start derradeiro deste enfrentamento.

Só que todos estes apostam não nos empregos, nos direitos e nas oportunidades, mas numa renovação do establishment no sentido de trocar tudo para manter como está. Não o funcionamento dele, mas no sentido oposto ao que Lula representa, que é o próprio ethos da Constituição de 1988.

Logo, é o anti-establishment anti-Constituição, como nos EUA e na França.

Lula foi o que o establishment precisava para dar conteúdo ao que a fundação dele próprio previu: concertação político-social como método para o bem-estar social.

Não se duvide que a Lava Jato faça a grande aposta/teste de prender Lula nesta quarta-feira. Melhor momento não há para medir a reação dos apoiadores em sentido amplo do ex-presidente.

Portanto, se Moro arma o palco não do confronto com Lula, mas do sistema político/democracia x antipolítica, o ex-presidente deve fazer a parte que lhe cabe.

Falar aos manifestantes ao vivo após a audiência é crucial, narrando, com a devida politização, o que ocorreu na sala, correndo os riscos disso mesmo ser um pretexto para encarcerá-lo. Isto ocorrendo, deve reviver Allende: só morto! E fazer, ele mesmo, o contra-teste da aposta eventual de Moro.

2018 como eleição normal pode ter começado no São Francisco, mas como a eleição que vai efetivamente ser e o que verdadeiramente representará para o futuro democrático do País, começará mesmo é na quarta-feira.

Temer, infelizmente, é o sistema político que insiste num balanço falido, como Washington Luís fazendo a prestação de contas da República Velha em 1930. Lula é o sistema político que encontra uma solução política, agregando os que querem mudar indo para frente, como Vargas naquele mesmo ano.

Mas, não se confunda Luiz Inácio com a tal velha esquerda. É ele que pode, novamente, unir mercado e povo, direitos humanos e direitos trabalhistas. Inflação controlada e economia anti-cíclica. Nacionalismo com garantias individuais e comportamentais amplas.

De Norte ao Sul, na próxima quarta, Lula, além dele mesmo, encarnará tanto Perón quanto Bernie Sanders. E se Macron é a analogia da vez, ele o é quem gosta e admira FHC, mas não foi ao segundo turno, por exemplo.

Fora dele, no contexto hodierno, é ser Prestes recusando o comando militar da Revolução de 30, Bolsonaro, Trump, Le Pen...

Qual a sua escolha?

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