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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Não dá mais! Ou Bolsonaro sai ou o país vira um grande cemitério

O jornalista Ribamar Fonseca defende o impeachment imediato de Jair Bolsonaro. "O Brasil é hoje um país à deriva, navegando em direção ao abismo com o coronavírus multiplicando vítimas em meio a uma vacinação incipiente e desacreditada pelo próprio governo", afirma

Carreata em Brasília pelo Fora Bolsonaro (Foto: Reprodução)
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No próximo dia primeiro de fevereiro a Câmara dos Deputados elegerá o seu novo presidente, cuja atuação poderá ser decisiva para o futuro do país. Vários candidatos estão inscritos, mas apenas dois apresentam condições para a conquista do cargo, considerando o número de votos prometidos: Arthur Lyra, apoiado por Bolsonaro; e Baleia Rossi, apadrinhado do atual presidente Rodrigo Maia. Baleia conseguiu o apoio da esquerda, que acredita que ele é a única alternativa para impedir que o capitão assuma de uma vez o controle da Câmara com a eleição de Lyra. A julgar pelas declarações do candidato de Maia, no entanto, em várias entrevistas divulgadas recentemente, ele poderá se constituir uma grande decepção, simplesmente porque tende a imitar o comportamento do seu padrinho, que posa de oposição para enganar os tolos e faz tudo o que Bolsonaro quer, inclusive engavetando os mais de 60 pedidos de impeachment que recebeu. Maia não deve tê-lo escolhido como seu candidato por acaso.

Na verdade, os partidos de esquerda, em especial o PT, deveriam reavaliar sua posição, pois os sinais emitidos por Baleia em suas entrevistas não são nada animadores. Depois de afirmar, entre outras coisas, que não assumiu nenhum compromisso para abrir o processo de impeachment do capitão, ele disse, após a repercussão negativa, que se eleito irá analisar os pedidos com critério. Ou seja, vai continuar mantendo os pedidos na gaveta. Não parece difícil concluir que a eleição de Baleia não mudará o panorama na Câmara, o que significa que Bolsonaro será vitorioso qualquer que seja o eleito, permanecendo no Palácio do Planalto destruindo o que sobrou do país após dois anos de governo. Diante disso, a melhor opção seria a esquerda apoiar, por exemplo, Luiza Erundina, do Psol, um nome confiável. A possibilidade de um segundo turno daria tempo para novas negociações. O problema é que como o voto é secreto e o Congresso está recheado de traíras, o Presidente tem o argumento capaz de convencer os maus parlamentares mais preocupados com os seus próprios interesses: as emendas milionárias. Dinheiro para isso não falta, conforme já observado em outras ocasiões. 

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O fato é que Bolsonaro continua brincando de Presidente, indiferente aos mais de 200 mil brasileiros que o coronavirus matou e ao caos em Manaus, e se não o expulsarem do Planalto as perspectivas ficarão mais sombrias, especialmente depois das ameaças veladas de um regime de exceção.  Habituado a acenar com a força dos militares todas as vezes em que sofre duras críticas e se sente enfraquecido, aparentemente endossado pelo silêncio da tropa, recentemente ele chegou a insinuar que quem determina o regime são os militares e não a Constituição, o que evidencía, mais uma vez, os seus sonhos ditatoriais. Na verdade, ele está se sentindo órfão sem Trump, seu ídolo e guru, que perdeu a eleição e deixa o poder nos Estados Unidos de maneira melancólica, sem choro nem velas, motivo pelo qual poderá em desespero, diante do cerco em todos os setores de atividades – até os jornalões, que patrocinaram a sua eleição,  já pedem o seu impeachment – lançar-se em uma aventura de consequências imprevisíveis. Para completar, vem caindo nas pesquisas, ao mesmo tempo em que cresce o movimento nas ruas pelo seu afastamento. 

Algo precisa ser feito e com urgência porque  o comportamento de Bolsonaro diante da pandemia é assustador. Enquanto todo mundo comemorou a aprovação das vacinas, que representam a esperança de contenção da pandemia no Brasil, o capitão recebeu a notícia com frieza, parecendo lamentar a atitude da Anvisa. E o general ministro da Saúde parece ter sido lançado por ele às feras, completamente perdido, desmentido pelos diretores da Anvisa quanto ao tratamento precoce da covid-19, desmoralizado pelo governador paulista que iniciou a vacinação antes do prazo anunciado por ele e acusado de ter sido informado da  ameaça de colapso no abastecimento de oxigênio para os hospitais do Amazonas  pelo menos dez dias antes da explosão da crise, sem que tivesse tomado qualquer providência para evitar o problema, que ocasionou a morte de muitos pacientes por asfixia.

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Aparentemente os dias do general Pazuello à frente do Ministério da Saúde estão contados, porque Bolsonaro, que é o principal responsável pela situação sanitária do país, como de hábito, vai transferir para ele a culpa de tudo e exonerá-lo por incompetência na condução da pasta em momento tão angustiante. E o general, que já foi humilhado publicamente pelo capitão ao ser desautorizado na compra da vacina Coronavac, vai cair levando junto o prestígio do Exército, para onde deve retornar  porque é militar da ativa. Pelo menos ele não estará no governo quando Bolsonaro for defenestrado do Palácio do Planalto, pois diante dos últimos acontecimentos  cresceu o coro pelo seu afastamento, que só não aconteceu até agora porque o deputado Rodrigo Maia sentou sobre os 60 pedidos de impeachment. O atual presidente da Câmara, que tem representado uma farsa posando de oposição, certamente pretende deixar a decisão para o seu sucessor que, se for o deputado Baleia Rossi,  vai manter os pedidos na gaveta.

O fato é que ninguém mais consegue, dentro e fora do país, admitir a permanência de Bolsonaro no Palácio do Planalto. O Brasil é hoje um país à deriva, navegando ao sabor da correnteza em direção ao abismo, com o coronavírus multiplicando o seu número de vitimas em meio a uma vacinação incipiente e desacreditada pelo próprio governo. O ministro da Saude, um general sem nenhuma credencial para comandar a pasta, já não sabe mais nem o que fala, perdendo-se nas entrevistas. O homem parece cego perdido em meio a um tiroteio. E o Presidente, seu chefe, se esforça para manter distância dele, como se isso pudesse isentá-lo da responsabilidade na condução da política de saúde pública. Por sua vez, as instituições que poderiam imprimir um novo rumo à nação estão em recesso, de férias, assistindo aos acontecimentos como se não tivessem nada com o problema. Num país sério, em momento grave como este, deveriam estar funcionando, tomando as providências de sua alçada para preencher o vazio da inação do governo. E reagir às ameaças de Bolsonaro, que costuma acenar com a força militar todas as vezes em que  se sente ameaçado. É preciso que alguma coisa seja feita – e com urgência – porque além  da pandemia, com a suspensão do auxílio emergencial o Brasil voltou para o mapa da fome, de onde havia sido retirado pelo governo Lula. Impeachment, já!

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