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Ricardo Mezavila

Escritor, Pós-graduado em Ciência Política, com atuação nos movimentos sociais no Rio de Janeiro.

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“Não dá pra fugir dessa coisa de pele”

(Foto: Vladimir Platonow/Agência Brasi)
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Um dos mais tradicionais blocos de carnaval do Rio de Janeiro, o Cacique de Ramos, que desfila desde a década de 1960 com os integrantes vestidos com trajes de povos indígenas, virou pauta entre os conservadores empoderados pela onda fascistóide evangélica que invadiu o país. Nas redes sociais os manifestantes protestaram contra a arte, cultura, história, contra a identidade social a que pertencem, cortando suas próprias raízes.

A diretoria do Cacique chegou a emitir uma nota oficial dizendo que desconhece como a manifestação contra o bloco começou, mas que respeita o debate identitário. Apesar disso, defende que tem uma longa trajetória, iniciada por integrantes com nomes indígenas e ligados à umbanda, o que explica a homenagem aos caciques.

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Nessa altura do desenvolvimento humano essa polêmica não faz o menor sentido do ponto de vista antropológico, ela serve à censura, hipocrisia, ao preconceito e como introdução de uma suposta tentativa de supremacia de uma crença sobre outra, o que reforça o caráter fascista do governo.

A raiz cultural brasileira é indígena diversificada com as raízes negras e lusitanas. Sérgio Buarque de Holanda descreve em seu livro Raízes do Brasil, quais são as raízes desse país: O índio, dono dessa terra; o negro trazido à força através do esquema colonial da máfia europeia; e o português, que fez o trabalho sujo da colonização a mando da máfia europeia (reis, Vaticano, e poderosos das sociedades secretas).

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Pode ser que exista nas manifestações racistas, o eco do conflito entre o governo e os índios: “O que está em curso é um projeto político do governo brasileiro de genocídio, etnocídio e ecocídio”, afirmaram os indígenas no manifesto, em encontro convocado pelo cacique kayapó Raoni Metuktire em janeiro. "As ameaças e falas de ódio do atual governo estão promovendo a violência contra povos indígenas, o assassinato de nossas lideranças e a invasão das nossas terras", diz o texto, redigido ao fim da reunião, na aldeia Piaraçu, na Terra Indígena Capoto Jarina.

A sede do Cacique, que não está localizada em Ramos, mas em Olaria, bairro vizinho, é, junto com o Bafo da Onça, o Bloco carnavalesco mais tradicional do Rio. Nas décadas de 1960 e 1970 travavam batalhas carnavalescas épicas na Avenida Rio Branco. Foi na sede do Bloco, embaixo de uma tamarineira, que foi fundado o Grupo Fundo de Quintal e surgiram artistas do quilate de Zeca Pagodinho. A cantora Beth Carvalho é a madrinha eterna do Cacique.

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