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      Alex Solnik

      Alex Solnik, jornalista, é autor de "O dia em que conheci Brilhante Ustra" (Geração Editorial)

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      Não é o petrolão, estúpido!

      Foi muito legal o programa "Roda Viva" de ontem, um debate sobre a crise econômica. "Por que ela está aí"? "Quais são as saídas"? foram basicamente esses os temas abordados.

      Os economistas eram de primeira, todos muito bem qualificados - o ex-ministro do governo Fernando Henrique, Bresser Pereira, o secretário de Política Econômica do governo Sarney, Luiz Gonzaga Belluzzo, o professor da FGV, Samuel Pessoa, ex-secretário Municipal de Finanças do governo Erundina em São Paulo, Amyr Khair e o professor do Insper, Marcos Lisboa.

      Observou, quem assistiu ao programa que os convidados divergiram a respeito de vários aspectos, e até trocaram farpas, com elegância, diga-se. Todos mostraram muita erudição, e muitas das ponderações, em perfeito "economês" talvez a maioria dos telespectadores não tenha entendido.

      Mas foi uma aula proveitosa e uma boa oportunidade para encarar nossa recessão de forma mais inteligente e menos insuflada por paixões políticas.

      Houve aquelas críticas que até nós, que não sabemos nada de economia já cansamos de fazer, tais como juros altos, obsessão pelo ajuste fiscal, represamento e depois grande aumento de energia, muita demonstração de conhecimento, números na cabeça, etc etc.

      Mas também houve quem dissesse – Marcos Lisboa, se bem me lembro – que talvez não seja suficiente mexer apenas nos números, ou seja diminuir a taxa de juros, por exemplo, pois em outras épocas foram essas as práticas de outros governos e não deram certo.

      Bresser Pereira disse que os cinco preços principais (que não me lembro quais são) não estão alinhados.

      Eu gostei, sobretudo, das intervenções de Samuel Pessoa, que colocou no caldeirão das causas da crise a parca escolarização do Brasil e a falta de poupança dos brasileiros. Disse ele que na Coreia do Sul a avó era analfabeta e o neto com nível de cursar o ITA. Na China, as famílias, ricas ou pobres, poupam 50% do que ganham contra 10% do Brasil.

      Belluzzo apartou, ponderando que isso acontece na China porque os chineses não têm previdência social, por isso economizam para não passar necessidades depois de se aposentarem.

      Embora sem divergir, Pessoa contou que faz parte da cultura do chinês poupar e do brasileiro, consumir, tendo sido esse, a seu ver, um erro crasso do governo Lula, que apostou tudo no consumo. Quem consome não poupa, disse ele.

      Também foi de Pessoa a previsão menos pessimista dos cinco: ele afirmou que as suas projeções indicam que 2016 pode ser um pouco melhor que 2015. Pouco, bem pouco, mas um pouco melhor.

      Não vou cansar vocês repetindo tudo o que eles disseram, todos são muito bem qualificados, eu já disse, muito competentes e com passagens por importantes cargos públicos.

      O que é importante dizer é que nenhum deles, em momento algum, nem mesmo citou os escândalos da Petrobrás como protagonistas da crise econômica, que se tornou um mantra entoado por todos os que querem ver a presidente Dilma pelas costas e aqueles que, bombardeados por informações não fidedignas imaginam que o Brasil depende do petróleo assim como a Venezuela.

      Tomara que o programa tenha servido para tirar de muitas cabeças essa lenda urbana de que a Petrobrás é a grande responsável pela recessão e dar início a discussões necessárias, relevantes e inteligentes como a do "Roda Viva".

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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