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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Não passará

Esse sr. Vicente Cândido deveria ter vergonha de apresentar uma proposta indecente como essa. Isso que ele apresentou para ser votado na próxima semana não é uma reforma política; é mais uma facada nas costas dos brasileiros, um retrocesso político e uma nova forma de reeleger os caciques dos partidos, tenham votado nesse ou naquele projeto, tenham votado contra ou a favor da salvação de Temer

Esse sr. Vicente Cândido deveria ter vergonha de apresentar uma proposta indecente como essa. Isso que ele apresentou para ser votado na próxima semana não é uma reforma política; é mais uma facada nas costas dos brasileiros, um retrocesso político e uma nova forma de reeleger os caciques dos partidos, tenham votado nesse ou naquele projeto, tenham votado contra ou a favor da salvação de Temer (Foto: Alex Solnik)
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Esse sr. Vicente Cândido deveria ter vergonha de apresentar uma proposta indecente como essa.

Não pense ele que por ser do PT tem carta branca daqueles que se opõem a Temer.

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Não, senhor.

Isso que ele apresentou para ser votado na próxima semana não é uma reforma política; é mais uma facada nas costas dos brasileiros, um retrocesso político e uma nova forma de reeleger os caciques dos partidos, tenham votado nesse ou naquele projeto, tenham votado contra ou a favor da salvação de Temer.

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Todos serão salvos se esse projeto for aprovado, no que não acredito.

E não será aprovado por duas razões. Primeiro, porque Temer não está empenhado nisso – e quase 300 deputados não estão habituados a votar sem alguma recompensa - e segundo porque seria um tiro no pé do chamado baixo clero, formado pela maioria dos deputados, esses que nunca falam no microfone, não aparecem na TV, nem seus nomes se publicam nos jornais.

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Se aprovarem o sistema Afeganistão não se elegem nunca mais.

Antes de falar do assalto ao bolso já minguado de todos nós, o povo, é importante lembrar que esse monstrengo também enfraquece os partidos; os candidatos são as estrelas e não eles.

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Será a porta de entrada para outsiders e paraquedistas como astros da TV e empresários "bem-sucedidos" em todos os patamares políticos da nação.

É um projeto que faz o eleitor votar em "celebridades" e não em ideologias. Um BBB gigante. Chose de loque, como diria aquele personagem do Jô Soares.

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Mas tem a parte da grana. Como é que o sr. Vicente Cândido se atreve a pedir mais 3,5 bilhões do tesouro nacional já afundado num rombo de 159 bilhões? E com essa desculpa cínica de que é um fundo para defender a democracia. "Ah, senão só os ricos serão eleitos".

Ocorre, caro Vicente Cândido que os ricos serão eleitos de qualquer jeito, com fundo público ou sem fundo público.

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Sabe por que? Porque além de usarem o fundo público ainda têm a sua grana e a grana dos amigos. Ou o senhor diz no seu projeto que quem for rico não poderá usar o fundo público? O sr. acha que o sr. Eunício Oliveira, apesar de ser muito rico não vai usar o fundo? O sr. Jucá não vai usar fundo? E os pobres, sr. Vicente Cândido, terão lugar na lista partidária inventada pelo senhor no Distritão? Faça-me um favor! Conte outra!

Essa desculpa não vale, portanto. Não é porque desse jeito os pobres vão ter vez e voz. Não vão.

O sistema também não vai acabar com a corrupção, como supõem os doutos magistrados que proibiram doações de empresas aos partidos. Os poucos decentes que estão lá, se forem reeleitos, continuarão sendo decentes. Mas a maioria de indecentes serão eleitos com o fundo público e, de posse do mandato vão negociar emendas e facilidades especiais na máquina pública com os grandes empresários, como sempre aconteceu.

Quem está na política porque é lá que está o dinheiro vai continuar usufruindo dele e agora com a vantagem de se eleger com o nosso dinheiro.

Só que ele não fará contrapartidas ao povo e sim aos mesmos empresários que não precisarão gastar nem montar esquemas complexos de corrupção para elegê-lo.

Esse fundo público do sr. Vicente Cândido – é preciso dar nomes aos bois – só traz vantagens aos que já estão na Câmara, aos que já são ricos e às empresas que têm negócios com o governo.

Se o senhor tivesse ouvido nós, o povo, saberia que não é essa a reforma política que queremos. A ser essa é melhor continuar como está.

A nossa reforma é baixar os salários, mordomias e todos os penduricalhos financeiros a que têm direito os políticos em todo o país – que é a primeira medida anti-corrupção porque se há menos dinheiro ser político não será atraente para os corruptos. É assim que é nos países menos corruptos do mundo, como na Noruega, onde o primeiro-minsitro vai ao trabalho de metrô. Isso é democracia, sr. Vicente Cândido.

A nossa reforma é acabar com qualquer doação do tesouro para os partidos – os partidos que se virem para sustentarem suas máquinas, como fazem todos os outros ramos de atividade. Como se dizia antigamente, quem não tem competência não se estabelece.

A nossa reforma é acabar com a proliferação de legendas, ideologicamente vazias e criadas com o único intuito de serem vendidas ou vender seu tempo gratuito de rádio e TV.

A nossa reforma é proibir que horário de TV seja comprado e vendido – afinal, ele não é gratuito?

A nossa reforma é baratear as campanhas. Se tevês e rádios oferecem espaço gratuito basta ocupá-lo. Ao vivo. Como fez Jânio Quadros em 1985, olho no olho. Não é necessário produzir peças publicitárias, porque político não é sabonete. Aliás, publicitários deveriam ser proibidos de fazer campanha política. E o governo deveria ser proibido de ter verbas publicitárias. A campanha política tem que ser feita de ideias e não de imagens mirabolantes.

Além de ser barata – custo zero – uma campanha sem recursos publicitários seria mais honesta e mais verdadeira.

Os políticos também podem utilizar a internet nas suas campanhas, sr. Vicente Cândido, o que é totalmente gratuito, a não ser que se monte esquemas de ataque a adversários como o do MBL.

Ainda que custe, não é um esquema tão oneroso como os gingles enganosos que só iludem a população e depois a revoltam.

Pena, sr. Vicente Cândido o senhor ter perdido uma oportunidade tão importante para civilizar e qualificar a nossa democracia e mais uma vez ludibriar e empobrecer os brasileiros.

Mas tenho fé que essa reforma não passará.

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