Não podemos deixar a absurda ideia de anistia ser banalizada — isso é normalizar o golpismo
'O plano da anistia é única e exclusivamente para livrar da cadeia o maior covarde da nação, o senhor Jair Bolsonaro', escreve Adão Pretto Filho
Nesta semana, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, está em Brasília conduzindo um verdadeiro mutirão junto ao Centrão, pressionando para que seja pautado o projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro. À medida que essa ofensiva ganha espaço nas manchetes dos jornais, cresce o risco de que essa excrescência seja tratada como um tema comum, sem o repúdio que merece da sociedade.
Curiosamente, essa intensificação das reuniões e da pressão por anistia segue à risca os ensinamentos do guru da extrema-direita, Steve Bannon: quanto mais notícias absurdas são lançadas à população, mais ela se torna anestesiada, perdendo o senso crítico e tratando essas ações como banais.
Nas próprias defesas apresentadas pelos réus no julgamento, vemos uma estratégia igualmente perigosa: os advogados já nem tentam desmentir os fatos, mas insistem em uma narrativa falaciosa de que, como o plano não foi colocado integralmente em prática, isso justificaria uma suposta inocência dos golpistas. Nossa sociedade não pode cair nessa armadilha — e muito menos os presidentes da Câmara e do Senado.
O plano da tal anistia, todos sabem, é única e exclusivamente para livrar da cadeia o maior covarde da nação, o senhor Jair Bolsonaro. Tudo isso ocorre na mesma semana do julgamento histórico de Bolsonaro e seus comparsas militares golpistas. É um episódio que deveria estar marcado pela gravidade e pela lembrança do que esteve em jogo: se o golpe tivesse sido bem-sucedido, Lula, Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes poderiam ter sido assassinados. O desprezo à vida, aliás, é uma das marcas de Bolsonaro e de milicos covardes que perseguiram, torturaram e mataram milhares de brasileiros e brasileiras durante a ditadura militar em nosso país.
Que estejamos vigilantes pela nossa democracia, para evitar que qualquer retrocesso seja imposto. Que os condenados de hoje sirvam de exemplo, lá na lata de lixo da história onde habitam, para que ninguém mais ouse tentar dar um golpe contra a nação.
E que, ao final desse processo, não nos falte fôlego para poder dizer, em alto e bom som: sem anistia para golpistas.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




