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Luís Antônio Albiero

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Não precisava, ministro

A biografia de Almir Pazzianotto Pinto não merecia essa mácula nos capítulos derradeiros. Que tristeza

Dino, a postagem e Pazzianotto (Foto: Reprodução do blog do Gilberto Lima)
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Estive lendo a enxurrada de comentários e respostas dadas a um tuíte do ex-ministro do Trabalho, ex-presidente do TST, meu conterrâneo de Capivari, SP, Almir Pazzianotto Pinto, pessoa por quem tive a honra de ser recebido em seu escritório em São Paulo em 2003 - às vesperas de eu assumir o cargo de assessor jurídico da Liderança do PT na Alesp -, ocasião em que ele me disse, para minha surpresa e alegria, que era leitor dos meus escritos no saudoso jornal "Dois Pontos - Capivari", do qual fui um dos sócios fundadores.

Almir postou no antigo Twitter, plataforma hoje reduzida ao enigmático "X" (eita, Elon Musk!), uma crítica ao ministro Flávio Dino por este ter "determinado a invasão à residência de um general de quatro estrelas" - o que, por evidente, passa longe de ser verdadeiro.

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Sem perceber que a bobagem redigida e publicada pelo amigo ex-ministro já havia tido grande repercussão, inclusive com nota do próprio Flávio Dino, postei, muito constrangido, um comentário em que explicava a ele que a polícia federal só "invade" casas em atendimento a ordem judicial. Coisa básica. Qualquer estudante de Direito de primeiro semestre sabe que a casa é o "asilo inviolável do indivíduo", na qual só se pode penetrar por determinação judicial ou em situações excepcionalíssimas previstas na própria Constituição, como flagrante delito ou desastre.

Em seguida, inspirado num comentário de um faceamigo, fiz nova intervenção para dizer que a postagem dele, ex-ministro, jurista renomado e respeitado, contribuía para fomentar uma "feiquinius", a de que a ação da polícia federal teria sido ilegal.

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Por fim, comentando uma resposta que o próprio ex-ministro havia dado a um dos inúmeros comentários que lhe foram endereçados, aduzi que imaginar que o governo Lula pudesse mesmo determinar a invasão de qualquer casa era desconhecer que hoje os tempos são outros, em que a Polícia Federal age de modo estritamente republicano - reconhecimento que, se bem o conheço, ele jamais fará.

Lembrei-o de que quem pôs a mão pesada do Estado brasileiro no pescoço de um pobre porteiro havia sido outro ex-ministro da Justiça, o finado "herói nacional" Sérgio Moro, exatamente para dar sumiço a provas e testemunho do aparente envolvimento do então presidente da República, Jair BolsoNero, no assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson.

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Enfim, lendo um a um os comentários, a enxurrada de respostas ao equivocado tuíte, cheguei à conclusão de que o ex-ministro Almir Pazzianotto bem poderia ter-se abstido de se expor a tamanha vergonha pública.

A biografia dele, marcada indelevelmente pelo comportamento aguerrido durante os anos de chumbo da ditadura militar, quando foi advogado do sindicato dos metalúrgicos do ABC e teve a oportunidade de conhecer e assessorar o hoje presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, não merecia essa mácula nos capítulos derradeiros. Que tristeza.

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