Não vai ter golpe, vai ter luta!

O humorista Jaguar foi certo dia ao zoológico do Rio e parou na frente da jaula do macaco. Após alguns segundos de olhos-nos-olhos-quero-ver-o-que-você-faz, o macaco fez: jogou-lhe uma quantidade generosa do esterco que estava ali à disposição.

Jaguar não se fez de rogado, e devolveu com uma quantidade generosa de esterco no macaco. E estavam nessa fuzarca quando dois seguranças chegaram, pegaram Jaguar pelo suvaco, cada um de um lado, e o arrastaram para fora do zoológico, enquanto o humorista protestava, olhando para trás por cima dos ombros:

– Foi ele que começou! Foi ele que começou!

O macaco deve ter outra versão para a álacre guerrinha entre eles. O que leva ao diálogo que um escritor inglês criou entre o rei Arthur e o mágico Merlin. Este diz que as guerras são tão terríveis que não deveriam ser permitidas. E o rei observa que ambos os lados dizem que foi o outro que começou. Merlin concluí:

– Pelo menos mostra que os dois lados tem consciência, dentro de si mesmos, de que a perversidade da guerra está em começá-la.

Jango foi golpeado e preferiu retirar-se de cena a contragolpear os golpistas para não mergulhar o país numa guerra fratricida. Os golpistas de hoje tentam de novo golpear uma presidente constitucionalmente eleita. Tentaram antes mesmo da vitória dela. E procuram encobrir a perversidade com o nome de impeachment.

Mas desta vez não vai ter golpe. Vai ter luta.