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Luiz Eça

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Negociações de paz na Palestina estão por um fio

Patrocinadas pelos EUA, as negociações começaram em julho e mais se arrastaram do que caminharam

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Patrocinadas pelos EUA, as negociações começaram em julho e mais se arrastaram do que caminharam.

As divergências logo se mostraram graves e o clima inicial de boa vontade se dissipou com a contínua expansão de novos assentamentos por Netanyahu.

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Mais recentemente anunciou mais 20.000 assentamentos.

Foi demais.

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Os palestinos ameaçaram fazer as malas.

Kerry pressionou, obrigando o premier israelense a adiar seu lançamento para melhor ocasião.

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Em compensação, pouco depois, aprovou planos para construção de mais 829 unidades residenciais em assentamentos na Margem Oeste ocupada, debaixo das esperadas críticas dos palestinos.

Em protesto contra assentamentos anteriores, membros da equipe palestina de negociadores já haviam renunciado.

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Um deles, Mohamed Shtayyeh, revelou informações secretas nada alentadoras sobre o andamento dos trabalhos: haveria um abismo separando as exigências das duas partes, "bloqueando qualquer possibilidade de acordo de paz".

A mediação dos EUA era considerada desequilibrada em favor de Israel, que, por sua vez, insistia em anexar grandes setores da Margem Oeste.

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Preocupado com o andamento milimétrico das negociações de paz, o secretário de Estado, JohnKerry, levou uma proposta americana para resolver um dos mais duros impasses: o controle do Vale do Jordão.

Parando em Israel, ele reiterou o que Obama já muitas vezes havia dito: na criação da Palestina independente, a prioridade absoluta dos EUA era a segurança de Israel.

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Sua proposta atenderia a esse valor e também aos interesses palestinos.

Não foi revelada oficialmente, mas o jornal israelense Haaretz encarregou-se disso, na edição de 6 de novembro.

O vale do rio Jordão, fronteira entre o futuro Estado da Palestina e a Jordânia, ficaria sob o controle de uma força internacional e também de forças palestinas e israelenses.

O governo de Telaviv não levou um minuto para rejeitar energicamente. Israel não admite palestinos assumindo parte do vale do Jordão.

Insiste em manter controle civil e militar sobre todo o vale do Jordão.

Primeiro, por razões econômicas. Não renuncia ao domínio da água do rio Jordão – preciosa numa região onde escasseia. Se também é preciosa para os palestinos, problema deles.

O outro motivo relaciona-se à segurança, pouco razoável, pois nessa região ela não está em jogo. Afinal o que se discute é o controle da parte do rio do Jordão que separa a futura Palestina da Jordânia. Não de Israel.

O fator segurança também é alegado como justificação para outra exigência israelense: manter o controle do espaço aéreo.
E querem ainda mais: controle israelense do lado palestino da passagem pelas fronteiras com Israel.

É difícil discordar quando líderes palestinos afirmam que as assim chamadas necessidades de segurança de Israel são usadas para justificar usurpações de territórios e da independência da Palestina.

Vários acham que, ao aceitar essa excessiva e oportunista supremacia do valor "segurança", Kerry faz o jogo de Israel; não atua como um mediador imparcial.

Passando mais da metade do prazo das negociações, sem progressos, só com divergências, a União Européia considera que John Kerry parece estar pregando num deserto.

O projeto de boicote dos produtos dos assentamentos tinha sido adiado para não irritar os israelenses nas negociações de paz.

Agora que elas parecem sem chances, alta autoridade européia anunciou que a execução do plano provavelmente começaria logo.

Andreas Reinicke, representante especial da União Européia no processo de paz no Oriente Médio, informou: "Quando eu assumi, havia 2 países europeus que apoiavam marcar os produtos dos assentamentos. Agora, 14 países (a metade do total) apóiam. É óbvio que a questão seja levantada outra vez, se as partes (israelenses e palestinos) não chegaram a um acordo."

Há outra possibilidade, até mais importante.

Uma autoridade sênior européia declarou sob condição de anonimato: "Se as negociações falharem, nós nos perguntaremos, porque continuar transferindo centenas de milhões de dólares à Autoridade Palestina?"

Há informações de que os 300 milhões de euros da Europa só não foram ainda cortados porque resolveu-se dar uma chance para as negociações de paz.

Se não derem certo, dinheiro europeu deve parar de financiar a Autoridade Palestina, deixando-a sem recursos para continuar administrando.

Abbas teria de renunciar a seu cargo. Fechar seu escritório e entregar as chaves para o governo de Israel.

Esquecendo a irrealista opção armada, só restará aos palestinos a resistência civil, tal como formulada pelo líder moderado, Barghouti (ora cumprindo pena em prisão de Israel) : recusa dos palestinos em colaborar com Israel em todas as áreas, inclusive segurança e pagamento de impostos; estimular campanhas de boicote internacional dos assentamentos; denunciar Israel em todas as entidades supra-nacionais de direitos humanos; processar o governo de Telaviv no Tribunal Criminal Internacional por violação dos direitos humanos e das leis internacionais.

Não se engane, pode até dar certo.

A resistência civil é um arma poderosa que, bem usada, chega a destruir muralhas consideradas indestrutíveis.
Gandhi conseguiu isso.

Os israelenses não são burros. Conhecem o poder de fogo da resistência civil e farão de tudo para enfrentar o perigo.

Além dos mais modernos e aperfeiçoados armamentos e de comunicação, contam com o apoio americano.

Graças a ele, esperam que Abbas e seus assessores sejam convencidos a aceitar a paz que interessa a Israel.

Apesar da fraqueza do líder palestino, isso só deve acontecer se Israel redefinir seus interesses em termos bem menos ambiciosos.
Com Netanyahu, as chances parecem diminutas.

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