Nem panela, nada
Condenação de Bolsonaro marca um divisor histórico e cala até seus seguidores mais fiéis
O julgamento na Suprema Corte que condenou autoridades militares e civis, como o general Braga Neto e o ex-presidente Jair Bolsonaro, entra para a história como um acerto de contas com o passado - o general Augusto Heleno era capitão ‘linha-dura’ na ditadura militar - e um aviso para o futuro, de que é crime tentar abolir o Estado Democrático de Direito.
Foi pedagógico o gesto do ministro e relator Alexandre de Moraes, quando exibiu vídeo de Bolsonaro ameaçando a Justiça. O eminente relator disse que aquelas ameaças, se não punidas exemplarmente, poderiam se repetir em qualquer cidade onde o prefeito pratique abuso de poder e pretenda atacar o juiz da comarca.
A novidade ficou por conta dos eleitores de Bolsonaro, que não reagiram diante do 11 de setembro da democracia. Não houve ‘panelaços’, orações ou contatos imediatos com extraterrestres. Mantiveram-se no silêncio acusatório de uma descarga elétrica, como se assumissem a pena para eles.
O que se viu foi uma mulher, que perdeu o pai na pandemia, gritar da janela de seu apartamento após a decisão do STF: “Foi por você, pai, que não teve direito de se vacinar, nunca foi uma gripezinha, um mimimi”. Milhares de pessoas devem estar com esse mesmo sentimento de dor e revolta, mas de alma mais leve e tranquila.
O crime não compensa, sr. Bolsonaro. O seu tempo na política acabou, daqui para frente vai conviver com o peso de sua ‘burrice’ crônica e no isolamento do seu deboche barato. Você não sabe, porque o desvio de caráter não permite, mas a democracia é um bem de valor inestimável para uma nação, não se pode querer usar como brinquedo.
A discussão da hora é para onde Bolsonaro será conduzido para pagar a sua pena de vinte e sete anos. Devido ao seu histórico de atleta, e por se tratar de uma “condenaçãozinha”, é quase certo que a Papuda lhe espera, mas como eu não sou carcereiro, finalizo: e daí?
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

