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Francisco Calmon

Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Membro da Frente Brasil Popular do ES

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Nem todo politico é administrador. CQA neles!

Quem sabe faz a hora, e nem sempre a cautela é boa conselheira. Muitas vezes a ousadia se faz mister para vencer

INSS (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Quando não falta vocação, falta conhecimento.

Tendo formação, sabe-se que, ao chegar para gerir um órgão, pequeno, médio ou grande, a primeira tarefa é fazer uma radiografia organizacional e de recursos humanos, sem a qual não se consegue realizar um diagnóstico e detectar os pontos fortes e os vulneráveis.

Em seguida, realizar o planejamento estratégico do organismo, estabelecendo metas conforme os cenários potenciais levantados no passo anterior.

Durante a realização do planejamento, é necessário atribuir a função de controle de qualidade assegurada ou total (são conceitos), para evitar a “merda” alertada pelo xará Chico Buarque.

Além da administração precária, é preciso remontar ao fato de que, desde a ocupação do Brasil, a corrupção se estabeleceu. A prática corrupta dos invasores, dos aventureiros e dos nobres portugueses está na gênese da descoberta do Brasil.

E nunca foi estancada, pois dela se locupletam as classes dominantes, do colonialismo ao capitalismo. Civis e militares, homens e mulheres, brancos e negros.

 A farra corrupta no INSS vai gerar a farra do Ciro-oportunista-Gomes.

São tantas coisas graúdas para se indignar e comentar que o espaço é pequeno e, juntando alhos com bugalhos da conjuntura, há o risco de tornar o texto longo.

A normalização da corrupção e de charlatões apedeutas da política institucional faz parte da cultura da construção do país.

Os esportes, quando têm apostas, é só procurar que se encontrará fraudes e subornos. Tal como na política, a corrupção está entranhada na maioria dos partidos. Portanto, quando se trata de uma ampla frente política, da esquerda à direita, e ainda os infiltrados da extrema-direita, as indicações para o governo estão sempre sujeitas a quadros de pretéritos corruptos.

Tanto o ex-ministro Carlos Lupi quanto o seu escolhido para chefiar o INSS têm históricos comprometedores. Aliás, ressalta-se: a farra no INSS iniciou com Temer e mais ainda na gestão bolsonarista.

A equipe de transição do governo, além de queimações entre os membros, fez o quê?

Uma boa equipe não gastaria mais de um mês para realizar e obter esses produtos mencionados no início deste artigo, e o caso Lupi e INSS não chegaria a tanto prejuízo financeiro e político se aplicada essa técnica elementar.

A má condução administrativa movida pela corrupção é letal para o progresso que a nação merece.

Prisão com vistas para o mar e com todas as mordomias de um apartamento de 600 m², no valor de R$ 9 milhões, para Fernando Collor de Mello, é um deboche, um acinte, uma desmoralização do Judiciário e, também, um alerta: nem Xandão, nem Barrosinho, nem Fux mata no peito, et caterva, têm independência e coragem para aplicar a mesma regra para um filho das elites que aplicam nos filhos da periferia social.

Aliás, as famílias dos presos comuns, os movimentos de direitos humanos, as associações de operadores do Direito precisam se manifestar contra um STF que oscila entre o punitivismo e a complacência com os criminosos das classes dominantes. Deveriam fazer uma marcha silenciosa contra a hipocrisia do sistema de justiça.

A prisão de luxo de Collor e a forma do asilo da ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, no Brasil, podem ser precedentes favorecedores para o Bolsonaro.

A título de especulação, imaginemos que, um dia antes ou um dia depois da condenação do terrorista-golpista, ele receba prisão domiciliar em um dos seus vários imóveis ou se asile na embaixada da Argentina e vá fazer dupla com Milei em ataques permanentes, enquanto vigerem, ao Estado democrático do Brasil.

Como citei antes, o Chico Buarque, meio que na galhofa, mas certeiro na observação, sugeriu que fosse criado o ministério “vai dar merda”; creio que a sugestão está valendo ainda mais.

Traduzindo para a teoria da administração, evitamos os excrementos com a aplicação do conceito de Controle de Qualidade Assegurada ou Total, CQA ou CQT. Para tanto, cada ministério deve ter um fiscal de qualidade para formar o comitê, que atuará de forma horizontal. Não vou me alongar, porque teria que descrever muito sobre a matéria.

A presidenta Dilma era acelerada em denúncias de corrupção: a imprensa denunciava e ela exonerava. Ficou pautada pela mídia. Lula, ao contrário, deixa a mídia fritar e depois colhe o óleo queimado.

Pisa no acelerador, presidente Lula, e complete a reforma necessária.

Quem sabe faz a hora, e nem sempre a cautela é boa conselheira. Muitas vezes a ousadia se faz mister para vencer.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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