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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

629 artigos

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Neoliberalismo de Temer afunda com nacionalismo protecionista de Trump

Na briga com o nacionalismo de Trump, o neoliberalismo tupiniquim de Temer/Meirelles fica com os dias contados, salvo se, também, partir para o mesmo jogo nacionalista. Aí, pelo menos, teria alguma chance de se salvar, apostando no potencial nacional, em vez de sucateá-lo, como vem fazendo, com sua política de congelamento neoliberal

Na briga com o nacionalismo de Trump, o neoliberalismo tupiniquim de Temer/Meirelles fica com os dias contados, salvo se, também, partir para o mesmo jogo nacionalista. Aí, pelo menos, teria alguma chance de se salvar, apostando no potencial nacional, em vez de sucateá-lo, como vem fazendo, com sua política de congelamento neoliberal (Foto: César Fonseca)
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Na forca

Na briga com o nacionalismo de Trump, o neoliberalismo tupiniquim de Temer/Meirelles fica com os dias contados, salvo se, também, partir para o mesmo jogo nacionalista. Aí, pelo menos, teria alguma chance de se salvar, apostando no potencial nacional, em vez de sucateá-lo, como vem fazendo, com sua política de congelamento neoliberal.

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Qual alternativa: manter congelados gastos sociais que geram renda ativadora do PIB ou descongelar gastos financeiros, especulativos, promotores de déficit público incontrolável por meio do crescimento da dívida interna a juros altos, favorável ao mercado financeiro e prejudicial à população assalariada?

O governo Trump fez dois movimentos que jogam o Brasil à beira do precipício: 1) aumento gradativo do juro anunciado por Jerome Powell, do FED; 2) aumento forte das importações de aço e congêneres.

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Nos EUA, corre solta a notícia de que outros setores econômicos entrarão na dança protecionista trumpiana.

O aumento do juro americano obriga o BC nacional a frear queda do juro interno, de modo a evitar fuga de dólares para os títulos americanos. Se não fizer isso, terá mais dificuldade para rolar a dívida.

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Só que juro mais alto, piora a situação financeira, produzindo déficit(custo de rolagem dos papéis do governo) e inflação(custo produtivo repassado aos consumidores).

Ademais, juro interno mais alto produz, na disputa com o juro americano, sobrevalorização cambial.

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Se já vai ficar mais difícil exportar para os Estados Unidos, diante do protecionismo trumpiano, imagine com câmbio sobrevalorizado!

Desindustrialização mais acelerada à vista, mais desemprego etc e tal.

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Agonia imperial

O movimento de Trump representa agonia do imperialismo financeiro especulativo de Tio Sam.

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Já foi o tempo em que o império americano trabalhava com câmbio sobrevalorizado para importar barato, pagando importações com dólar forte, acumulando déficits comerciais.

No pós-guerra(Acordo de Bretton Woods, 1944, dólar super poderoso), essa foi a jogada para tirar a Europa das garras do comunismo soviético: Tio Sam acumulava-se déficit comercial, liquidado com superavit financeiro, produtor de senhoriagem, graças ao poder emissor imperial.

Mantinha a Europa no jogo anglo-americano ocidental.

Até os anos 1970, tudo era céu de brigadeiro, embora fossem sendo acumulados os déficits durante guerra fria, guerra do Vietnan etc.

Em 1974, Washington, diante das ameças ao dólar, descolou-o do ouro.

Desde então, Tio Sam deixou sua moeda flutuar, passando pelas volatilidades dos anos 80 e 90, com desregulamentação do mercado financeiro global, até chegar no crash especulativo de 2008.

A dívida pública encontrou seus limites ao alcançar, depois do crash, o patamar dos 30 trilhões de dólares, com as ampliações das ofertas monetárias gigantes, para jogar juro a zero ou negativo, a fim de sustentar consumo e produção a custo baixo, bem como baixo o custo de financiamento do endividamento público monstruoso, paralisante.

De lá para cá, o poder imperial incontrastável murchou diante de bolhas financeiras e de volatilidades, especialmente, com emergência econômica chinesa.

Com a China maior detentora de dólares fora dos Estados Unidos, graças sua política de desvalorização cambial permanente, acumuladora de superavit comercial, gerado pelas próprias indústrias americanadas, instaladas em solo chinês, devidamente estimuladas, com contrapartida chinesa nos seus patrimônios, Tio Sam virou refém dos herdeiros de Mao.

Dólar fraco

Washington tem, agora, que trabalhar com dólar volátil: não pode ser fraco, para encarecer importações e aumentar inflação, nem pode ser forte, que impediria exportações, sucumbindo-se, totalmente, à concorrência chinesa e alemã.

Sinuca de bico: se o juro subir, a dívida sai dos eixos; se cair demais, aumenta demasiadamente importações, sucateando indústria e aumentando desemprego.

Com a jogada protecionista, puxando, violentamente, tarifa do aço, podendo puxar outras tarifas, também, Trump tenta chupar cana e assoviar ao mesmo tempo: dólar competitivo com juro positivo, mas nem tanto.

As empresas americanas fora dos Estados Unidos, como as instaladas em solo chinês, chiam, porque, afetadas pelo protecionismo de Trump, terão suas ações desvalorizadas na Bolsa de Nova York e lucros em queda.

Ficarão em solo chinês ou voltarão para a América?

Globalização comprometida?

O abalo bursátil produzido pela jogada trumpiana, registrado semana passada,  continuará ou não produzindo volatilidades nos próximos dias, semanas e meses?

Globalização em risco: turbulências nos países exportadores de matérias primas e semielaborados para os Estados Unidos, como é o caso do Brasil, onde avança a reprimarização econômica no ritmo do congelamento neoliberal.

Mantida essa tendência protecionista trumpiana, logo, logo, pintarão tarifas de importações, também, sobre produtos agrícolas.

Os americanos, se não reagirem aos produtores agrícolas brasileiros, que caminham para produzir 400 milhões de toneladas de grãos/ano, nos próximos 2/3 anos, perderão mercado.

Assim, a economia brasileira, em 2018, passa a viver na corda bamba: sobretaxas sobre produção primária de minerais e semielaborados; possíveis sobretaxas sobre agricultura; e câmbio e juros mais altos para produção industrial e mercado consumidor – tudo isso em ano eleitoral.

Prejuízos inevitáveis:  1) imposto por fatores externos(nacionalismo trumpiano) e 2) por turbulência interna(congelamento neoliberal).

Talvez não sobre saída ao governo ilegítimo Temer, senão repetir o próprio Trump: jogar com o nacionalismo, fazendo o que Lula fez para fugir do crash de 2008: ativar mercado interno.

Teria que fortalecer o poder de compra dos consumidores para desovar estoques que se acumularão com derrocada das exportações, na reviravolta da globalização, freada por Trump.

Como ficaria Temer, no plano político eleitoral, se essa virada for materializada, ele sendo candidato, especialmente, se Lula não puder disputar?

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