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Renata Barbosa

Renata Barbosa é cientista política

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Neoliberalismo: o economicamente incorreto

Não obstante às crises financeiras internacionais que o neoliberalismo já causou, como o Efeito Tequila, em 1994, no México, e as recessões econômicas na Ásia, em 1997, e nos Estados Unidos, em 2008, perpetua-se a defesa irracional da ideologia por quem afirma que o Deus Mercado é onipotente

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Nossas percepções são moldadas por imagens que criamos do mundo, e o estado de dissonância cognitiva é marcado pelo repúdio a novas informações frente àquelas já consolidadas em nossas mentes, assim como a concepção errônea é capaz de alterar a interpretação de fatos e informações. Esses são alguns dos mecanismos de análise usados no mundo da ciência política para examinar o porquê de governantes e tecnocratas decidirem por medidas que vão contra sua população ou outros territórios, criando, assim, indiferença, conceitos falhos, estereótipos, e inimigos imaginários.

"Não sei por que as pessoas não escutaram que a desigualdade é nociva, mas, certamente, os economistas se revoltaram e disseram que não era problema deles.”

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Essa declaração, feita em 2017 por Christine Lagarde, então Secretária-Geral do FMI, no Fórum Econômico Mundial, em Davos/Suíça, expõe claramente a dissonância cognitiva, pela recusa à aceitação de novas informações.

Isto porque, desde maio de 2016, o FMI havia reconhecido os efeitos negativos oriundos de medidas austeras que poderiam fazer mais mal do que bem, ao alegar que o aumento da desigualdade social criada pelo neoliberalismo prejudica o nível e a sustentabilidade de crescimento de uma nação.

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Essas afirmações do FMI causaram grande impacto mundial, pois a organização se assemelha à ideologia neoliberal ao impor cortes orçamentários com gastos públicos aos países que efetuam empréstimos em seu programa de “Ajuste Estrutural”, visando ao retorno financeiro para seus credores. Afinal, se o próprio FMI critica o neoliberalismo, quem poderia ser a favor?

Para comprovar tal enunciado, de acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), da ONU, os países neoliberais da América Latina (que enfrentaram manifestações contra o neoliberalismo), como o Brasil e Argentina e, mais recentemente, o Equador e Chile, apresentaram insegurança econômica com uma baixa projeção de crescimento do PIB para 2019. O percentual do PIB para o Brasil é de 0.8% (que ocupa a 25a posição de crescimento econômico latino-americano) Equador, 0.2% e Argentina, -1.8%. O Haiti, por exemplo, país mais pobre da região, contará com 0.9%, posicionando-se acima desses países. Tendo em vista os intensos protestos no Chile atualmente, não há ainda um novo indicador de crescimento para o país.  

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Entretanto, a desigualdade social causada pela ideologia vem aumentando a passos largos. Para se ter uma ideia, no Brasil, a desigualdade de renda no primeiro trimestre de 2019 chegou ao maior patamar histórico, registrado desde a série de 2012, quando a população mais pobre sofreu uma queda de renda acumulada de 20%, enquanto os mais ricos obtiveram um aumento de 3.3%.

Assim, a volta do neoliberalismo na América Latina, comprovou sua fragilidade econômica e tem por inimigo o povo – seja por demandar direitos humanos, democráticos ou de sobrevivência. O fato é que por mais que haja distinções entre os países latino-americanos, como idioma, costumes e posições geopolíticas, o que os aproxima, agora, é o repúdio da população a um modelo político/econômico que aumenta o desemprego; diminui o poder de compra; reduz direitos trabalhistas e pensionistas e compromete a expansão e a qualidade do sistema de saúde e educação. 

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Isso se deve, de modo geral, ao endividamento público causado pela financeirização:  desregulamentação monetária e financeira, aliado a liberalização do mercado, privatizações de recursos naturais (principal atividade produtiva desses países) e diminuição de bens públicos destinados à população.

Não obstante as crises financeiras internacionais que o neoliberalismo já causou, como o Efeito Tequila, em 1994, no México, e as recessões econômicas na Ásia, em 1997, e nos Estados Unidos, em 2008, perpetua-se a defesa irracional da ideologia por quem afirma que o Deus Mercado é onipotente. 

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Assim sendo, diante do inexpressivo crescimento econômico e da galopante desigualdade social, o neoliberalismo na América Latina está perdendo sua legitimidade perante a população. Isso constata que não são apenas os governantes ou tecnocratas que se encaixam nesse paradoxo, mas, também, o eleitor – que pode sofrer de dissonância cognitiva, concepção errônea ou total desconhecimento das ideologias políticas – ao pedir melhorias públicas e eleger um governo neoliberal. 

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