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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Netanyahu: as mulheres são como os animais, mas com direitos. Farei uso do meu: animal é você! Seu infeliz!

'Em corpo e alma de mulher, se sou um animal e tenho direitos, que seja. Convém recorrer a eles para responder, movida por sentimento humano de justiça, como se deve. “Animal é você! Seu infeliz!”', escreve Denise Asis, do Jornalistas pela Democracia

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu
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Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia

Leio. Releio. Leio de novo:

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“A mulher não é um bicho que você pode bater, e se hoje nós defendemos que não se pode bater nos animais, se temos compaixão pelos animais, as mulheres são como os animais, as crianças são como os animais, mas com direitos”, explicou o chefe de governo israelense, um dos principais aliados internacionais do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, conforme publicado em alguns veículos e reproduzida pela Revista Fórum.

Preciso primeiro acreditar que, em 24 de novembro do ano de 2020 (DC), um chefe de Estado veio a público para dizer tal coisa.

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A esta altura, eu me pergunto: de que Olimpo este senhor pronunciou tal frase? A quantos metros de altura estava acima de mim? Ou melhor, o que leva um senhor – cujo objeto de potência que ele acredita ter lhe dado autoridade para dizer tal coisa, já deve repousar tranquilo entre as suas pernas, devidamente circuncidado, e sem querer muita atividade ou movimento -, a achar que sou um animal?

Outra pergunta surge obrigatória: que tipo de animal serei eu, em seu contexto? Neste momento, uma vaca ruminante, tentando processar no pensamento a fala do líder internacional… Sim, melhor a vaca, mascando tranquilamente pelo pasto, silenciosa e plácida… Nada de violência.

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Mas não. A temperatura corporal e a circulação sanguínea aumentam repentinamente e eis que me transformo em uma onça, enfurecida, disposta a, com uma pata de garras à mostra, lhe arranhar o rosto mundialmente conhecido, para deixar ali a marca do animal/mulher desrespeitado.

Em sua oratória canhestra, Netanyahu diz que eu tenho direitos. Então, melhor não transgredir, para não os perder. Em corpo e alma de mulher, se sou um animal e tenho direitos, que seja. Convém recorrer a eles para responder, movida por sentimento humano de justiça, como se deve. “Animal é você! Seu infeliz!”.

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Não, mas assim não é educado. Ele pode voltar atrás e achar que “as mulheres são como animais”, mas nelas “não se pode bater”, e ainda acrescentar: há exceções, porém. E com tipos aparentemente pacatos, mas com discursos violentos, não se deve abusar. Costumam ser vingativos. Melhor não. Neste caso, posso ser uma cadela e com o rabinho entre as pernas sair de cena, para deitar o meu pelo em outra freguesia. Acabrunhada, é certo, mas sonolenta e tranquila. Sem abrir questão.

Enquanto rumino, rapidamente algum assessor com um pouco mais de juízo, redigiu às pressas uma nota, tentando melhorar a imagem mundial do já pra lá de encrencado em processos mis de corrupção, Benjamin Netanyahu.

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“O primeiro-ministro Netanyahu falou do fundo do seu coração sobre os direitos das mulheres e contra qualquer tipo de violência contra elas. A comparação com os animais foi apenas “um simples exemplo sobre a questão do abuso, em um pequeno trecho de seu discurso, referindo-se ao fato de que qualquer tipo de crueldade é condenável, mas de forma alguma pretendendo compará-los com as mulheres”, argumenta o comunicado.

Em breve pesquisa sobre o que se passa ao redor do líder israelense, fica-se sabendo, por exemplo, em matéria publicada na RTP, em 13 de setembro de 2018: “David Keyes, porta-voz do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, foi acusado, por pelo menos 12 mulheres, de agressão sexual. O assessor, que nega as acusações, resolveu afastar-se temporariamente para “limpar” o seu nome.

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“À luz das falsas e enganosas acusações contra mim e para não desviar a atenção do importante trabalho do primeiro-ministro, pedi licença para limpar o meu nome”, afirmou Keyes em comunicado.

Não fica claro o tempo que durará a ausência – se serão apenas alguns dias ou se será um ponto final na colaboração de David Keyes no executivo de Benjamim Netanyahu.

O assessor da imprensa estrangeira de Benjamin Netanyahu afirma estar “totalmente confiante de que a verdade vai vir a lume”.

Pouco depois, o gabinete do primeiro-ministro divulgou uma declaração revelando que “aceitou o pedido de David Keyes para tirar uns dias de folga”.


A julgar pelo comunicado, pelo visto, Keyes está de volta ao cargo e orientando as falas do chefe novamente.

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