CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Ricardo Kotscho avatar

Ricardo Kotscho

Ricardo Kotscho é jornalista e integra o Jornalistas pela Democracia. Recebeu quatro vezes o Prêmio Esso de Jornalismo e é autor de vários livros.

330 artigos

blog

No governo da vingança, Bolsonaro parte para cima de generais e universidades

"Qual será o próximo alvo da vingança? Depois de implodir a Educação e a Cultura, a Saúde e o Meio Ambiente, o emprego e a renda dos trabalhadores, o que falta ainda?", questiona Ricardo Kotscho, do Jornalistas pela Democracia; "Bolsonaro já conseguiu esta proeza de autodestruição de um país, a Constituição que se cuide"

No governo da vingança, Bolsonaro parte para cima de generais e universidades
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho e para o Jornalistas pela Democracia

Ao tomar posse, Bolsonaro não tinha um programa de governo, mas uma lista de vinganças, como escrevi aqui dias atrás.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Em sua ofensiva mais ousada e temerária até agora, na terça-feira o capitão reformado partiu para cima dos generais que o expulsaram do Exército, por atos de indisciplina, quando era um desconhecido tenente de 33 anos.

Numa só tacada, logo cedo o presidente se colocou claramente ao lado de Olavo de Carvalho, o autoproclamado “ideólogo” da família Bolsonaro e, na hora do almoço, no QG do Exército, comunicou aos generais que vai cortar 44% do orçamento das Forças Armadas.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Para combater o “marxismo cultural”, outro alvo do seu programa de vingança, cortou 30% das verbas das universidades e institutos federais.

Pelo seu temido Twitter e com a Bic presidencial na mão, orientado pelos seus filhos tuiteiros e o escatológico guru, Bolsonaro mira nas instituições nacionais, uma a uma, para criar o caos.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Depois de asfixiar o IBGE e detonar o censo de 2020, o capitão reformado resolveu no mesmo dia decretar o fim do Estatuto do Desarmamento, que tinha sido aprovado por plebiscito.

Agora até jornalistas, advogados e caminhoneiros poderão andar armados pelas ruas neste faroeste de terra sem lei agora legalizado.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cercado de sorridentes cupinchas, fazendo arminha com os dedos no Palácio do Planalto, Bolsonaro reviveu os dias de glória da campanha eleitoral em que ameaçou “metralhar a petralhada” em comício no Acre.

Calou os generais, que agora respeitam obsequioso silencio, mas liberou o caçador de ursos da Virgínia para continuar ofendendo os militares em nome da “liberdade de expressão”.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

Se alguém ainda tinha dúvidas, Bolsonaro já deixou bem claro de que lado está, governando unicamente para os milicianos da internet.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Esta tropa de choque de seguidores fanáticos garantia-lhe 20% dos votos nas pesquisas presidenciais, antes da facada de Juiz de Fora e da cassação da candidatura de Lula pela “justiça da Lava Jato”, com o apoio do STF, do TSE e da mídia grande.

Se nada disso tivesse acontecido, Lula, que naquela altura tinha 40% nas pesquisas, poderia ter vencido no primeiro turno, e o país não passaria por tantos vexames e desatinos.

Nas próximas pesquisas de avaliação do governo, a seguir nesta marcha, Bolsonaro poderá voltar a ficar apenas com os mesmos 20% que o apoiavam antes da facada.

A aliança de ocasião com os mercadistas liberais de Paulo Guedes, que ajudou na eleição com recursos a granel, tem prazo de validade: a aprovação da reforma da Previdência.

A partir daí, sem a tutela dos generais e os compromissos com a turma de Guedes, o Brasil vai conhecer de fato o que é um governo alucinado de extrema direita, comandado por um ex-militar despreparado e tosco, que só quer se vingar de todo mundo, como aquele alemão enlouquecido de triste lembrança que botou fogo na civilizada Europa.

Da até pena de ver o jogral ensaiado pelos comentaristas globais e outros “especialistas” nos canais concorrentes da rede bolsonariana, tentando justificar os desvarios do capitão porque ele está apenas “cumprindo promessas de campanha”.

Esse é o problema: se ele cumprir todas as suas promessas, sem ninguém para impedi-lo, acaba o Brasil.

Qual será o próximo alvo da vingança? Depois de implodir a Educação e a Cultura, a Saúde e o Meio Ambiente, o emprego e a renda dos trabalhadores, o que falta ainda?

Se em pouco mais de quatro meses de governo, Bolsonaro já conseguiu esta proeza de autodestruição de um país, a Constituição que se cuide. Pode ser a próxima vítima.

Sem freios, nada impedirá o piloto do trem-fantasma de mandar Sergio Moro e outros notáveis juristas prepararem um novo texto constitucional para se adaptar aos seus desígnios.

Vida que segue.

(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO