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Pedro Maciel

Advogado, sócio da Maciel Neto Advocacia, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007

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Nossa elite é cafona

A elite nacional - que tem em seu currículo o apoio a todos os movimentos antidemocráticos de nossa História -, não se incomoda com os abusos ou com a relativização de direitos e garantias constitucionais, não são democratas. E essa elite, controla a classe política "cheirosinha", mas corrupta

(Foto: Reuters)
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"A elite brasileira é engraçada. Gosta de ser elite, de mostrar que é elite, de viver como elite, mas detesta ser chamada de elite, principalmente quando associada a alguma mazela social. Afinal, mazela social, para a elite, é coisa de pobre". (Antônio Lassance)

O meu mau-humor está de volta, por isso me desculpo antecipadamente com o leitor, mas não é possível vivermos tanta desigualdade. No país que mais exporta alimentos no mundo, milhões passam fome. 

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Chega a ser constrangedora a concentração de renda do país. O Brasil tem a 2ª maior concentração de renda do mundo, diz a ONU. O 1% mais rico concentra 28,3% da renda total do país, conforme ranking sobre o desenvolvimento humano. Nós “perdemos” apenas para o Catar em desigualdade de renda, onde 1% mais rico concentra 29% da renda.

Mas quem é responsável por isso? Acredito que a desigualdade no país é responsabilidade da nossa elite. 

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Mas o que é a elite? Muitas pessoas de classe média reconhecem-se como elite, mas não são.  São “elite” aqueles que têm capacidade de tomar decisões políticas ou econômicas, decisões que afetam todo o país.

Não é da elite quem tem bons salários, um patrimônio significativo ou um negócio rentável. São elite os banqueiros, os grandes industriais, as big oil que financiam guerras, as corporações de comunicação, e gente como Elon Musk, dono da Tesla, que confessou a participação no golpe na Bolívia que apeou Evo Morales do poder; esse senhor Musk disse que golpeará quem for necessário, e quantas vezes forem necessárias, para ter acesso às maiores reservas de lítio do mundo.

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A elite nacional - que tem em seu currículo o apoio a todos os movimentos antidemocráticos de nossa História -, não se incomoda com os abusos ou com a relativização de direitos e garantias constitucionais, não são democratas.

E essa elite, controla a classe política "cheirosinha", mas corrupta. 

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Com ela não é possível qualquer desenvolvimento duradouro, ela não tem projeto para o país, seu projeto é de acumulação; ela nunca aprendeu a conviver com o povo, sequer se reconhece como povo; não quer conhecer e compreender a beleza e grandeza do povo brasileiro. 

O Brasil tem uma elite saudosa das ditaduras e da escravidão; uma elite tão medíocre e tão burra que para ela "Bolsa Família" é uma revolução socialista e investimentos em políticas sociais são sinônimos de desperdício de dinheiro público. 

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Tanto é verdade que enquanto o capitalismo se modernizava no mundo todo, o Brasil dos séculos XVIII e XIX, seguia orientado por sua elite patrimonialista e, atrasado, sobrevivia da monocultura e do trabalho escravo, sem projeto de nação. 

O Estado Nacional brasileiro foi se construindo para a manutenção das desigualdades sociais e para a concentração de riqueza nas mãos de pouquíssimos, usando a repressão e os golpes. O país saiu da “corte”, do Segundo Reinado, para a “república dos coronéis” no século XX, tudo sem qualquer participação popular. 

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O povo nunca foi verdadeiramente preocupação dos governos até a eleição de Lula, quem colocou o povo no orçamento foi o presidente-metalúrgico.

Mas voltemos ao século XIX.Enquanto nossa elite escravocrata estava preocupada em acumular, e nossos governos garantiam isso, as mudanças no mundo aconteciam, transformações baseadas na descoberta de novas fontes de energia e nos avanços científicos e técnicos. 

Começava a segunda Revolução Industrial, cuja base foram duas novas fontes de energia: a eletricidade e o petróleo, mas o Brasil seguiu seu caminho medíocre determinado por sua elite: vender café e, durante quase todo o século XIX, a elite - com anuência do império -, manteve o lucrativo e odioso comércio de negros, sem nenhum peso na consciência. 

A escravidão foi mantida pela elite até 1888, quando ocorreu uma abolição tardia e, ressentida por não ter sido indenizada, tomou o poder do Imperador e entregou a um militar de pijamas, tudo sem participação popular.

Também no século XIX nos EUA ocorria fato, que considero de enorme relevância para compreender o caráter corrosivo da nossa elite. 

Para ocupar o oeste norte-americano por colonos de todas as partes do país e do mundo, o presidente Abraham Lincoln sancionou em 20 de maio de 1862 o Homestead Act (Lei da Fazenda Rural); era um programa destinado a conceder terras públicas a pequenos fazendeiros a baixo custo - a lei concedia 650 mil metros quadrados, a todo solicitante, desde que fosse chefe de família e tivesse 21 anos ou mais, e garantisse permanecer e trabalhar a terra por no mínimo cinco anos, pagando uma pequena taxa de administração.

No Brasil Lincoln seria chamado de comunista pela nossa elite canalha e pelos seus vassalos sem cérebro, sempre ciosos pela manutenção e ampliação de seus privilégios.

A primeira iniciativa em prol da reforma agrária no Brasil ocorreu em 1962 na presidência de João Goulart - 100 anos depois do Homestead Act -, e ele foi chamado de comunista pela elite nacional que, servil aos interesses internacionais, apoiou e financiou o golpe civil-militar de 1964. 

Há fatos que nos revelam de forma mais caricata o caráter e natureza da elite nacional. Num episódio uma milionária de férias no litoral, que mandou o cão para o veterinário de helicóptero, porque viu o cãozinho comer a marmita de seu segurança.

Há ainda a história de uma senhora que teria enviado seu cãozinho para o cabeleireiro de helicóptero e, em seguida, explicado aos jornalistas que o fez "porque o Rio é uma cidade muito violenta".

Temos uma elite saudosa dos tempos da nobreza e da realeza, uma elite consumista, ridícula, ignorante, colonizada, subserviente, babona, golpista, cafona, ignorante e entreguista. 

Por isso à elite, verdadeiro lixo não reciclável, desejo que mudem para a cafona Miami e submetam-se à política migratória, ao tratamento desumano e indigno que a América lhes oferecerá.

São essas as reflexões de hoje.

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