Nossa perigosa monotonia

Causa espanto constatar que cada um desses dias teve como característica mais evidente a revelação de novos crimes cometidos por Jair Messias e seu bando

Joias e Jair Bolsonaro
Joias e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução/TV Globo | REUTERS/Evelyn Hockstein)


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 Pois é: março já está na metade, o que significa que o terceiro mandato de Lula na presidência leva dois meses e meio.  

 Quem decidir espremer o que aconteceu nesse tempo vai colher um suco um tanto amargo: muitos movimentos concretos para dar início à longa, lenta e especialmente difícil reconstrução do país herdado do pior e mais abjeto presidente da história da República, é verdade.  

 Mas, ao mesmo tempo, uma saraivada perversa de obstáculos que desaba sem pausa sobre o presente e o futuro de todos nós.

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 Causa espanto constatar que cada um desses dias teve como característica mais evidente, embora não única, a revelação de novos percalços, novas barbaridades e novos crimes cometidos por Jair Messias, seu clã familiar e seu bando.  

 Há nisso tudo uma irritante repetição, uma perigosa monotonia.

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 Também se confirma de maneira cada vez mais concreta que ninguém, absolutamente ninguém, que fez parte de seu governo vale um tostão furado. Chama a atenção o fato de além de não valerem nada, todos e cada um deles, sem importar o cargo ou posto ocupado, eram e são de uma mediocridade assombrosa, mas nem por isso menos perigosa.

 Outra constatação: o vazio não apenas de governo, mas de tudo, permitiu que emergisse à superfície como dona de um poder olímpico uma figureta inexistente até quatro anos atrás, um mequetrefe que nasceu em Alagoas e atende pelo nome de Arthur Lira.

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 Se no passado apareceu apenas por acusações de envolvimento em corrupção primária e por ter sido acusado pela ex-mulher Julyenne Lins de tentar esganá-la, hoje em dia é dono de um poder praticamente sem limites. Jair Messias achou que estava comprando o tal Lira e seus sequazes. Não percebeu que estava entregando o governo sem nada em troca além de sua sobrevivência na poltrona presidencial.  

 Sim, sim, Lira deve seu poder imensurável ao desequilibrado Genocida, mas essa conta está sendo paga é por todos nós.  

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 Se foi absolvido pela justiça alagoana tanto da corrupção como da tentativa de esganar a então esposa, seus feitos de agora só poderão ser absolvidos pela Justiça divina, e isso para quem acredita nela – o que não é, nem de longe, o meu caso.  

 Espero alguma vez ver sua figura num tribunal daqui mesmo, dessa terra que ele ajuda a devastar.

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 Pois é assim que, no cenário do nosso cotidiano, muitos de nós tendemos a ver o Brasil como uma nau singrando mares procelosos sem conseguir encontrar o rumo certo para chegar a um bom porto.

 E como se as dificuldades de estabelecer um diálogo minimamente lúcido e racional com o Congresso – nunca é demais repetir que se trata dos piores e mais aberrantes parlamentares eleitos desde a redemocratização –, fossem pouca coisa, tem mais, muito mais.

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 Afinal, enfrentamos, dia sim e o outro também, a catarata de denúncias envolvendo Jair Messias, seu clã familiar e a quadrilha que se espalhou feito peste por todo o governo, com destaque para militares tanto da ativa quanto empijamados, em tudo que é tipo de crime e de desvio de função.  

 Não se trata apenas de reconstruir o país como um todo: essa reconstrução terá de se estender com especial atenção posta em determinados setores, entre eles as Forças Armadas.

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 Nem nos anos da ditadura houve tantos militares da ativa ou da reserva espalhados pelo governo. E nem naqueles anos de breu houve tanta absurda mediocridade envolvida em negociatas de botequim.  

 Pois é: o suposto sigilo de nossas declarações de renda foi violado, nossos passos foram monitorados pela Agência Brasileira de Inteligência, e ninguém sabe de nada, ninguém é responsável por nada.

 O chefe máximo da ABIN, general empijamado Augusto Heleno, cuja estatura moral e cuja integridade são comparáveis à sua estatura física, diz não ser responsável por nada.

 Pode ter razão. Responsável foi quem deu poder a ele.  

 A nós, cabe a espinhosa missão de termos paciência e colaborarmos da melhor maneira possível para enxotar essa ralé não para o esquecimento, mas para a geladeira da história.

 Que suas figuras permaneçam intactas para servir de exemplo de tudo aquilo que jamais possa voltar para o cenário político brasileiro.

 Quanto às figuras de Jair Messias e seu clã familiar, só há um destino: os tribunais, de onde saiam todos – todos! – rumo às barras de uma cela. E que lá permaneçam até apodrecer de vez.

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