CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Ricardo Kotscho avatar

Ricardo Kotscho

Ricardo Kotscho é jornalista e integra o Jornalistas pela Democracia. Recebeu quatro vezes o Prêmio Esso de Jornalismo e é autor de vários livros.

330 artigos

blog

Nossa teocracia miliciana: quem é o aiatolá? Bolsonaro ou Edir?

"Os evangélicos fundamentalistas neo pentecostais, antigamente chamados de “crentes”, já mandam mais no governo e no país do que os militares, de quem o presidente vem se afastando e vice-versa", pontua Ricardo Kotscho, do Jornalistas pela Democracia

(Foto: Alan Santos/PR)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho e para o Jornalistas pela Democracia

Teocracia (do grego Teo: Deus + cracia: poder) é o sistema de governo em que as ações políticas, jurídicas e policiais são submetidas às normas de algumas religiões. O poder teocrático pode ser exercido direta ou indiretamente pelos clérigos de uma religião (Wikipédia).

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Edir Macedo e sua turma tinham um projeto de poder e chegaram lá com Bolsonaro, antes do que eles poderiam imaginar.

Está tudo no livro do jornalista Gilberto Nascimento: “O reino: a história de Edir Macedo e uma radiografia da Igreja Universal” (Companhia das Letras), que acaba de ser lançado.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Os evangélicos fundamentalistas neo pentecostais, antigamente chamados de “crentes”, já mandam mais no governo e no país do que os militares, de quem o presidente vem se afastando e vice-versa.

São os exércitos dessas igrejas que estão recolhendo assinaturas para o novo partido do capitão-presidente, a Aliança pelo Brasil.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

No fim de semana, no Rio, centenas de ônibus vindos de todas as cidades fluminenses congestionaram o transito perto dos templos onde eram recolhidas assinaturas.

Resta saber quem é o verdadeiro aiatolá e quem é o laranja nessa teocracia miliciana instalada no Brasil.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Com o Congresso e o Executivo dominados, resta agora apenas conquistar o STF, para onde Bolsonaro já ameaçou mandar um “ministro terrivelmente evangélico”.

Para virar um aiatolá completo, só falta o capitão deixar crescer a barba. Edir já fez isso.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O culpado, claro, é o PT, que obrigou os eleitores a votar em Bolsonaro e alimentou o ódio silencioso dos “isentões”.

Elegeram um presidente ligado às milícias cariocas e a variadas igrejas, que quer transformar o Brasil num grande Irã, sob a inspiração do bispo Edir e da plêiade de templos que não param de brotar por todos os cantos do país.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Duas cartas de leitores publicadas hoje na Folha, sob o título Lobby de igrejas,  chamam a atenção para o fenômeno teocrático-miliciano.

“Interessante a posição das igrejas tentando eliminar a possibilidade de pagar impostos (“Igrejas fazem lobby com Bolsonaro para evitar taxas e desafiam plano de Gudes”, Mercado, 11/1). Vemos igrejas semeando templos luxuosos por todo o Brasil, sem que contribuam para o equilíbrio fiscal (…)” – Antonio Dilson Pereira (Curitiba, PR).

“Igrejas, templos, etc., sob o ponto de vista do Estado laico, são negócios e organizações como quaisquer outros. Tem que pagar conta de luz e imposto (…)” – Antonio de Oliveira (Vila Velha, ES).

Em apenas um ano de governo Bolsonaro, na prática, o Brasil deixou de ser um Estado laico, sem que tenha sido mudada a Constituição.

Impossível viajar para qualquer biboca desse país sem encontrar templos suntuosos ou mini-igrejas nas garagens dos pastores, muito mais do que botecos e farmácias.

Deve mesmo ser um bom negócio. Com as mais diferentes denominações, novas igrejas são abertas todos os dias e o país já nem sabe mais quantos pastores e bispos recebem dízimos do gado de fiéis bolsonaristas.

Essa contabilidade é secreta porque eles já estão isentos de pagar impostos e taxas como os simples mortais, e agora querem que o governo pague também suas contas de luz.

Juntando-se essas milícias clericais, às digitais e àquelas armadas até os dentes com licença para matar, chegamos cada vez mais perto do Irã e mais longe da civilização.

Acho que a maioria das pessoas ainda não se deu conta do perigo que estamos correndo nas mãos dessa gente ignara e belicosa, sem noção e sem limites, que está nos levando para o buraco.

Se, em algum momento, eles não forem barrados em sua ofensiva contra a democracia, nunca mais teremos eleições livres no Brasil pois a luta é muito desigual.

Basta dar uma navegada pelas redes sociais. Todos os dias recebo no Facebook pedidos para participar de “grupos sugeridos”, todos eles de bolsonaristas e moristas, em campanha permanente.

Veio convite até da “doutora Damares” e do Álvaro Dias. Seus seguidores são milhares, milhões, e se multiplicam como coelhos soltos no mato.

Os parâmetros legais do Estado de Direito estão indo para o espaço e todo mundo finge que tudo continua normal.

Leiam o livro do Gilberto Nascimento para ver como o “reino” se formou e aonde quer chegar.

Se alguém ainda tiver alguma dúvida, pode assistir também ao documentário “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, que mostra o golpe de 2016 por dentro.

A boa notícia é que hoje o filme da Petra foi indicado para o Oscar, o que já colocou o gado das milícias em polvorosa.

Vida que segue.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO