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Carla Teixeira

Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História Membro do Conselho Editorial da Revista Temporalidades - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

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Nosso nome é Gal

"Axé, Gal, vá em paz. Agradecemos por ter existido. Vamos sentir saudade por toda a vida", escreve Carla Teixeira

Gal Costa em apresentação em Vigo, na Espanha, em julho de 2006 (Foto: Miguel Vidal/Reuters)
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Por Carla Teixeira 

 “É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte!” - Divino Maravilhoso, Gal Costa

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Gal Costa passou para o eterno. Li algo do tipo no jornal e minha primeira reação foi a incredulidade. O que faremos sem Gal? Não podia ser! Sequer completamos 10 dias de alegria após a eleição de Lula na mais extraordinária vitória da classe trabalhadora brasileira e logo vem essa notícia devastadora. A vida é muito fugaz. Não é correto desejar a morte dos maus, mas parece dilacerante elaborar a perda dos bons.

 Maria da Graça Costa Penna Burgos, a Gracinha nascida em Salvador no ano de 1945, entrou para a história da música brasileira como Gal Costa. Dona de um timbre único, deu voz a incontáveis correntes artísticas desde a década de 1960. Resgatou canções populares dos anos 1930 e 1940, passou pela Bossa Nova, a Tropicália, o Rock’n’Roll até ritmos eletrônicos.

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 Lançou arranjadores, compositores e músicos numa vasta obra que dialoga e traduz os mais variados sentimentos humanos. A voz de Gal marcou emoções, ideias e momentos de milhões de pessoas que hoje lamentam sua ausência.

 Artista engajada e ousada, foi símbolo libertário desde a década de 1970. Abertamente contrária à ditadura militar e crítica dos costumes conservadores, aparecia em público de biquíni e tocava violão com as pernas abertas numa sensualidade despojada que provocava críticas e admiração. Filha de Obaluaê e Iansã, iniciada no Candomblé, frequentava o terreiro da Mãe Menininha do Gantois.

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 Em 1994, polemizou ao deixar seus seios aparecerem durante uma apresentação. Àquela altura, Gal já era a musa dos corações profanos, uma doce bárbara da contracultura brasileira. Apesar de nunca ter se afirmado feminista ou lésbica, sempre foi ícone desses movimentos por seu exemplo de mulher livre, dona do próprio corpo.

 Com o passar dos anos, foi trocando os agudos que lembravam Janis Joplin por tons mais graves e encontrou novas possibilidades musicais. Em mais de 50 anos de carreira, deixou uma contribuição monumental para a música brasileira em álbuns como Gal Costa (1968), Legal (1970), Fa-tal – Gal a todo vapor (1971), Doces Bárbaros (1976), Gal Tropical (1979), A Pele do Futuro (2019). Passou para o eterno na manhã deste 9 de novembro, intempestivamente, com uma agenda lotada de shows por fazer.

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 Durante o último período, criticou publicamente a regressão provocada pelo atual governo derrotado nas urnas e declarou apoio ao presidente eleito desde o primeiro momento. Suas últimas publicações no instagram foram selfies fazendo o L com a mão, em apoio a Lula.

 Se causa tristeza pensar que Gal Costa nos deixou neste momento de esperança para o país, é um alento considerar que ela contribuiu para tal estado de coisas. Gal tinha opinião e seu lugar sempre foi ao lado do povo brasileiro, contra as opressões e o conservadorismo.

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 Com o coração pegando fogo, celebremos Gal: hoje e sempre é dia de desfrutar da sua obra como forma de homenagem. Façamos como ela nos ensinou: “brilhar, brilhar, acontecer, brilhar: faca amolada”. Seu brilho, sua voz e exemplo libertário são eternos.

 Musa Deusa Inspiradora Divina Maravilhosa Fatal, o nome dela é Gal. O nosso nome é Gal. Axé, Gal, vá em paz. Agradecemos por ter existido. Vamos sentir saudade por toda a vida.

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