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Henrique Matthiesen

Bacharel em Direito

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O ajoelhar da Rede Globo

No dia 15 de março de 1994, dois anos após a agressão, o Jornal Nacional, por meio de seu ancora Cid Moreira, lê o que parecia impossível. A Rede Globo sendo punida por sua arrogância

No dia 15 de março de 1994, dois anos após a agressão, o Jornal Nacional, por meio de seu ancora Cid Moreira, lê o que parecia impossível. A Rede Globo sendo punida por sua arrogância (Foto: Henrique Matthiesen)
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O predomínio, a autoridade e o poder da Rede Globo sempre foram fatores incontestes na sociedade brasileira. Herança funesta da ditadura militar que consolidou a família Marinho como monopolista da opinião da sociedade brasileira.

Eleito inimigo dos interesses do império dos Marinhos, Leonel Brizola sofreu a mais vergonhosa campanha difamatória e desonesta que um homem público pode suportar. Até mesmo sua eleição ao governo do Estado do Rio de Janeiro em 1982 foi objeto de fraude por parte da Rede Globo e da empresa Pro-Consult.

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O ideário dos Marinhos retrata a alma cauíra de seu pensamento. Quando Brizola apresentou o projeto revolucionário dos CIEPs, idealizado por Darcy Ribeiro, cuja proposta era oferecer aos jovens uma escola em tempo integral unindo cultura e cidadania. A resposta fulminante do chefe do clã foi estarrecedora.

Disse Roberto Marinho: "Olha governador, se o senhor quer construir escolas, está muito bem. Mas não precisa disso tudo. Faça umas escolinhas... Pode até fazê-las bonitinhas, tipo uns chalezinhos...".

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Em decorrência da construção do Sambódromo, o qual a Rede Globo utilizando todo seu império de manipulação se opôs, Brizola declarou que por toda sabotagem que os Marinhos fizeram à passarela do samba, o então prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Marcello Alencar deveria negar a emissora a exclusividade da transmissão do carnaval.

Imbuído do chicote, a resposta de Roberto Marinho foi um editorial violentíssimo contra Leonel Brizola cujo título era "Para entender a fúria de Brizola", acusando-o de senilidade, e "declínio da saúde mental".

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Brizola pediu direito de resposta via judicial, e em uma decisão inédita, o Supremo Tribunal de Justiça concedeu o direito. Enfim o império iria se ajoelhar por suas iniqüidades.

No dia 15 de março de 1994, dois anos após a agressão, o Jornal Nacional, por meio de seu ancora Cid Moreira, lê o que parecia impossível. A Rede Globo sendo punida por sua arrogância.

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Disse Brizola no Jornal Nacional pela leitura de Cid Moreira:

"Todos sabem que eu, Leonel Brizola, só posso ocupar espaço na Globo quando amparado pela Justiça. Aqui, citam o meu nome para ser intrigado, desmerecido e achincalhado perante o povo brasileiro. Ontem, neste mesmo Jornal Nacional, a pretexto de citar o editorial de O Globo, fui acusado na minha honra e, pior, chamado de senil.

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Tenho 70 anos, 16 a menos que o meu difamador, Roberto Marinho. Se é esse o conceito que tem sobre os homens de cabelos brancos, que use para si. Não reconheço na Globo autoridade em matéria de liberdade de imprensa, e, basta, para isso, olhar a sua longa e cordial convivência com os regimes autoritários e com a ditadura que por 20 anos dominou o nosso país.

Todos sabem que critico, há muito tempo, a TV Globo, seu poder imperial e suas manipulações. Mas a ira da Globo, que se manifestou ontem, não tem nenhuma relação com posições éticas ou de princípio. É apenas o temor de perder negócio bilionário que para ela representa a transmissão do carnaval. Dinheiro, acima de tudo.

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Em 83, quando construí a Passarela, a Globo sabotou, boicotou, não quis transmitir e tentou inviabilizar, de todas as formas, o ponto alto do carnaval carioca. Também aí, não tem autoridade moral para questionar-me. E mais: reagi contra a Globo em defesa do Estado e do povo do Rio de Janeiro que, por duas vezes, contra a vontade da Globo, elegeu-me como seu representante maior. E isto é o que não perdoarão nunca.

Até mesmo a pesquisa mostrada ontem revela como tudo na Globo é tendencioso e manipulado.

Ninguém questiona o direito da Globo mostrar os problemas da cidade. Seria, antes, um dever para qualquer órgão de imprensa. Dever que a Globo jamais cumpriu quando se encontravam no Palácio Guanabara governantes de sua predileção. Quando ela diz que denuncia os maus administradores, deveria dizer, sim, que ataca e tenta desmoralizar os homens públicos que não se vergam diante de seu poder. Se eu tivesse pretensões eleitoreiras de que tentam me acusar não estaria, aqui, lutando contra um gigante como a Rede Globo. Faço-o porquê não cheguei aos 70 anos de idade para ser um acomodado.

Quando me insultam por minhas relações administrativas com o Governo Federal, ao qual faço oposição política, a Globo vê nisso bajulação e servilismo. É compreensível. Quem sempre viveu de concessões e favores do poder público não é capaz de ver nos outros senão os vícios que carrega em si mesmo.

Que o povo brasileiro faça seu julgamento, e, na sua consciência lúcida e honrada, separe os que são dignos e coerentes daqueles que sempre foram servis e gananciosos".

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