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O ajuste e a tempestade

Claramente, o posicionamento do PSDB é uma mostra de que o partido faz oposição por oposição, sem nenhum comprometimento ideológico com quaisquer eleitores

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O principal debate econômico no Brasil atualmente é sobre o ajuste fiscal. Desde o começo do segundo mandato de Dilma Rousseff, as relações entre o Planalto e o Congresso têm sido marcadas por uma obsessão por parte do governo de aprovar esse ajuste. O tema, no entanto, parece ser tratado com descaso e contradições por toda parte.

Durante o primeiro mandato de Dilma, quando Guido Mantega dava à condução da economia um caráter claramente keynesiano e desenvolvimentista, o governo apostou em desonerações e diminuições de impostos para que o empresariado alavancasse os investimentos e o país voltasse a crescer, reativando sua indústria. O resultado foi pífio, principalmente pelo fato de que os empresários não reverteram as desonerações em investimentos. Mas o mito da "gastança" do governo no passado não passa de um mito. Ao invés de gastar muito, o governo apenas arrecadou menos durante esse período.

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Durante as eleições, o debate econômico foi centrado na condução fiscal: enquanto Dilma defendia a continuidade da heterodoxia, Aécio Neves dizia que o Brasil teria que passar por um ajuste. Apesar de vencer as eleições, o PT viu-se derrotado no projeto econômico, o que ficou claro quando Joaquim Levy, economista neoliberal e ortodoxo, foi nomeado.

Estranhamente, no entanto, os parlamentares do PSDB, partido que antes era apoiador do ajuste fiscal, agora votaram contra ele. Claramente, o posicionamento é uma mostra de que o partido faz oposição por oposição, sem nenhum comprometimento ideológico com quaisquer eleitores. Muitos apoiadores de Aécio Neves culpam Dilma e Levy pelo seu "pacote de maldades", mesmo tendo votado nesse mesmo projeto. Enquanto isso, alguns militantes do PT agora defendem com unhas e dentes o projeto que antes rechaçaram.

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A questão é: o Brasil precisa agora de um ajuste fiscal? Muitos dizem que não, e que a necessidade de superávit é uma maneira antiquada de pensar a economia que compara o Estado com uma empresa, que não pode gastar mais do que ganha. Analisando os dados, sabe-se que a maioria dos países desenvolvidos obteve déficit nas contas públicas no último ano.

Mas é claro: a situação do Brasil se tornou grave nos últimos anos. O que Dilma Rousseff precisava fazer agora era sim uma mudança na condução fiscal, mas não nesses termos. Em vez de cortar gastos e fazer com que os trabalhadores paguem a conta, deveria progressivizar os impostos e gastar mais. Puxar investimentos, aumentar a renda da população, alavancar o PIB. Isso faria com que o Estado pudesse ter mais impostos sobre a renda e obter, assim, um superávit, sem arrocho e sem queda no crescimento. A esquerda ainda não conseguiu ainda uma fórmula de sair de crises sem apelar à velha fórmula dos economistas ortodoxos, e esses erros deixam marcas.

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Tenhamos consciência, no entanto, de que o governo vai sim insistir no ajuste fiscal. É sua última aposta. O capital político de Dilma se esvai a cada dia, na medida em que o Congresso mais conservador do período pós-redemocratização tem aprovado leis com o claro intuito de prejudicar a presidenta, sem o menor compromisso com o povo. Querer que Dilma seja fiel ao que propunha é legítimo, mas é importante saber que, no momento, ao pôr o governo contra a parede, estamos todos abrindo espaço para as forças que mais estão crescendo nos últimos meses, as forças que cada vez mais têm chances de emplacar um candidato à presidência em 2018: a dos conservadores. Isso é um desserviço a todos, e é por isso que a cautela é necessária. Torçamos para que o ajuste seja rápido e para que o Brasil possa voltar à sua rota de crescimento, dessa vez com mais desenvolvimento.

E que a tempestade passe.

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