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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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O ano em que o AI-5 ganhou as eleições

"A Nova República não foi derrotada por Jair Bolsonaro; foi derrotada por um esquema montado a partir de 2005 pelo Instituto Millenium do qual ele se beneficiou 13 anos depois. Foi quando esse conglomerado das maiores empresas de comunicação do país iniciou, por meio de milhares de blogs, nas redes sociais e vídeos no youtube a maior operação de destruição de valores democráticos já havida no Brasil", diz o colunista Alex Solnik

O ano em que o AI-5 ganhou as eleições (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
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Não tenho dúvida que este foi o pior dos últimos 50 anos pela simples razão de que o AI-5 voltou ao poder, agora pelo voto. Nada pode ser pior do que isso.

Não foi o PT o grande derrotado nessas eleições, nem as esquerdas; a derrota foi da Nova República.

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Quem está preso em Curitiba não é Lula, é a Nova República.

Ele é o único remanescente da redemocratização que tem votos e ainda é o maior líder popular do Brasil desde Getúlio.

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Fernando Henrique é apenas uma sombra do que foi. Serra está fora de combate. Os outros ou morreram ou perderam importância. Saíram de cena. Só Lula – e não o PT – tinha votos para garantir a continuidade do ciclo democrático.

A Nova República não foi derrotada por Jair Bolsonaro; foi derrotada por um esquema montado a partir de 2005 pelo Instituto Millenium do qual ele se beneficiou 13 anos depois. Foi quando esse conglomerado das maiores empresas de comunicação do país iniciou, por meio de milhares de blogs, nas redes sociais e vídeos no youtube a maior operação de destruição de valores democráticos já havida no Brasil. Pela primeira vez a extrema-direita abandonou suas velhas táticas dos tempos da Inquisição e começou a fazer o que o PT fazia antes. Além dos artigos, memes, posts etc etc fizeram parte da operação a fabricação e disseminação de objetos tais como camisetas, chaveiros, buttons, bonés, com mensagens que comparavam Che Guevara a Mickey Mouse, por exemplo.

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A extrema-direita deixou de ser sisuda para se tornar engraçadinha e assim se aproximou dos jovens. Não por acaso vimos a ascensão de uma geração de humoristas de direita, dos quais o representante mais icônico é Danilo Gentili.

A Nova República não percebeu que estava sendo demolida nas redes sociais então praticamente invisíveis.

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E dessa maneira a extrema-direita infectou as cabeças dos jovens com ideias absurdas, tais como "o nazismo é de esquerda" e "a direita é sinônimo de liberdade". As mensagens transmitidas por milhares de colunistas conhecidos e outros ocultos, e idiotas travestidos de "filósofos", como Olavo de Carvalho eram tão inverossímeis que não se imaginava que alguém acreditaria nelas. Mas centenas de milhares começaram a acreditar em bruxas e duendes e a infeccionar outras centenas de milhares.

O esquema não impediu Lula de se reeleger e de sair do segundo mandato com a maior aprovação da história – 83% - nem conseguiu barrar a eleição de Dilma, mas em seu terceiro ano de mandato, em 2013, promoveu a maior manifestação pública desde as Diretas Já.

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No calor dos acontecimentos, muita gente boa achou aquele protesto saudável, "do bem", sem perceber que era voltado contra o prefeito Fernando Haddad – que pretendia aumentar passagens de ônibus – e contra Dilma. Foi o primeiro protesto de massa contra a Nova República. A extrema-direita descobriu que podia colocar povo na rua.

A poderosa máquina de propaganda da extrema-direita não parou mais. Depois de transformar Guevara num dos maiores assassinos da história mundial, ela se ocupou em fazer o mesmo com Lula. Ao mesmo tempo em que xingava Dilma na abertura da Copa de 2014, confeccionava balões infláveis com a figura do Lula presidiário.

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Bolsonaro radicalizou ainda mais o discurso que a extrema-direita inaugurou em 2005 e intensificou e otimizou a sua divulgação por meios de comunicação nunca antes empregados no país. Importados diretamente das eleições americanas vencidas por Trump com a colaboração de Steve Bannon e da Cambridge Analytics e que consistiam em destruir os adversários com calúnias e difamações e impor suas ideias pela violência e por ameaças.

Não foi culpa de ninguém a vitória do AI-5 nas urnas. Bolsonaro levou no primeiro turno, quando venceu por 46% a 30%. Tirar essa diferença no segundo turno seria uma das 12 tarefas de Hércules.

É claro que eu não gostei das posições de Ciro Gomes e de Fernando Henrique, que lavaram as mãos no segundo turno, seria melhor a Nova República ficar unida diante do desastre iminente, mas é difícil acreditar que o resultado seria diferente se eles tivessem dado as mãos a Haddad: a diferença era muito grande, nem se todos os eleitores de Ciro votassem Haddad no segundo turno Bolsonaro seria derrotado. Ciro teve apenas 12,5% no primeiro. A diferença entre Bolsonaro e Haddad era de 16%. E por nenhum milagre todos os que votaram em Ciro votariam em Haddad.

Bolsonaro perdeu votos no segundo turno: de 46% caiu para 39%. E Haddad não cresceu quase nada: de 30% foi a 31%. Nem o PT nem Haddad tinham a força de Lula. Nem Ciro, nem FHC poderiam salvar Haddad. Somente Lula poderia, se não estivesse preso. (Mas se não estivesse preso seria ele o candidato.)

O enterro da Nova República está marcado para 1º. de janeiro, com honras militares e aplausos de pé a Sérgio Moro, pois se ele não tivesse mandado prender Lula a extrema-direita continuaria fora do poder.

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