O ardor da termodinâmica na economia
"Realmente, valores têm preço e o ardor de uma pimenta deve ser necessário para conter o leite derramado. O RS não pode ser apenas R$"
Na Folha de S. Paulo – sempre ela – as opiniões liberais são explícitas. São pródigas em criticar todo e qualquer investimento público, especialmente em educação, pois há interesses escusos por trás do jornalismo, haja vista a propaganda de instituições privadas que abundam em suas páginas, impressas e virtuais. Um exemplo foi quando tratou da greve nos Institutos e Universidades Federais, há um mês, dizendo que orçamentos dessas instituições são obscuros e ineficientes. A opinião da Folha é, portanto, cada vez mais direita: cheia de apitos de cachorro, sem a coragem de explicitar o que quer.
Comparar alhos com bugalhos no orçamento das Universidades e Institutos Federais não pode ser ignorância, é pura má fé. Onde ficam os hospitais universitários públicos dos demais países da OCDE, objeto de tal comparação? Quais são as políticas de inclusão mundo afora? Mais de dois anos de pandemia significaram alguma coisa no movimento sindical universitário? Se querem defender a privatização da educação, procurem não amarronzar o jornalismo. Ainda na linha dessa ‘economia fantasma’, também sabemos que há blindagem aos comentários feitos às publicações de Deirdre Nansen McCloskey, explícita defensora da extrema direita e de suas ramificações econômicas, mas é importante ressaltar que economia é a mais humana das ciências com viés matemático, buscando lógica onde só há sentimentos. O mercado está sempre nervoso, instável, animado e demais conotações comportamentais.
Atrelar princípios termodinâmicos à economia, como ela fez, ou é má fé ou delírio. Sim, ela avocou as leis da termodinâmica em “Falando economês” (14/5) para defender que a economia é baseada em simples continha de adição e subtração. A natureza busca o equilíbrio em todos os processos, bem diferente da natureza acumuladora do capital. Por fim, fazem a grita quando Lula escolhe o ministro gaúcho Paulo Pimenta para o comando da Secretaria Extraordinária para o enfrentamento da crise no Rio Grande do Sul. Queriam o quê? Se fosse de outro estado, seria um escândalo. Por outro lado, Eduardo Leite reclama das doações que impactarão no comércio local (!!) e faz-se o silêncio. Realmente, valores têm preço e o ardor de uma pimenta deve ser necessário para conter o leite derramado. O RS não pode ser apenas R$.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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